INTELIGÊNCIA

Ucrânia afirma ter desmantelado uma rede de agentes que espionavam para a Rússia

Serviço de Segurança da Ucrânia afirma que cinco pessoas foram detidas, acusadas de passar informações sobre as Forças Armadas e instalações estratégicas

Volodimir Zelensky, presidente da UcrâniaVolodimir Zelensky, presidente da Ucrânia - Foto: Sergei Supinsky/AFP

O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) anunciou nesta terça-feira (6) ter desmantelado uma rede de espiões russa que atuava dentro do país, com o objetivo de obter informações sobre as Forças Armadas e sobre instalações energéticas consideradas estratégicas. As detenções ocorrem em um momento complicado para a Ucrânia na guerra, e em meio a mudanças iminentes no governo.

Em comunicado, o SBU afirmou que entre os cinco homens presos havia "ex-funcionários da Direção Principal de Inteligência do Ministério da Defesa e do Serviço de Inteligência Estrangeira da Ucrânia, bem como um funcionário do departamento regional" do próprio Serviço de Segurança.

"Os acusados mantiveram contato com uma mesma pessoa, um funcionário do FSB [Serviço Federal de Segurança da Rússia] que atualmente está na Crimeia temporariamente ocupada", escreveu o SBU. "A tarefa desta rede de agentes era transferir ao agressor [Rússia] informações sobre as Forças de Defesa e instalações energéticas estrategicamente importantes do nosso Estado."

A rede, de acordo como SBU, opera desde os primeiros momentos da invasão russa, em fevereiro de 2024, e usava diversos meios para repassar as informações, incluindo através de pessoas que conseguiam transitar entre os dois países e levar os dados sigilosos ao contato do lado russo.

Entre as informações obtidas pelos espiões estão rotas usadas para o transporte de armas cedidas pelo Ocidente, dados sobre os sistemas de segurança das centrais nucleares de Rivne e Khmelnytsky, além de detalhes sobre a "geolocalização de fortificações e barreiras de proteção perto da costa de Odessa".

Em troca, eles receberiam dinheiro do FSB, mas a Ucrânia relatou que alguns deles foram obrigados pelos agentes russos a espionar contra o próprio país, incluindo através de ameaças a parentes. O governo russo não se manifestou sobre as prisões.

Os cinco homens devem ser processados por traição — segundo relatório publicado em novembro do ano passado pelo site New Voice, mais de 8 mil pessoas foram investigadas pelo crime desde o início da guerra. A pena pode chegar a até 15 anos de prisão.

O desmantelamento de ao menos parte desta rede de espionagem ocorre em um momento complexo para as autoridades ucranianas. No campo de batalha, a Rússia tem intensificado ataques aéreos contra áreas urbanas, posições militares e infraestruturas estratégicas ao redor do país, ao mesmo tempo em que fortalece suas linhas de defesa e parece ter encontrado na Coreia do Norte e no Irã dois fornecedores confiáveis para recuperar seu arsenal.

Ao mesmo tempo, a Ucrânia encontra dificuldades entre seus aliados para manter os níveis de apoio militar e financeiro — na Europa, a aprovação de um pacote de € 50 bilhões (R$ 266,71 bi) enfrentou feroz oposição da Hungria, e nos EUA, maior financiador de Kiev, a oposição republicana vem bloqueando um outro pacote, de US$ 60 bilhões (R$ 297,61bi). Recentemente, o ex-presidente Donald Trump, provável candidato republicano à Presidência, vem dando sinais de que poderá abandonar a ajuda aos ucranianos caso retorne à Casa Branca.

Internamente, o presidente Volodymyr Zelensky tem tornado públicas suas queixas sobre integrantes do governo. No fim de semana, em uma entrevista à TV italiana RAI, disse que uma ampla reforma na liderança militar e civil do país é necessária para revitalizar os esforços de guerra do país.

Um dos primeiros alvos da mudança seria o principal comandante militar, o general Valeriy Zalujny, que já vem sendo aventada há dias. A insatisfação do presidente com os rumos da guerra e com a estagnação do front aumentou no último ano, especialmente depois que a aguardada contraofensiva de inverno não trouxe os resultados esperados.

Contudo, analistas apontam que a troca no comando militar ucraniano poderá ser usada pelos russos como uma ferramenta de propaganda, para mostrar o que consideram ser aspectos "antidemocráticos e ditatoriais" de Zelensky.

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