Ucrânia afirma que derrubou série de mísseis russos antes de visita do emissário chinês
Rússia, no entanto, se apressou a desmentir as afirmações
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O governo da Ucrânia afirmou nesta terça-feira (16) que derrubou uma série de bombas e mísseis russos durante a noite, incluindo seis mísseis hipersônicos Kinzhal, poucas horas antes da visita de um emissário chinês a Kiev.
A Rússia, no entanto, se apressou a desmentir as afirmações e insistiu que atingiu "todos os alvos", que incluíam "posições do exército ucraniano", depósitos de munições e de armas ocidentais.
Moscou também anunciou que destruiu um sistema antiaéreo americano Patriot e que interceptou sete mísseis britânicos Storm Shadow.
"Outro sucesso incrível da Força Aérea ucraniana! Durante a noite, nossos defensores do céu derrubaram SEIS mísseis hipersônicos russos Kinzhal e outros 12 mísseis", escreveu no Twitter o ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov.
Os mísseis Kinzhal já foram descritos pelo presidente russo, Vladimir Putin, como "invencíveis" porque atingem a velocidade hipersônica, que desafia a maioria dos sistemas de defesa aéreos.
Durante a noite, correspondentes da AFP observaram a defesa antiaérea ucraniana em ação, iluminando o céu de Kiev para destruir os mísseis russos.
A Ucrânia anunciou na semana passada que havia derrubado pela primeira vez um míssil Kinzhal, graças ao potente sistema antiaéreo americano Patriot que Kiev recebeu em abril.
De acordo com o comandante do Estado-Maior ucraniano, Valeri Zaluzhni, a Rússia atacou o país "a partir do norte, sul e leste" com mísseis Kinzhal, mísseis de cruzeiro Kalibr, mísseis antiaéreos S-400, mísseis balísticos Iskander e drones de fabricação iraniano.
"Todos foram destruídos", afirmou no Telegram.
Visita do emissário chinês
"Foi algo excepcional por sua densidade, um número máximo de mísseis em um período curto", afirmou a administração militar de Kiev.
Alguns destroços caíram em bairros de Kiev e três pessoas ficaram feridas, segundo o prefeito da cidade, Vitali Klitschko.
A série de mísseis foi lançada poucas horas antes da chegada a Kiev do emissário chinês Li Hui para uma visita de dois dias.
O representante especial do ministério das Relações Exteriores da China para questões da Europa e Ásia, que já foi embaixador em Moscou, pretende discutir uma "solução política" para o conflito ucraniano.
A viagem também o levará à Polônia, França, Alemanha e Rússia.
A China, aliada da Rússia, nunca criticou publicamente a invasão das tropas de Moscou à Ucrânia. Pequim apresentou um plano de 12 pontos para acabar com a guerra, que foi recebido com ceticismo pelos países ocidentais.
"Armas novas e potentes"
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, retornou ao país na segunda-feira, após uma viagem por várias nações europeias que rendeu promessas de armamento.
"Voltando para casa com (...) armas novas e potentes para a frente de batalha", declarou Zelensky em um vídeo dirigido aos compatriotas, após a viagem de três dias em que visitou Reino Unido, França, Alemanha e Itália.
Também na segunda-feira, o exército ucraniano reivindicou o "primeiro sucesso" em sua ofensiva ao redor da cidade de Bakhmut, epicentro dos combates há vários meses no leste da Ucrânia e atualmente controlada em 90% pelos soldados de Moscou.
O presidente ucraniano, no entanto, destacou que o exército precisa de mais tempo para preparar uma contraofensiva de grande alcance contra as tropas de Moscou.
Durante a visita de Zelensky, o Reino Unido prometeu que enviará mísseis antiaéreos e drones de ataque de longo alcance à Ucrânia, que serão adicionados aos mísseis de cruzeiro de longo alcance Storm Shadow.
Zelensky também se declarou "muito otimista" sobre a entrega de caças, que muitos países europeus se negaram a fornecer até o momento.
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou na segunda-feira que "abriu a porta para o treinamento de pilotos" ucranianos ao lado de outros países europeus, mas acrescentou que a entrega de caças a Kiev continua sendo "um debate teórico".
Na frente diplomática, os líderes dos 46 países do Conselho da Europa participam em uma reunião nesta terça-feira na Islândia com o objetivo de mostrar unidade contra Moscou.
Ao mesmo tempo, a prorrogação do acordo de exportação de grãos da Ucrânia ainda é incerta e o Kremlin afirma que há "muitas perguntas" que devem ser respondidas.