Ucrânia alerta para nova ofensiva russa e Europa teme cortes de gás
Moscou está avançando de maneira lenta e firme no leste da Ucrânia, apesar da feroz resistência de combatentes locais
A Ucrânia afirmou, nesta segunda-feira (11), que as forças russas preparam uma ofensiva em grande escala na região leste do país, onde novos bombardeios deixaram três mortos em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana.
O exército russo, que no início do mês anunciou a tomada da região de Lugansk, agora busca conquistar Donetsk, o que lhe permitiria controlar toda a bacia de mineração do Donbass após mais de quatro meses de guerra.
Ao mesmo tempo, Moscou continua bombardeando Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana e localizada no nordeste do país.
O governador regional da cidade, Oleg Synyegubov, disse que os ataques russos tiveram como alvos "edifícios civis - um centro comercial e condomínios residenciais".
"Trinta e uma pessoas foram hospitalizadas, incluindo uma criança de quatro anos e um jovem de 16. As vítimas foram feridas principalmente por estilhaços. Três pessoas morreram", afirmou.
Este ataque, nas primeira horas da manhã, foi o mais recente de uma série de bombardeios russos no leste da Ucrânia.
Os serviços de socorro informaram, nesta segunda-feira (11), que 26 pessoas morreram no fim de semana em bombardeios russos contra um condomínio residencial em Chasiv Yar, na região de Donetsk.
No total, 26 pessoas foram retiradas dos escombros desde o início dos trabalhos de resgate, e nove pessoas foram salvas", indicou o serviço local de situações de emergência. Não foi informado quantas pessoas ainda estavam sob os escombros.
Matar de "forma deliberada"
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, prometeu em seu discurso diário que os autores seriam levados à Justiça.
"Todos os que ordenaram os ataques alvejando nossas cidades e zonas residenciais matam de foram deliberada", disse.
O porta-voz do Ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov, afirmou nesta segunda-feira que "mais de 300" combatentes ucranianos morreram um um bombardeio russo próximo a Chasiv Yar, mas não informou a data do ataque.
O exército russo, que no início do mês anunciou a tomada da região de Lugansk, agora busca conquistar Donetsk, o que lhe permitiria controlar toda a bacia de mineração do Donbass.
Ainda que o Donbass esteja sob um persistente bombardeio, houve uma trégua na ofensiva terrestre russa, segundo o Estado-Maior ucraniano. No entanto, o órgão advertiu que os russos estão possivelmente planejando um dos mais massivos ataques realizados até agora contra a região de Donetsk.
"Há indícios de que as unidades inimigas planejam intensificar as operações de combate em direção a Kramatorsk e Bakhmut", indicou o Estado-Maior, referindo-se às duas cidades ainda sob controle ucraniano.
Moscou está avançando de maneira lenta e firme no leste da Ucrânia, apesar da feroz resistência de combatentes locais.
Nesta segunda-feira, a Rússia anunciou que facilitará o acesso à nacionalidade russa a todos os ucranianos, ampliando uma medida que até o momento se aplicava somente aos territórios da Ucrânia ocupados por suas forças, segundo um decreto assinado pelo presidente Vladimir Putin.
Leia também
• Bolsonaro afirma que está "quase certo" acordo para Brasil comprar diesel da Rússia
• Bombardeio russo deixa 15 mortos na Ucrânia
"Nenhum lugar é seguro"
Segundo o secretário do Conselho de Segurança Nacional e de Defesa ucraniano, Oleksiy Danilov, a chegada de armas do Ocidente - especialmente de artilharia de longo alcance e grande precisão - "já está mudando o curso da guerra".
Observadores do conflito mencionaram ataques de longa distância contra bases russas e depósitos de armas a dezenas de quilômetros da linha de frente.
Ainda assim, a maioria dos ucranianos vivem com medo permanente dos ataques russos.
Em Bucha, nos arredores de Kiev, Maxim, designer digital de 36 anos, estava sentado à mesa com sua família no quintal de sua casa, invadida três meses antes por soldados russos.
"Parece que não aconteceu nada e que a vida está normal. Mas sabemos que há uma guerra e que nenhum lugar é seguro na Ucrânia", afirmou.
Preocupação com o gás
No Europa, no entanto, os temores estão relacionados com o fornecimento de gás.
O grupo russo Gazprom iniciou nesta segunda-feira as obras de manutenção no gasoduto Nord Stream 1, que transporta grande parte do gás que ainda fornece para a Alemanha e outros países do oeste da Europa.
Como forma de advertência, a Gazprom reduziu nesta segunda-feira o fornecimento de gás para Itália e Áustria, sem informar se a decisão está diretamente relacionada às obras no Nord Stream 1.
"Há vários cenários em que poderíamos entrar em uma situação de emergência", alertou o presidente da Agência Federal de Redes da Alemanha, Klaus Müller, em entrevista ao canal ZDF.
A Rússia, alegando um problema técnico, reduziu nas últimas semanas 60% do fornecimento de gás através do Nord Stream, uma decisão denunciada como "política" por Berlim.