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CONFLITO ARMADO

Turquia rejeita afirmação de Trump de que Ancara ''tomou o poder'' na Síria

A Turquia é considerada um apoio chave à oposição a Assad desde os primeiros dias da revolta que eclodiu contra o ex-presidente em 2011

Um homem levanta uma bandeira síria da era da independência no aeroporto da cidade de AleppoUm homem levanta uma bandeira síria da era da independência no aeroporto da cidade de Aleppo - Foto: Muhammad Haj Kadour/AFP

A Turquia rejeitou, nesta quarta-feira (18), as declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que qualificou a vitória dos rebeldes na Síria como uma "tomada de poder inamistosa" por parte de Ancara.

"Seria um grande erro qualificar o que acontece na Síria como uma tomada de poder", declarou o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, em uma entrevista à emissora catari Al Jazeera.

"Para o povo sírio, não é uma tomada de poder. É a vontade do povo sírio que está tomando o poder hoje", acrescentou o chanceler.

Trump afirmou na segunda-feira que "a Turquia realizou uma tomada de poder hostil, sem que muitas vidas fossem perdidas", ao se referir à situação na Síria.

Uma coalizão de grupos rebeldes liderada pelos islamistas do Hayat Tahrir al Sham (HTS) derrubou, em 8 de dezembro, o presidente Bashar al Assad, que fugiu para Moscou após governar a Síria com mão de ferro por mais de 20 anos.

A aliança rebelde tomou a capital Damasco após uma ofensiva fulminante de 11 dias lançada da província de Idlib, no noroeste do país.

Alguns dos grupos rebeldes foram apoiados pela Turquia. Desde então, Ancara tem realizado ataques militares na Síria e afirma estar disponível para fornecer apoio militar ao novo governo islamista estabelecido pelos rebeldes.

A Turquia é considerada um apoio chave à oposição a Assad desde os primeiros dias da revolta que eclodiu contra o ex-presidente em 2011.

A onda de manifestações pró-democracia foi duramente reprimida pelo governo e se transformou em uma guerra civil que deixou mais de meio milhão de mortos.

A Turquia abrigou opositores políticos e milhões de refugiados e também apoiou grupos rebeldes que lutaram contra o Exército sírio.

Fidan afirmou que seria incorreto caracterizar a Turquia como a potência que governará a Síria.

"Acho que isso seria a última coisa que gostaríamos de ver, porque estamos tirando grandes lições do que tem acontecido em nossa região, pois a própria cultura de dominação destruiu nossa região", afirmou.

"Portanto, não se trata da dominação turca, nem da dominação iraniana, nem da dominação árabe, mas da cooperação, que deve ser essencial", acrescentou.

O chefe da diplomacia turca também afirmou que não haverá motivo para que seu país lance uma ofensiva contra as forças curdas na Síria se os novos governantes abordarem "adequadamente" a questão desses grupos, considerados "terroristas" por Ancara.

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