Trump se recusa a aceitar derrota, mas vitória ampla de Biden reduz opções do republicano
Atual presidente insiste, sem citar fontes, que houve fraude eleitoral
Após o anúncio da vitória de Joe Biden como presidente eleito dos EUA, Donald Trump se recusa a aceitar a derrota. Projeções da imprensa americana mostram que Biden já tem votos suficientes no Colégio Eleitoral para ser eleito presidente, o que tornaria impossível uma reviravolta republicana. Mas a campanha de Trump insiste que houve fraude nas eleições e quer resolver a questão na Justiça.
Enquanto os democratas celebravam o anúncio, o presidente jogava golfe em um campo na Virgínia. Em um comunicado, ele disse: "Esta eleição está longe de acabar".
Pouco após a confirmação da vitória ser divulgada, Rudy Giuliani e outros advogados de Trump vieram a público dizer que o presidente não assumiria a
derrota e questionaram a validade de mais de 600 mil cédulas de votação na Pensilvânia, estado que chancelou a vitória democrata.
Segundo a equipe de Trump, os votos em xeque não foram inspecionados por observadores do Partido Republicano. Giuliani disse que os casos suspeitos são de cédulas que vieram pelo correio, ecoando a narrativa de Trump -sem evidências- segundo a qual os votos nessa modalidade são "ilegais" e fazem parte de um golpe do Partido Democrata.
"Temos muitas testemunhas. Não são casos pequenos", disse Giuliani, acrescentando que recebeu denúncias também de outros estados, como Geórgia e Michigan.
Segundo Giuliani, o Partido Republicano deve continuar a enxurrada de questionamentos na Justiça na segunda-feira (9). O presidente já vinha ensaiando essa estratégia há semanas, sugerindo que Biden só venceria se roubasse. Trump disse e repetiu que o voto por correio, que estatisticamente vinha favorecendo seu rival, era irregular e pouco confiável. "Isso é uma fraude enorme. É uma vergonha para o nosso país. Francamente, nós ganhamos esta eleição", declarou na quarta, na Casa Branca.
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Especialistas têm afirmado há meses que o voto por correio tem índices baixíssimos de irregularidade. Mesmo antes da pandemia da Covid-19, aliás, americanos já votavam a distância.
Apesar das ações jurídicas uma reviravolta de Trump é considerada pouco provável. Biden caminha para uma vitória ampla, com a conquista de vários estados-chave na disputa. Assim, o republicano teria de conseguir reverter o resultado de diversas apurações. E a demora em alguns estados para confirmar os números são também um sinal de que a contagem está sendo feita de forma cuidadosa, de modo a evitar questionamentos futuros.
Em 2000, quando a eleição acabou na Justiça, o resultado dependia dos votos no estado da Florida.
Em outro sinal das dificuldades para Trump, diversos líderes mundiais já reconheceram a vitória de Biden, como Boris Johnson (Reino Unido), Angela Merkel (Alemanha) e Justin Trudeau (Canadá).
A recusa de Trump em assumir a derrota vai contra a tradição da democracia americana, no qual os candidatos que perdem nas urnas costumam vir a público e dizer que reconhecem a vitória do rival, antes do novo presidente fazer seu discurso da vitória.
Biden deve fazer um discurso após às 20h deste sábado (22h em Brasília), e poderá se declarar vencedor mesmo sem a concessão do rival. O Colégio Eleitoral se reune em 14 de dezembro para realizar a votação oficial dos delegados, e aclamar oficialmente o novo presidente dos EUA. Assim, Trump teria mais algumas semanas para tentar reverter o resultado. Seu mandato como presidente expira no dia 20 de janeiro, ao meio-dia.