Trump se compara a ativista morto na Rússia devido a problemas jurídicos e evita criticar Putin
Republicano disse que o que aconteceu ao opositor russo também "está acontecendo" nos EUA; omissão de condenação ao Kremlin foi criticado por Biden: "escandaloso"
O ex-presidente Donald Trump se comparou mais uma vez ao líder da oposição russa Alexei Navalny, que morreu aos 47 anos na última sexta-feira. Em entrevista na Carolina do Sul, na terça-feira, Trump relacionou diretamente um julgamento de fraude civil contra ele ao caso do ativista, recusando-se também a criticar Vladmir Putin. O republicano abordou a morte de Navalny na segunda-feira, quando fez o primeiro paralelo entre os casos.
Na metade do programa, a apresentadora Laura Ingraham, da Fox News, perguntou a Trump como ele conseguiria pagar a multa de US$ 355 milhões emitida por um juiz de Nova York na semana passada.
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— É uma forma de Navalny — disse Trump. — É uma forma de comunismo ou fascismo.
A observação foi feita após uma longa discussão na qual Trump continuou sugerindo que suas dificuldades legais eram, de alguma forma, equivalentes às de Navalny, um opositor ferrenho do presidente russo, Vladimir Putin, que foi perseguido politicamente e preso por acusações que, segundo seus apoiadores, foram forjadas em uma tentativa de silenciá-lo.
Trump não abordou especificamente a morte de Navalny até segunda-feira, quando postou na Truth Social que a situação lembrava seus problemas jurídicos: "A repentina morte de Alexei Navalny me fez ficar cada vez mais ciente do que está acontecendo em nosso país. É uma progressão lenta e constante, com políticos, promotores e juízes corruptos e radicalmente à esquerda nos conduzindo por um caminho de destruição." O ex-presidente enfrenta quatro processos criminais, todos os quais ele atribui ao presidente Joe Biden, embora o atual líder americano não tenha supervisão sobre eles.
Durante a conversa, Ingraham pediu a Trump que falasse mais sobre esses comentários. O ex-presidente elogiou Navalny por sua coragem, chamando sua morte de “muito triste” e dizendo que o ativista “era um cara muito corajoso”. Ele também expressou sua convicção de que Navalny — que retornou à Rússia em 2021 vindo da Alemanha, onde estava se recuperando de um envenenamento — teria servido melhor se “ficasse longe e falasse de fora do país”.
Mas Trump disse então que o que aconteceu com Navalny estava acontecendo “no nosso país também” e que os Estados Unidos estão se "transformando em um país comunista em muitos aspectos". Em seguida, ele mencionou suas quatro acusações, que disse serem “todas devido ao fato de eu estar na política”.
Ingraham então perguntou ao republicano se ele se considerava um “prisioneiro político em potencial”. Trump, que afirmou repetidamente, sem provas, que os processos criminais contra ele fazem parte de uma conspiração para impedi-lo de conquistar um segundo mandato, pareceu confirmá-la.
— Se eu estivesse perdendo nas pesquisas, eles nem estariam falando de mim — disse Trump.
Além do caso de fraude civil em Nova York, Trump enfrenta 91 acusações criminais, incluindo acusações relacionadas à suposta interferência eleitoral na eleição de 2020, que ele perdeu para Joe Biden. Ele têm usado os casos na Justiça como palanque, alegando que os processos judiciais são "apenas uma forma de me prejudicar na eleição".
"Escandaloso"
Trump não criticou Putin, que atraiu condenação generalizada e especulações de autoridades, incluindo Biden, de que ele ou o governo russo podem ter tido participação da morte de Navalny. O posicionamento do republicano foi descrito por Biden como "escandaloso": "Ele está nos arrastando de volta ao passado, não está nos levando para o futuro. Estamos do lado da verdade e vamos derrotá-lo", disse.
Durante a entrevista, Trump também elogiou as forças armadas russas, que estão invadindo a Ucrânia, por sua coragem:
— Você está realmente enfrentando a máquina de guerra na Rússia — disse Trump. — O que a Rússia fez? Eles derrotaram Hitler, derrotaram Napoleão. Sim, eles são uma máquina de guerra.
Trump se opôs ao fornecimento de mais ajuda militar à Ucrânia e prometeu acabar com a guerra se for eleito presidente, embora seja vago quanto aos detalhes, além de citar a sua relação com Putin.
No início deste mês, ele ajudou a derrubar um projeto de lei bipartidário que teria enviado bilhões de dólares em ajuda militar a Kiev, depois de dizer aos republicanos do Congresso para votarem contra a legislação. Recentemente, ele também surpreendeu os aliados ocidentais ao dizer que "incentivaria" a Rússia a atacar os membros da aliança militar da Otam que não tivessem cumprido suas obrigações financeiras.
Quando questionado por Ingraham sobre sua oposição ao apoio à Ucrânia, Trump insistiu novamente que a invasão não teria acontecido se ele tivesse vencido a reeleição em 2020, afirmando depois que encorajaria os líderes europeus a fornecerem mais ajuda à Ucrânia.