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guerra na ucrânia

Ucrânia afirma que "sobreviveu ao inverno mais difícil de sua história"

No inverno o país sofreu uma longa série de ataques russos com mísseis e drones explosivos contra instalações de energia

Maca e equipamento militar ucraniano descartado em uma estrada não muito longe de BakhmutMaca e equipamento militar ucraniano descartado em uma estrada não muito longe de Bakhmut - Foto: Anatolii Stepanov / AFP

A Ucrânia afirmou nesta quarta-feira (1º) que "sobreviveu ao inverno mais difícil de sua história", apesar dos bombardeios em larga escala das tropas russas que deixaram milhões de residências sem energia elétrica, um ano após o início da invasão.

Mas no campo de batalha, as forças ucranianas são muito pressionadas no leste do país, em particular em Bakhmut, e a Rússia afirmou que impediu um grande ataque de drones na península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, afirmou nesta quarta-feira (1°) o país "superou o terror invernal".

"Estava frio e escuro, mas fomos inabaláveis", disse Kuleba.

No calendário ucraniano, a primavera começa em 1º de março.

A Ucrânia enfrentou no inverno (hemisfério norte, verão no Brasil) uma longa série de ataques russos com mísseis e drones explosivos contra instalações de energia, o que provocou de maneira frequente cortes de eletricidade e do abastecimento de água potável.

Os bombardeios obrigaram a operadora nacional Ukrenergo a estabelecer um rodízio para o fornecimento de energia. E os serviços de emergência ucranianos precisavam fazer reparos cada vez mais rápidos em cada central atingida.

Milhões de pessoas, incluindo moradores de Kiev e outras grandes cidades, enfrentaram temperaturas glaciais sem calefação.

"Nossos aliados nos ajudaram. A UE (União Europeia) também venceu e, ao contrário das provocações de Moscou, não congelou sem o gás russo", insistiu Kuleba, em referência às previsões catastróficas de Moscou antes do inverno.

Cerco em Bakhmut
"O caminho é longo até a vitória final. Mas já sabemos como vencer", disse o ministro.

Os aliados ocidentais da Ucrânia forneceram sistemas de defesa aérea e a Rússia reduziu a frequência e a magnitude de seus ataques.

A Ukrenergo confirmou nesta quarta-feira que o sistema da Ucrânia não registra déficit de energia há 18 dias e nenhum corte está previsto.

Durante o inverno, os combates se concentraram no leste do país, em particular ao redor da cidade de Bakhmut, onde a situação é "extremamente tensa", segundo o exército ucraniano, após os ataques incessantes de Moscou.

As tropas russas intensificaram o cerco ao redor da cidade nas últimas semanas. A conquista de Bakhmut virou um símbolo do controle da bacia industrial do Donbass.

Os russos cortaram três das quatro rodovias de abastecimento do exército ucraniano na direção da localidade.

Correspondentes da AFP observaram nesta quarta-feira que via entre Bakhmut e Chasiv Yar, 15 km ao oeste da cidade, estava bloqueada pela polícia.

Mas o porta-voz do comando leste do exército ucraniano, Sergiy Cherevaty, negou uma retirada das tropas de Bakhmut.

"Uma possível retirada dependerá da situação operacional. Até o momento esta decisão não foi tomada", declarou à AFP.

Soldados gravemente feridos
A presidência ucraniana informou que os bombardeios russos na região de Donetsk mataram três civis e deixaram quatro feridos nesta quarta-feira.

O ministério da Defesa da Rússia anunciou que derrubou ou desativou 10 drones ucranianos durante uma tentativa de ataque "em larga escala" contra instalações na península da Crimeia, após uma operação semelhante com drones em território russo na terça-feira (28).

"Uma tentativa de ataque em larga escala com drones por parte do regime de Kiev em instalações na península da Crimeia foi frustrada", afirma um comunicado.

Na frente de batalha leste, ucranianos atendem soldados gravemente feridos nos combates.

"Aqui, todos os dias salvamos alguém", disse à AFP Igor, um anestesista de 28 anos, depois de examinar um paciente.

"Você lembra dos casos excepcionais, das pessoas com ferimentos fatais. Cabeças parcialmente mutiladas, as principais artérias rompidas, quando você não pode ajudar os pacientes. É isso que você lembra", contou.

No campo diplomático, um dos principais aliados de Moscou, o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, afirmou nesta quarta-feira em Pequim que apoia "plenamente" o plano chinês para a Ucrânia.

O governo da China divulgou na semana passada um plano de 12 pontos em que pede o diálogo entre russos e ucranianos, mas também insiste no respeito à integridade territorial e se opõe ao uso de armamento nuclear.

Apesar da recepção cética dos aliados ocidentais, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, se declarou disposto a "trabalhar" com a China e anunciou a intenção de ter uma reunião com o chefe de Estado chinês, Xi Jinping.

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