Ucrânia deve "baixar o tom e assinar o acordo", diz conselheiro de Trump
Autoridades americanas pressionam Kiev sobre acordo envolvendo exploração de minerais, incluindo terras raras
Em um novo desdobramento da crise aberta entre os EUA e a Ucrânia, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz, afirmou nesta quinta-feira que Kiev deveria "baixar o tom e assinar" os termos de um acordo proposto por Washington, que que receber o direito de exploração de recursos minerais em contrapartida pela ajuda bilionária enviada ao país ao longo da guerra com a Rússia.
O comentário de Waltz veio um pouco antes do enviado especial do presidente Donald Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, cancelar uma coletiva de imprensa que daria após um encontro com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.
— Eles precisam diminuir o tom, analisar bem e assinar esse acordo — disse Waltz, em entrevista à Fox News, acrescentando que a resistência apresentada pelo governo ucraniano aos termos e à forma como Trump vem conduzindo o processo de paz era "inaceitável".
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O comentário da autoridade de segurança em Washington acontece em um momento particularmente delicado entre os dois países, um dia após Trump e Zelensky trocarem farpas por meio de declarações públicas. Zelensky acusou o presidente americano de beneficiar Putin ao romper com o isolamento da Rússia e conduzir uma reunião bilateral na Arábia Saudita, e disse que o republicano vivia em uma "bolha de desinformação" russa. Trump retrucou, chamando o presidente ucraniano de "ditador", e sugeriu que ele estivesse interessado em usar o dinheiro americano para fins de corrupção.
O incidente diplomático teve repercussões imediatas na relação entre os países. O enviado especial de Trump à Ucrânia cancelou uma coletiva de imprensa que daria ao lado de Zelensky nesta quinta-feira, em Kiev, após uma reunião que estava pré-agendada, antes dos comentários dos dois presidentes. A equipe de Kellogg afirmou que ele não responderia a perguntas da imprensa e só apareceria para uma sessão de fotos e um aperto de mão protocolar.