Túmulo do pai de Bashar al-Assad é incendiado por rebeldes na Síria; veja
Hafez al-Assad governou com mão de ferro de 1971 até sua morte, em 2000
Rebeldes sírios incendiaram nesta quarta-feira o túmulo do falecido pai do presidente deposto Bashar al-Assad, Hafez (1930-2000), na cidade natal da família, Qardaha. Vídeos registrados pela AFP mostraram homens armados em uniformes militares cantando enquanto caminhavam ao redor do túmulo em chamas.
A vasta estrutura elevada no topo de uma colina possui um design arquitetônico intricado, com vários arcos, e seu exterior decorado com ornamentação gravada em pedra. O mausoléu também abriga os túmulos de outros membros da família Assad, incluindo o irmão de Bashar, Bassel, que deveria herdar o poder caso não tivesse morrido num acidente de carro em 1994.
BREAKING:
— Suppressed News. (@SuppressedNws) December 11, 2024
New footage emerged showing the destruction and burning of Hafez Al-Assad’s grave in Syria by Syrian “rebels.” pic.twitter.com/i37gX6dlHV
Os insurgentes, liderados pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), varreram a Síria em uma ofensiva surpreendente que derrubou o regime de 54 anos da dinastia Assad. Bashar fugiu para a Rússia, onde ele e sua família receberam asilo, e estátuas e cartazes dele e de seu pai foram derrubados por todo o país, que celebrou o fim do governo.
Leia também
• Rússia quer ver a situação da Síria estabilizada 'o mais rápido possível'
• Khamenei afirma que a queda de Assad na Síria não enfraquecerá o Irã
• Armas químicas, frota naval: Entenda as ações militares de Israel na Síria após queda de Assad
Em 2011, no início da guerra civil síria, Assad reprimiu brutalmente um levante pacífico pró-democracia, desencadeando uma guerra civil que deixou mais de meio milhão de pessoas mortas e forçou outras 12 milhões a deixarem suas casas. O regime recorreu a armas químicas, bombas de barril e à fome para forçar os sírios à submissão.
Hafez al-Assad, por sua vez, também governou a Síria com mão de ferro de 1971 até sua morte em 2000, quando o poder foi transferido para seu filho. Ele nasceu e foi criado em uma família alauíta, uma ramificação do islã xiita e uma minoria religiosa no país. Muitos aluítas (cerca de 10% da população síria) foram apoiadores fervorosos dos Assad durante o longo período da família no poder. Agora, alguns temem que possam ser alvos dos rebeldes vitoriosos, publicou a BBC.
Na segunda-feira, uma delegação rebelde com membros do HTS e outro grupo muçulmano sunita, o Exército Sírio Livre, se reuniu com os anciãos de Qardaha e obteve seu apoio, segundo a agência de notícias Reuters. A delegação rebelde assinou um documento, que, de acordo com a agência, enfatizou a diversidade religiosa e cultural da Síria.
O líder do HTS, Abu Mohammed al-Jawlani, é um ex-jihadista que cortou laços com a al-Qaeda em 2016. Recentemente, ele buscou modernizar a sua imagem pública e disse desejar promover a tolerância para diferentes grupos religiosos e comunidades. Não está claro, porém, até que ponto a transformação de al-Jawlani é genuína e se seus apelos à moderação são projetados para acalmar outros sírios e o Ocidente.
O enviado da ONU para a Síria afirmou que os rebeldes devem transformar suas “boas mensagens” em prática no terreno. E o secretário de Estado dos EUA disse que Washington reconheceria e apoiaria totalmente um futuro governo sírio, desde que ele surgisse de um processo credível e inclusivo que respeitasse as minorias.
O HTS nomeou um governo de transição liderado por Mohammed al-Bashir, o ex-chefe da administração rebelde no noroeste, até março de 2025. Bashir presidiu uma reunião em Damasco na terça-feira, que contou com a presença de membros de seu novo governo e de ministros do antigo gabinete de Assad para discutir a transferência de pastas e instituições. (Com AFP, Bloomberg e New York Times)