guerra na ucrânia

Ucrânia anuncia cúpula com UE como "sinal forte" para Rússia

Volodymyr Zelensky, disse esperar que a reunião de cúpula em Kiev reflita um alto "nível de cooperação e progresso" com o bloco

Presidente da Ucrânia, Volodymyr ZelenskyPresidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky - Foto: AFP

A Ucrânia anunciou na terça-feira (31) a realização na próxima sexta (3) de uma reunião de cúpula com a União Europeia (UE), o que enviará "um sinal forte" para a Rússia, quase um ano após o início da invasão.

"O fato de que a cúpula será realizada em Kiev é um forte sinal tanto para nossos aliados quanto para nossos inimigos", declarou o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal, sem revelar as autoridades que participarão do encontro. O governo ucraniano também informou que espera receber "entre 120 e 140" tanques de seus aliados ocidentais.

Em sua mensagem noturna ao país, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse esperar que a reunião de cúpula em Kiev reflita um alto "nível de cooperação e progresso" com o bloco, de 27 países.

A Rússia, por sua vez, anunciou ter capturado outro vilarejo perto da cidade de Bakhmut, no leste, que há semanas se tornou o epicentro da guerra.

Nesta quinta-feira (2), a Ucrânia, candidata a se tornar membro do bloco, também realizará uma reunião de "consultas intergovernamentais" com a Comissão Europeia (Executivo da UE), anunciou Shmygal.

Tanques a caminho
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou que os tanques de combate aguardados por seu país são os Leopard 2 de design alemão, os Challenger 2 britânicos e os Abrams dos Estados Unidos, embora não tenha informado os prazos de entrega.

A decisão de enviar estas armas pesadas de guerra à Ucrânia marca um compromisso maior das potências ocidentais com a resistência ucraniana à ofensiva iniciada em 24 de fevereiro de 2022 pelo presidente russo, Vladimir Putin.

O presidente americano, Joe Biden, disse hoje que irá conversar com Zelensky sobre a questão das entregas de armas de tecnologia avançada. "Vamos falar" disso, declarou Biden na Casa Branca, horas depois de responder taxativamente com um "não" quando perguntado se estava a favor de enviar aviões de combate F-16 à Ucrânia.

O "Wall Street Journal" informou hoje que a empresa americana General Atomics ofereceu vender a Kiev dois drones Reaper MQ-9 por US$ 1. Por esse acordo, Kiev terá que investir cerca de US$ 10 milhões para transportar os aparelhos até a Ucrânia e US$ 8 milhões por ano em manutenção, segundo o jornal, que cita uma carta da empresa.

Hesitação ocidental
Está previsto que o Reino Unido entregue os Challenger no fim de março, enquanto a Alemanha quer enviar os primeiros Leopard 2 entre o fim de março e o começo de abril.

Os Estados Unidos anunciaram, por sua vez, o envio de 31 Abrams. Outros países europeus, como Polônia, Espanha e Noruega, também pretendem enviar alguns dos seus Leopard à Ucrânia.

O processo de entrega, no entanto, poderia levar meses, segundo várias chancelarias, que alegaram possíveis reparos e trabalhos de manutenção, além da formação de soldados ucranianos para operar estes modelos, que nunca foram utilizados no terreno.

A França anunciou que fornecerá à Ucrânia outros 12 canhões autopropulsados Caesar de 155 mm, além dos 18 já entregues.

Esses canhões, no entanto, não têm o alcance de mais de 100 km que a Ucrânia afirma necessitar para destruir as linhas de abastecimento e os depósitos de munições das forças russas.

Além disso, os países ocidentais estão hesitantes em oferecer um apoio militar ainda mais robusto, por medo de propiciar uma escalada com o Kremlin. A Rússia, por sua vez, não cansa de repetir que americanos e europeus realizam uma guerra por procuração na Ucrânia.

Rússia tenta retomar a iniciativa
Os observadores acreditam que Moscou e Kiev, cada um de seu lado, preparam uma ofensiva ao final do inverno ou durante a primavera boreal.

As forças russas parecem decididas a recuperar a iniciativa no terreno, depois dos múltiplos revezes que as obrigaram a se retirar do nordeste e de áreas do sul de Ucrânia no último outono boreal.

As tropas de Moscou redobraram os esforços para tentar conquistar Bakhmut, no leste da Ucrânia, cidade que é cenário de uma dura batalha desde o verão boreal passado, provocando grandes baixas.

Os paramilitares do grupo Wagner lideram essa ofensiva e afirmam ter "libertado" a cidade de Blagodatne após uma ofensiva de "unidades de assalto voluntárias", apoiadas pela Força Aérea e artilharia russas.

Em qualquer caso, as forças ucranianas insistem em que a cidade de Bakhmut, tão cobiçada pelos russos, continua firme sob o controle de Kiev.

"As tropas russas têm sido incapazes de cortar a via de abastecimento das Forças Armadas" de Kiev, indicou um porta-voz militar ucraniano, Serhiy Cherevaty.

As forças russas também lançaram uma ofensiva 150 km mais ao sul, para tomar Vuhledar, uma cidade que tinha 15 mil habitantes antes da guerra e que se encontra no sudoeste da província de Donetsk.

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