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Turquia anuncia ataques aéreos na Síria e Iraque após atentado em Istambul

O ministério turco da Defesa informou que os bombardeios tiveram como alvos as posições do Partido dos Trabalhadores do Curdistão

Um dos presos pelo atentadoUm dos presos pelo atentado - Foto: Nikolay Doychinov/AFP

A Turquia anunciou, neste domingo (20), ataques aéreos contra bases curdas nos norte da Síria e do Iraque que, segundo Ancara, foram usadas para executar atentados "terroristas" em seu território.

A ofensiva, que recebeu o nome "Operação Garra-Espada", acontece após a explosão de domingo passado no centro de Istambul que matou seis pessoas e deixou 81 feridas, um atentado que a Turquia atribuiu ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

"Estamos começando a Operação Garra-Espada", disse o ministro da Defesa, Hulusi Akar, que coordenou a ofensiva do centro de operações da Força Aérea com vários comandantes militares.

Akar também foi visto em um vídeo informando ao presidente Recep Tayyip Erdogan, que deu a ordem para a operação, na qual, segundo um grupo que monitora a região, morreram pelo menos 31 pessoas.

O ministério turco da Defesa informou que os bombardeios tiveram como alvos as posições do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e das curdas Unidades de Proteção Popular (YPG) curdas, que Ancara considera uma extensão do PKK, uma formação ilegal na Turquia.

"A operação aconteceu nas regiões do norte do Iraque e da Síria, usadas como bases para ataques de terroristas em nosso país", afirmou o ministério.

A Turquia culpa o PKK pelo atentado de Istambul, o mais violento em cinco anos no país e que provocou a dolorosa recordação de uma onda de ataques no país entre 2015 e 2017, ações atribuídas a militantes curdos e a extremistas do grupo Estado Islâmico.

O PKK, que lidera uma insurreição há várias décadas na Turquia, e as YPG negaram qualquer envolvimento no ataque.

Nenhum indivíduo ou grupo reivindicou a autoria.

"Hora do ajuste de contas"
A polícia turca prendeu no subúrbio de Istambul a principal suspeita do atentado de 13 de novembro, Alham Albashir, uma síria supostamente trabalhava para militantes curdos.

"Chegou a hora do ajuste de contas. Os bastardos devem prestar contas por seus ataques pérfidos", tuitou o ministério da Defesa turco ao lado de uma imagem de um avião decolando para uma operação noturna.

"Os ninhos de terror são destruídos por ataques de precisão", afirmou outra mensagem no Twitter.

A Turquia executou mais de 20 ataques contra posições nas províncias sírias de Aleppo (norte) e Hasaka (nordeste), informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), organização britânica que tem uma ampla rede de fontes na Síria.

O OSDH informou que os ataques aéreos mataram 18 combatentes curdos e membros das forças locais aliadas e 12 soldados sírios.

A ONG também informou a morte de um jornalista, Issam Abdallah, correspondente na Síria de uma agência de notícias curda, e de 40 feridos.

Ameaça para toda a região
Embora a Turquia não tenha revelado mais detalhes sobre a operação, as FDS, apoiadas pelos Estados Unidos, afirmaram que a cidade de Kobane, no nordeste da Síria, estava entre os alvos atingidos pelas incursões turcas.

"Kobane, a cidade que derrotou o Estado Islâmico, está sendo bombardeada pela Força Aérea de ocupação turca", tuitou Farhad Shami, porta-voz das FDS.

Estas forças proporcionaram uma assistência crucial à coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), que chegou a controlar amplas faixas de território no Iraque e na Síria.

Mas a Turquia considera as YPG, principal componente das FDS, uma extensão do banido PKK.

O ministro turco do Interior, Suleyman Soylu, disse que a ordem do atentado em Istambul veio de Kobane.

Esta cidade síria de maioria curda próxima da fronteira turca foi capturada pelo EI no fim de 2014. Os combatentes curdos expulsaram o grupo extremista no início de 2015.

"Os bombardeios turcos em nossas zonas seguras ameaçam toda a região", disse o comandante das FDS, Mazloum Abdi.

"Este bombardeio não joga a favor de ninguém. Fazemos todos os esforços para evitar uma catástrofe maior. Se a guerra explodir, todos serão afetados", acrescentou.

A Turquia executa ataques na Síria contra milícias curdas e extremistas do EI desde 2016.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan ameaçava iniciar uma operação no norte da Síria desde maio para criar uma "zona de segurança" de 30 km ao sul da fronteira.

O Departamento de Estado americano expressou na sexta-feira o temor de "uma eventual ação militar da Turquia" e recomendou que seus cidadãos não viajem ao norte da Síria e do Iraque.

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