Trump será julgado a partir de março em NY por caso de suborno à atriz pornô
Apesar de enfrentar 91 acusações criminais, pesquisas ainda colocam o ex-presidente como favorito em um possível confronto contra o atual presidente Joe Biden nas próximas eleições
Donald Trump será o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar um julgamento criminal, a partir de 25 de março, por um caso de pagamentos para comprar o silêncio de uma atriz pornô, anunciou nesta quinta-feira (15) um juiz de Nova York.
A decisão, que confirmou a data de início do julgamento, chega em plena campanha eleitoral do bilionário republicano de 77 anos para retornar à Casa Branca.
"Há muitos aspectos a considerar", afirmou o juiz do caso, Juan Merchan, ao rejeitar os pedidos da defesa de Trump para adiar o início do julgamento, que começará com a seleção do júri a partir de 25 de março.
O caso "nunca teria sido apresentado" se eu não estivesse "me candidatando" à presidência, declarou Trump em sua rede social Truth Social antes da audiência no Tribunal de Distrito de Manhattan, onde chegou pouco antes das 9h locais (11h em Brasília).
Até agora, os diversos casos judiciais enfrentados pelo ex-presidente - sobre os quais pesam 91 acusações criminais - não minaram sua popularidade, e as pesquisas o colocam como favorito em um possível confronto contra o atual presidente Joe Biden em novembro.
Pagamentos à atriz Stormy Daniels
O magnata é indiciado por 34 acusações relacionadas ao pagamento, em 2016, de 130.000 dólares (453 mil reais à época) à estrela de filmes adultos Stormy Daniels, cujo nome real é Stephanie Clifford, para que ela guardasse silêncio sobre uma suposta relação extraconjugal que remonta a 2006 e que o político sempre negou.
Os pagamentos em si não são ilegais, mas Trump os registrou como "honorários legais" nas contas de sua empresa, a Trump Organization.
Além disso, de acordo com documentos judiciais, o magnata comprou o silêncio de terceiros pelo menos mais duas vezes. Ele pagou 30.000 dólares (149 mil reais) a um porteiro da Trump Tower que afirmava ter informações sobre um filho do magnata fruto de uma relação extraconjugal, e outros 150.000 (745 mil reais) a uma mulher que afirmava ter tido um caso com o ex-presidente.
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Trump se declarou inocente das acusações em 4 de abril do ano passado e se considera vítima de uma "caça às bruxas" para impedir seu retorno à Casa Branca.
O bilionário não tem economizado críticas ao juiz Merchan, que já instruiu em 2022 outro caso contra a empresa familiar por fraude fiscal.
"Ele ME ODEIA", disse em sua plataforma Truth Social.
Os especialistas não acreditam que seja fácil para a promotoria provar as acusações contra o ex-presidente, então é incerto que ele possa ser condenado à prisão.
Montanha-russa judicial
Seus advogados também o representarão nesta quinta-feira em Atlanta, Geórgia, onde Trump foi acusado de conspirar para interferir na eleição de 2020, na qual foi derrotado por Biden.
A audiência busca desqualificar a promotora Fani Willis por um suposto relacionamento com outro promotor e pedir o arquivamento das acusações contra o ex-presidente.
Na sexta-feira está previsto o anúncio da multa que será imposta pelo juiz Arthur F. Engoron, que instruiu outro caso de fraude fiscal, e que poderia chegar a 370 milhões de dólares (1,8 bilhão de reais) conforme requerido pela promotoria, valor que se somaria aos mais de 80 milhões (397 milhões de reais) que ele foi recentemente condenado a pagar por difamar uma escritora que o acusou de estupro nos anos 90.
E Trump enfrenta outro possível julgamento em Washington. Este processo na Justiça Federal deveria começar em 4 de março, mas foi adiado para avaliar a eventual imunidade penal do ex-presidente neste caso em que ele é acusado de conspiração para reverter os resultados da eleição de 2020.