Trump se torna o primeiro presidente dos EUA indiciado pela Justiça
Uma vez indiciado, Trump terá que comparecer ao tribunal de Manhattan para que um juiz o notifique sobre a acusação
Um grande júri de um tribunal de Nova York votou a favor de acusar Donald Trump criminalmente pelo pagamento para comprar o silêncio de uma atriz pornô em 2016. Assim, ele se tornará o primeiro presidente ou ex-presidente dos Estados Unidos a ser indiciado, informou a imprensa americana nesta quinta-feira (30).
O ex-presidente americano, que pretende concorrer novamente à Casa Branca em 2024, será provavelmente indiciado nos próximos dias pela Justiça estadual de Nova York pelo pagamento de 130 mil dólares à atriz e diretora de filmes pornô Stormy Daniels, garantiram meios como New York Times e CNN, citando fontes próximas ao caso.
"Isto é uma perseguição política e uma interferência no nível mais alto da história em uma eleição", afirmou, em comunicado, o 45º presidente dos Estados Unidos, que acusa os "democratas radicais de esquerda" de "caça às bruxas para destruir o movimento Make America Great Again" (MAGA), que ele representa.
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O magnata de 76 anos classifica o promotor federal do distrito de Manhattan, Alvin Bragg, responsável por seu caso, de "desgraça" e o acusa de fazer "o trabalho sujo" do presidente Joe Biden, cuja vitória nas eleições de 2020 ele nunca reconheceu.
Também se manifestou nesse mesmo sentido seu filho Eric Trump, que considera o indiciamento de seu pai como "uma péssima práxis processual do terceiro mundo" e um "objetivo oportunista contra um oponente político em um ano de campanha".
Esta seria a primeira vez na história dos EUA que alguém que ocupa ou ocupou a chefia de Estado teria que se sentar no banco dos réus.
"Ninguém está acima da lei", disse Clark Brewster, advogado da atriz pornô Stormy Daniels, que garante ter mantido uma relação extraconjugal com Donald Trump, o que ele sempre negou.
Rumores sobre um possível indiciamento do republicano, que já havia iniciado sua campanha para as primárias do partido, circulavam na imprensa desde o início de março.
Contudo, em 18 de março, o candidato conseguiu atrair toda a atenção para si ao afirmar, em sua plataforma Truth Social, que seria "detido" na terça-feira e teria que comparecer diante de um juiz três dias depois. Porém, nada disso aconteceu.
A imprensa americana informou nessa quarta-feira (29) que o grande júri que analisa as provas contra Donald Trump tinha previsto suspender as audiências nas próximas semanas por causa das férias escolares e de outras festividades religiosas, por isso que, antes do fim de abril, não se esperava a decisão que veio à tona nesta quinta-feira.
Fotografia e impressões digitais
O grande júri tinha que se pronunciar a favor ou contra o indiciamento do ex-presidente.
Uma vez indiciado, Trump terá que comparecer ao tribunal de Manhattan para que um juiz o notifique sobre a acusação, ficando brevemente "sob custódia" para ser fotografado e passar pela coleta de impressões digitais. Em seguida, teria que se declarar culpado ou inocente das acusações pelas quais foi investigado.
A Justiça nova-iorquina tenta esclarecer se Trump é culpado de declaração falsa, uma infração, ou de violar a lei sobre financiamento eleitoral, um delito penal.
O então advogado de Trump e agora inimigo Michael Cohen, que foi ouvido pelo grande júri de Manhattan, contou que ficou encarregado de fazer o pagamento a Stormy Daniels em nome de seu antigo chefe, que depois o reembolsou.
Se o pagamento não tivesse sido devidamente acreditado, poderia resultar em um delito menor por falsificação contábil. Contudo, também existe a possibilidade de violação da lei de financiamento da campanha eleitoral, um crime punido com quatro anos de prisão.
Segundo especialistas em direito, não será fácil comprovar essas acusações em um tribunal, por isso não há nenhuma certeza de que o ex-presidente possa ser condenado à prisão.
Uma eventual condenação pela Justiça estadual de Nova York não o impediria de se candidatar legalmente à Presidência dos Estados Unidos, segundo o professor de direito John Coffee. Contudo, isso "teria um efeito estigmatizante", acrescentou.
O magnata é alvo de diversas investigações penais, tanto a nível estadual quanto federal, por supostas irregularidades que poderiam ameaçar sua nova corrida pela Casa Branca, entre as quais estão as tentativas de reverter sua derrota na eleição de 2020 no estado da Geórgia.