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Conflito na Ucrânia

Ucrânia anuncia que seus portos para exportar cereais retomaram atividades

O anúncio ocorre poucos dias depois que Ucrânia e Rússia assinaram acordos em Istambul, sob mediação da ONU

Transporte de grãos em porto da UcrâniaTransporte de grãos em porto da Ucrânia - Foto: Stringer / AFP

A Ucrânia anunciou, nesta quarta-feira (27), que as atividades nos portos foram retomadas para exportar os grãos bloqueados desde o início da invasão russa há cinco meses e, na tentativa de recuperar território, seu exército atacou uma ponte estratégica na cidade ocupada de Kherson (sul).

"Como parte da assinatura do acordo sobre a liberação dos portos ucranianos para a exportação de grãos, os portos de Odessa, Chornomorsk e Pivdennyi retomaram seu trabalho", informou a Marinha ucraniana no Telegram. 

O anúncio ocorre poucos dias depois que Ucrânia e Rússia assinaram acordos em Istambul, sob mediação da ONU, para aliviar a crise alimentar global e criar "corredores seguros" no Mar Negro. 

Os pactos incluem a criação em Istambul de um centro de coordenação para supervisionar a retomada do transporte de grãos. O organismo foi formalmente inaugurado pela Turquia nesta quarta-feira e ficará encarregado de realizar inspeções aos navios que saem e chegam a Istambul para garantir que apenas transportem grãos. 

Pouco antes, as autoridades russas de ocupação em Kherson indicaram que a artilharia ucraniana havia atingido a ponte Antonovski sobre o rio Dnieper. A infraestrutura é fundamental para o abastecimento da cidade e conecta com o restante da região.

Paralelamente, a operadora alemã do gasoduto Nord Stream I informou que as entregas de gás russo caíram para um quinto da capacidade, conforme previsto, aumentando o risco de uma crise energética na Europa.

Perante esta ameaça, a UE concordou no dia anterior em reduzir o consumo de gás em pelo menos 15% entre agosto de 2022 e março de 2023, face à média dos últimos cinco anos do mesmo período.

 

Retomada das atividades

Mais de 20 milhões de toneladas de grãos estão bloqueados desde o início do conflito nos portos da região de Odessa devido à presença de navios de guerra russos e minas colocadas por Kiev para defender sua costa.

Ambos os países estão entre os maiores exportadores de grãos do mundo. Em 22 de julho, concordaram em desbloquear os cereais graças à mediação das Nações Unidas e da Turquia. No entanto, ainda são necessários esforços para garantir a segurança dos cargueiros. 

"A saída e entrada dos navios nos portos marítimos será feita formando um comboio que acompanhará o primeiro navio. Mas isso será precedido pelo árduo trabalho dos hidrógrafos" para determinar rotas seguras, disse a Marinha ucraniana.

As autoridades ucranianas enfatizaram que não confiam em Moscou para garantir a segurança dos navios. 

O acordo alcançado em Istambul foi comprometido no sábado por um bombardeio russo em Odessa. O ataque gerou uma onda de condenações, embora Moscou tenha enfatizado que tenha visado infraestrutura militar.

Na segunda-feira, Kiev disse que esperava retomar as exportações "esta semana".

Ataque em Kherson

Mais a leste, também às margens do Mar Negro, a Ucrânia tenta recuperar as áreas ocupadas pela Rússia após cinco meses de guerra. 

Kirill Stremusov, administrador russo da administração regional de Kherson, confirmou nesta quarta-feira que a ponte principal da cidade de mesmo nome foi atingida nas primeiras horas e que o tráfego foi interrompido. 

O funcionário informou, no entanto, que não teria "nenhuma influência" nos combates. "A operação militar especial continua", declarou, usando os termos do Kremlin para a invasão.

Nas últimas semanas, as forças ucranianas vêm retomando território nesta região do sul da Ucrânia, em parte graças à artilharia de longo alcance fornecida por países ocidentais. 

A área caiu em mãos russas logo após sua invasão em 24 de fevereiro. A região é estratégica, pois faz fronteira com a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014. 

As autoridades ucranianas anunciaram recentemente que libertariam "definitivamente" a região em setembro. As forças russas devem deixar Kherson "enquanto ainda podem fazê-lo", alertou o assessor presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, no Twitter.

Mais a leste, a região do Donbass, parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia desde 2014, também não é poupada dos combates. 

Em Bakhmut, uma das últimas cidades sob controle ucraniano na zona, jornalistas da AFP ouviram disparos de artilharia e viram uma casa danificada por foguetes russos.

"Eu estava no celeiro e ia sair. Ouvi um silvo. E não me lembro de nada. Explodiu e fui jogado no celeiro pela onda de choque", narrou Roman, de 51 anos.

O chefe da província de Donetsk, que junto com Luhansk forma o Donbass, disse nas redes sociais que a artilharia russa atingiu um hotel e os relatórios iniciais indicavam que os ataques deixaram pessoas mortas e feridas.

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