Ucrânia denuncia ciberataque massivo e Rússia indica "sabotagem" em explosão na Crimeia
Ciberataque russo teria sido contra a empresa Energoatom de usinas nucleares ucranianas
A operadora das centrais nucleares ucranianas denunciou nesta terça-feira (16) um ciberataque massivo russo contra sua página na internet enquanto a Rússia indicou uma "sabotagem" na explosão de um arsenal militar na Crimeia.
O ciberataque contra a Energoatom "provém do território russo" e foi "o mais potente desde o início da invasão russa" contra esse portal, indicou a estatal ucraniana, acrescentando que "não houve impacto considerável no trabalho do site".
O setor nuclear ucraniano está na linha de frente desta guerra e das preocupações mundiais, com acusações mútuas entre os dois países de bombardear há vários dias a central de Zaporizhzhia (sul), ocupada pelas tropas de Moscou desde março.
O conflito na Ucrânia provocou tensões entre Rússia e Estados Unidos sem precedentes desde a Guerra Fria. O presidente russo, Vladimir Putin, acusou nesta terça-feira Washington de "prolongar" a guerra, que iniciou com a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Moscou esperava acabar rapidamente com o regime pró-ocidental de Kiev, mas não conseguiu ocupar a capital. Desde então, a ofensiva se concentra em uma ocupação parcimoniosa, porém mortal, do leste e sul da Ucrânia.
"A situação na Ucrânia demonstra que os Estados Unidos estão tratando de prolongar este conflito", afirmou Putin, criticando em particular o apoio militar americano a Kiev.
Reunião Zelensky-Erdogan-Guterres
Em meio a essas hostilidades, o primeiro navio fretado pelas Nações Unidas zarpou do sul da Ucrânia com grãos para a África, graças a um acordo entre Moscou e Kiev com mediação turca, para permitir a passagem por portos ucranianos bloqueados.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, receberá na quinta-feira em Lviv (oeste) seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.
Neste encontro "será analisada" a implementação do acordo que permite a exportação de grãos e será abordada "uma série de temas em geral, como a necessidade de uma solução política ao conflito", disse o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, em coletiva de imprensa em Nova York.
"Não tenho nenhuma dúvida de que também será discutido o tema da central nuclear (de Zaporizhzhia)", acrescentou.
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"Sabotagem" na Crimeia
As acusações de Putin contra os Estados Unidos coincidiram com novas explosões em bases militares da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014 e usada como base logística das operações na Ucrânia.
Um arsenal pegou fogo na madrugada desta terça-feira, provocando a explosão das munições no distrito de Dzhankoi (norte da Crimeia), informou o Ministério russo de Defesa.
Dois civis ficaram feridos e os moradores de uma cidade próxima foram evacuados, informou o governador da Crimeia, Serguei Aksionov.
O incidente foi provocado por "um ato de sabotagem", afirmou o Exército russo, sem indicar culpados.
"Algumas infraestruturas civis, entre elas, um cabo de alta tensão, uma central elétrica, uma via férrea, além de várias residências, ficaram destruídas", acrescentou o relatório militar.
Há uma semana, uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas em explosões semelhantes em uma base aérea russa na Crimeia.
No Donbass (leste), a Ucrânia denunciou uma ofensiva "massiva" russa sobre uma refinaria de petróleo na recém-tomada cidade de Lysychansk.
Desde o início da invasão, as potências ocidentais impuseram duas sanções à Rússia com o objetivo de isolar o país economicamente e diplomaticamente.
A Finlândia anunciou nesta terça-feira que a partir de 1° de setembro limitará os vistos turísticos a cidadãos russos a 10% do volume atual.
Temores por "catástrofe" nuclear
A central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, se tornou há vários dias a principal preocupação do conflito.
Zelensky advertiu nesta terça que uma "catástrofe" na central afetaria toda a Europa.
O presidente francês, Emmanuel Macron, expressou em ligação telefônica com Zelensky sua "preocupação pela ameaça" das tropas russas "sobre as garantias e a segurança" da central e "pediu a retirada dessas forças", informou a Presidência francesa.
Estônia retira monumentos soviéticos
A Estônia, que como a Ucrânia já foi parte da União Soviética, decidiu retirar monumentos que remetiam a esta época.
"Como símbolos da repressão e da ocupação soviética, [esses monumentos] se tornaram fonte de crescentes tensões sociais", tuitou a primeira-ministra Kaja Kallas.