Túnel secreto, cinema, 132 quartos e piscinas: conheça a Casa Branca, nova residência de Trump
Lar de todos os chefes de Estado do país desde 1800, a imponente mansão ainda conta com seis andares, 35 banheiros e rede subterrânea que conecta alas a abrigos antibombas
A partir desta segunda-feira, quando o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tomar posse para o seu segundo mandato, a Casa Branca voltará a ser seu lar pelos próximos quatros anos.
Residência de todos os chefes de Estado do país desde meados de 1800, a imponente mansão conta com seis andares, 132 quartos, 35 banheiros e duas piscinas, além da sala de cinema e uma rede de túneis subterrâneos que conecta diferentes alas do prédio e dão acesso a abrigos antibombas.
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Localizada em Washington, no Distrito de Columbia, a área onde hoje fica a Casa Branca foi escolhida em 1791 pelo primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington (1789-1797).
Para definir o projeto da residência, nove concorrentes disputaram em um concurso nacional onde apresentaram suas ideias para o que viria a ser uma das mansões mais famosas do mundo. O arquiteto irlandês James Hoban terminou vencendo a disputa, tornando-se o responsável pelo projeto original, que levou oito anos para ser construído.
A entrega sacramentou a transferência da capital da Filadélfia, na Pensilvânia, para D.C. No entanto, em 1814, durante a Guerra Anglo-Americana, os britânicos atearam fogo na residência, destruindo seu interior e danificando grande parte do exterior.
Além de Hoban, o arquiteto britânico Benjamin Henry Latrobe, responsável pelo desenho do Capitólio dos EUA, também foi convocado para trabalhar na reconstrução da Casa Branca. Ao longo da década seguinte, a mansão foi expandida, ganhando os chamados Pórtico Norte e Pórtico Sul.
Desde então, a residência oficial passou por algumas grandes renovações. As primeiras foram feitas em 1902, durante o governo de Theodore Roosevelt (1901-1909), que também batizou a residência como Casa Branca.
O famoso Salão Oval, escritório onde o presidente se reúne com seu Gabinete, foi criado em 1909, sob a Presidência de William Taft (1909-1913), durante uma ampliação da Ala Oeste. Anos após a primeira reforma, porém, problemas estruturais foram descobertos, levando Harry Truman (1945-1953) a promover outra renovação em 1948.
Hoje, o complexo da Casa Branca inclui, além da residência do presidente, a Ala Oeste, a Ala Leste, o Edifício de Escritórios Executivos Eisenhower, que antes abrigava o Departamento de Estado mas hoje acomoda os gabinetes da equipe do presidente e do vice, e a Blair House, uma casa de hóspedes. A primeira piscina do local foi instalada em 1933 pelo presidente Franklin Roosevelt (1933-1945), que sofria de poliomielite e fazia terapia na água. Em 1975, o presidente Gerald Ford (1974-1977), apaixonado por natação, construiu a piscina externa.
A sala de cinema foi um pedido do presidente Richard Nixon (1969-1974) com a proposta de acomodar jornalistas durante coletivas de imprensa. Com portas abertas para o Rose Garden, o local permite que os profissionais da mídia consigam acessar eventos externos.
A rede de túneis subterrâneos começou a ser construída durante a segunda reforma, em 1950. Inicialmente, o objetivo era conectar a Ala Oeste à leste e dar acesso a um bunker, conhecido como Centro de Operações de Emergência Presidencial (PEOC, na sigla em inglês), que protegeria o presidente de um eventual ataque nuclear.
Em 1987, durante o governo Reagan, outro túnel secreto foi feito para proteger o chefe de Estado em caso de um ataque terrorista. A nova construção permite o acesso a uma escada secreta do lado de fora do Salão Oval, com uma passagem que leva a um armário próximo do elevador privativo do presidente.
Há, ainda, um túnel que conecta a Ala Leste ao porão do Departamento do Tesouro, onde Franklin Roosevelt também construiu um abrigo antiaéreo.
Existem rumores de que túneis conectam a Casa Branca ao Capitólio, à Blair House, à residência do vice-presidente, ao Pentágono e até mesmo a Camp David, casa de campo do presidente localizada em Maryland, a 112 km da Casa Branca, mas nunca foram comprovados.
Trabalho escravo
Em 2020, a Associação Histórica da Casa Branca lançou o projeto “Escravidão na vizinhança do presidente”, um esforço para divulgar o papel que as pessoas escravizadas desempenharam no estabelecimento e manutenção do endereço mais simbólico do país.
Até aquele ano, publicou o Washington Post, historiadores tinham conseguido vincular os nomes de ao menos 307 escravizados — entre homens, mulheres e crianças — à construção e ao funcionamento da Casa Branca, começando em 1792 e se estendendo até a primeira metade do século XIX.
Dos homens que extraíram a pedra, assentaram os tijolos e construíram a mansão executiva, apenas seus primeiros nomes são conhecidos. Estão listados no índice do projeto os nomes das pessoas escravizadas que serviram nas residências presidenciais de George Washington, Thomas Jefferson, James Madison, James Monroe, John Quincy Adams, Andrew Jackson, Martin Van Buren, John Tyler, James K. Polk e, finalmente, Zachary Taylor (1849-1950), o último presidente conhecido por ter tido pessoas escravizadas trabalhando em sua Casa Branca.
O projeto da Associação Histórica da Casa Branca foi inspirado em parte por um discurso que a então primeira-dama Michelle Obama deu na Convenção Nacional Democrata de 2016, onde disse: “Eu acordo todas as manhãs em uma casa que foi construída por escravos”.
A declaração chocou americanos que não conheciam a história da escravidão na Casa Branca — e fez o site da associação cair devido ao grande número de visitantes que buscaram mais informações sobre este passado.
A Casa Branca, que também serve como um museu da história dos Estados Unidos, é aberta à visitações do público desde o governo de Thomas Jefferson (1801-1809).