Ucrânia avança em contraofensiva e Rússia promete combater até alcançar objetivos
O avanço motiva as esperanças de Kiev de um ponto de inflexão no conflito, após um longo período em que a frente de batalha parecia estagnada
As forças ucranianas afirmaram nesta segunda-feira (12) que recuperaram território no leste e sul do país com ofensivas contra as forças russas, que responderam com bombardeios em algumas localidades e prometeram combater até alcançar seus objetivos.
"A libertação das localidades nas mãos dos invasores russos continua nas regiões de Kharkiv e Donetsk", no leste do país, anunciou o exército da Ucrânia.
Em toda linha de frente, "as forças ucranianas conseguiram expulsar o inimigo de mais de 20 localidades" em 24 horas, afirma um comunicado.
"As tropas russas estão abandonando de maneira apressada suas posições e fugindo", acrescenta a nota.
No domingo (11), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já havia anunciado a "libertação" da cidade de Izium (leste) como parte da contraofensiva.
A perda desta cidade estratégica pode prejudicar consideravelmente as ambições militares de Moscou no leste da Ucrânia, de acordo com analistas militares.
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O avanço motiva as esperanças de Kiev de um ponto de inflexão no conflito, após um longo período em que a frente de batalha parecia estagnada.
As autoridades de ocupação pró-Rússia na região de Kharkiv afirmaram nesta segunda-feira que seguiram para a região russa de Belgorod, perto da fronteira, oficialmente para ajudar no fluxo de refugiados, segundo as agências russas de notícias.
Mas depois de reconhecer que perdeu território, o Kremlin retomou nesta segunda-feira o tom ofensivo e anunciou o bombardeio das zonas recuperadas pela Ucrânia na região de Kharkiv, nas áreas de Kupiansk e Izium.
Além disso, Moscou afirmou que a ofensiva iniciada em fevereiro prosseguirá "até alcançar os objetivos".
"Atualmente não há perspectivas de negociações entre Moscou e Kiev", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Ato de desespero"
A Ucrânia afirma ter recuperado quase 3.000 quilômetros quadrados de seu território, principalmente na região de Kharkiv, desde o início de setembro.
E nesta segunda-feira reivindicou a reconquista de 500 quilômetros quadrados em duas semanas de contraofensiva na região de Kherson (sul).
Nesta região, "os ocupantes também abandonaram suas posições em várias localidades", anunciou o exército ucraniano no domingo.
Várias regiões do leste, norte, sul e centro do país sofreram cortes de energia elétrica no domingo, que as autoridades ucranianas atribuíram a ataques russos.
Perto de Kharkiv, a central térmica número 5, a segunda maior do país, foi afetada, informou a presidência.
O abastecimento de energia elétrica foi rapidamente restabelecido em algumas áreas afetadas.
Em Kharkiv, 80% do fornecimento de energia e de água foram restabelecidos, informou o vice-chefe de gabinete da presidência, Kyrylo Tymoshenko, nesta segunda-feira.
O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, classificou os ataques como "um ato de desespero" das forças russas após várias derrotas.
O chefe da diplomacia ucraniana, Dmitro Kuleba, voltou a pedir armas aos aliados ocidentais.
"Armas, armas, armas são a nossa agenda desde a primavera (hemisfério norte, outono no Brasil). Agradeço aos aliados que atenderam nosso apelo: os êxitos ucranianos no campo de batalha são compartilhados", afirmou.
"Censura"
Em Genebra, o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos denunciou nesta segunda-feira a "intimidação" na Rússia dos opositores à guerra na Ucrânia, assim como as "formas de censura" vigentes no país.
"A intimidação, as medidas restritivas e as sanções contra os que expressam sua oposição à guerra na Ucrânia estão minando o exercício das liberdades fundamentais garantidas pela Constituição, em particular os direitos à liberdade de reunião, de expressão e de associação", afirmou a alta comissária interina, Nada Al-Nashif, no discurso de abertura da 51ª sessão do Conselho de Direitos Humanos.
A situação também continua preocupante na central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia (sul), onde todos os reatores foram desativados.
Em uma conversa por telefone no domingo, o presidente francês Emmanuel Macron pediu a seu colega russo Vladimir Putin que retire as "armas pesadas e leves" da central.
Putin já havia alertado para as "consequências catastróficas" dos ataques contra a central ucraniana.