Ucrânia determina economia de energia após bombardeio russo à sua rede elétrica
Parte das centrais elétricas ucranianas foram destruídas no dia 10 de outubro
A Ucrânia impôs, nesta quinta-feira (20), restrições ao consumo de energia para amenizar as consequências da destruição de um terço de suas centrais elétricas por bombardeios russos.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, exortou a população, empresas e negócios a "economizarem o máximo possível" no consumo em iluminação e publicidade.
"Mesmo pequenas economias de cada família vão ajudar a estabilizar o sistema de energia do país", disse através das redes sociais.
Na segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv (nordeste), bombardeada há meses, a operadora do metrô anunciou que aumentaria os intervalos entre os trens para economizar eletricidade.
Segundo as autoridades ucranianas, 30% das usinas de energia do país foram destruídas por ataques de mísseis e drones das forças russas.
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Após uma reunião com as empresas de energia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que estão preparando "todos os cenários possíveis para o inverno" e "trabalhando na criação de pontos móveis de fornecimento de energia para infraestrutura crítica".
Para combater a contraofensiva ucraniana no sul e no leste, a Rússia lançou na semana passada uma campanha de bombardeio contra infraestruturas, usando em alguns casos, segundo Kiev e países ocidentais, drones fabricados pelo Irã.
Sanções por drones iranianos
A Rússia e o Irã negam o uso desses drones, mas a União Europeia (UE) impôs nesta quinta sanções a três generais iranianos e uma empresa acusada de fornecer essas armas. O Reino Unido aderiu a estas medidas.
"Esta é a nossa resposta clara ao regime iraniano, que fornece à Rússia drones usados para assassinar cidadãos ucranianos inocentes", disse o primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala.
A Ucrânia comemorou a resposta "rápida" do bloco. Moscou, por outro lado, acusou os países ocidentais de quererem "pressionar" o Irã.
Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia e é aliado da Rússia, está aumentando seu papel no conflito, especialmente desde que anunciou na semana passada uma força conjunta com Moscou.
As autoridades ucranianas indicaram, por outro lado, que viam um risco "crescente" de que a Rússia abra outra frente a partir de Belarus.
O país, que é aliado de Moscou, já servia de base para as tropas russas quando a invasão da Ucrânia começou, no final de fevereiro.
"Deportação em massa"
O presidente russo, Vladimir Putin, impôs na quarta-feira a lei marcial nos quatro territórios ucranianos anexados pela Rússia: Donetsk e Lugansk (no leste) e Zaporizhzhia e Kherson (sul).
Assim, autoridades russas podem reforçar o poder dos militares nessas áreas, impor toques de recolher, limitar o deslocamento e proibir as concentrações públicas.
Em uma das áreas anexadas, Kherson, autoridades pró-Rússia ordenaram a evacuação da região diante da pressão da contraofensiva ucraniana.
Nesta quinta-feira, cerca de 15.000 pessoas foram evacuadas para a outra margem do rio Dnieper, que contorna a cidade de Kherson, capital da região de mesmo nome.
"Acredite em mim, tudo vai ficar bem. A região de Kherson está agora para sempre liberta do nazismo", disse o oficial pró-Rússia, Kiril Stremeusov, no Telegram, garantindo que as regiões de Dnipro, Odessa e Mikolaiv seriam libertadas "em breve".
No total, as autoridades de ocupação planejaram a evacuação de 60.000 civis em Kherson nos próximos dias.
Para Kiev, trata-se de uma "deportação em massa" que visa a mudar "a composição étnica do território ocupado", nas palavras de Oleksiy Danilov, secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia.
Putin visitou um campo de treinamento para soldados mobilizados na região de Ryazan, a sudeste de Moscou, nesta quinta-feira, segundo imagens transmitidas pela televisão.
"Nada funciona"
A contraofensiva que permitiu à Ucrânia recuperar grandes porções de território no leste e no sul do país ganhou recentemente força em seu flanco sul.
Nas áreas retomadas por Kiev, os moradores iniciam as tarefas de reconstrução. Muitos ainda dependem de ajuda humanitária para sobreviver.
Além disso, nada funciona", lamenta Ivan Zakharchenko, um morador de 70 anos na fila para receber ajuda em Izium, recuperada há um mês.
O sofrimento causado pela guerra foi reconhecido pelo Parlamento Europeu, que na quarta-feira concedeu o Prêmio Sakharov de Liberdade de Pensamento deste ano "ao bravo povo da Ucrânia".