Ucrânia convoca enviado do Vaticano por declaração do papa sobre "levantar bandeira branca"
A diplomacia ucraniana acusou o papa de "legitimar a lei do mais forte" e de incentivá-los a "continuar ignorando o direito internacional"
A Ucrânia convocou, nesta segunda-feira (11), o enviado do Vaticano como protesto pelas declarações do papa Francisco, que no sábado pediu a Kiev que tenha "a coragem de levantar a bandeira branca e negociar" com Rússia.
"Visvaldas Kulbokas foi informado de que a Ucrânia está decepcionada com as palavras do pontífice sobre a 'bandeira branca' e a necessidade de 'demonstrar coragem e negociar' com o agressor", declarou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.
A diplomacia ucraniana acusou o papa de "legitimar a lei do mais forte" e de incentivá-los a "continuar ignorando o direito internacional".
"O chefe da Santa Sé deveria ter enviado sinais à comunidade internacional sobre a necessidade de unir forças imediatamente para garantir a vitória do bem sobre o mal, e fazer um apelo ao agressor, e não à vítima", considerou Kiev.
O presidente Volodimir Zelensky reagiu duramente no domingo às palavras do pontífice argentino e garantiu que seu país "jamais" levantará a bandeira branca para a Rússia.
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Em uma entrevista à televisão pública suíça RTS exibida no sábado, Francisco foi perguntado pelas possibilidades de resolução do conflito na Ucrânia e pediu que não se tenha "vergonha de negociar antes que as coisas piorem".
Desde o sábado pela noite, o Vaticano vem tentando corrigir as declarações, precisando em um comunicado que a expressão "bandeira branca" se referia, neste caso, a "um cessar das hostilidades, uma trégua conseguida com a coragem de negociar", e não a uma rendição.
Francisco, líder da Igreja Católica desde 2013, já foi criticado durante os primeiros meses de invasão russa na Ucrânia por não apontar claramente a Rússia como o agressor.