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GUERRA

Ucrânia aplica restrições ao consumo de energia após intenso ataque russo

O chefe da diplomacia ucraniana, Andrii Sibiga, classificou o ataque como "um dos maiores" executados por Moscou

Presidente da Ucrânia, Volodymyr ZelenskyPresidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky - Foto: Andreas Solaro/AFP

A Ucrânia aplicará, na segunda-feira(18), restrições emergenciais ao consumo de energia, devido aos bombardeios russos que danificaram severamente a infraestrutura energética e deixaram ao menos nove mortos e cerca de 20 feridos.

"Um ataque maciço combinado teve como alvo todas as regiões da Ucrânia e nossas infraestruturas de energia", disse o presidente ucraniano Volodimir Zelensky. Ele informou que a Rússia lançou 120 mísseis e 90 drones.

"Foi uma noite e infernal", declarou o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuri Ignat, acrescentando que 144 drones ou projéteis russos foram interceptados.

O chefe da diplomacia ucraniana, Andrii Sibiga, classificou o ataque como "um dos maiores" executados por Moscou desde o início da invasão em fevereiro de 2022.

Na segunda-feira, "todas as regiões serão obrigadas a aplicar medidas de restrição ao consumo", devido aos "danos causados às instalações elétricas", indicou o Ministério de Energia.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que atingiu todos os alvos em um enorme ataque contra "infraestruturas de energia essenciais de apoio ao complexo militar-industrial ucraniano".

A Rússia destruiu metade da capacidade energética da Ucrânia com os ataques de drones e mísseis em quase três anos de ofensiva, segundo Kiev.

A operadora de energia ucraniana, DTEK, relatou "danos graves" em algumas centrais termelétricas.

A DTEK afirmou que este é o oitavo grande ataque contra suas centrais de energia início do ano.

A Ucrânia pede ajuda aos aliados ocidentais para reconstruir a rede elétrica, um projeto que exige grandes investimentos, e mais equipamentos de defesa aérea para contra-atacar os bombardeios russos.

Ao menos nove mortos 
A onda de ataques deixou pelo menos nove mortos e 20 feridos. Dois funcionários do grupo ferroviário público Ukrzaliznytsia faleceram no bombardeio que atingiu um depósito e três ficaram feridos, anunciou a empresa.

Uma pessoa morreu e duas ficaram feridas em um ataque com mísseis contra a região de Lviv, no oeste, informaram as autoridades locais.

No sul, duas pessoas morreram em Odessa e uma em Kherson. Um ataque com drone matou duas pessoas e feriu outras sete, incluindo duas crianças, em Mykolaiv, informou o serviço de emergência.

Outros ataques deixaram feridos em várias cidades, incluindo a capital Kiev, Zaporizhzhia (sul) e Dnipro (leste).

Do lado russo, uma jornalista, Yulia Kuznetsova, morreu em um ataque de drone ucraniano na região de Kursk, segundo o governador Alexei Smirnov.

A região foi atacada no início de agosto pelo Exército ucraniano, que ainda controla uma pequena parte dela.

Na região russa de Belgorod, também na fronteira com a Ucrânia, um civil morreu em outro ataque ucraniano com drones, informaram as autoridades locais.

Polônia envia aviões de combate
A Polônia, que integra a Otan e faz fronteira com a Ucrânia, anunciou neste domingo que mobilizou caças e "todas as forças e recursos disponíveis" para proteger seu território durante o ataque noturno russo à Ucrânia.

O ministro ucraniano das Relações Exteriores afirmou que os ataques são "a verdadeira resposta" do presidente russo, Vladimir Putin, aos líderes mundiais "que ligaram ou o visitaram" recentemente.

O governo da Ucrânia expressou grande irritação na sexta-feira com uma conversa telefônica entre o chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz, e Putin, a primeira desde dezembro de 2022.

Muito criticado pela conversa, Scholz reiterou neste domingo seu apoio à Ucrânia e afirmou que "nenhuma decisão" será tomada sem a participação de Kiev.

Falar com Putin equivale a "abrir a caixa de Pandora", afirmou o presidente ucraniano.

Antes da conversa com Scholz, Putin recebeu vários líderes mundiais em uma reunião de cúpula dos Brics.

O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou no domingo que "Putin não quer a paz" na Ucrânia e não está pronto para negociar.

A recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos provocou a retomada do debate sobre possíveis negociações com Moscou. Kiev teme ser obrigada a aceitar concessões.

Trump criticou em várias ocasiões a ajuda de seu país à Ucrânia e afirmou que seria capaz de resolver o conflito em "24 horas", mas sem revelar como.

Zelensky, que por muito tempo descartou a opção, afirmou no sábado que deseja acabar com a guerra em seu país em 2025 por "meios diplomáticos".

Contudo, as posições russa e ucraniana são opostas: Kiev descarta ceder os territórios ocupados pelo Exército russo, mas Moscou afirma que esta é uma condição inegociável.

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