Ucrânia esgotou seu armamento soviético e agora depende apenas dos aliados
De acordo com os EUA, mais de três meses após o início do conflito com a invasão russa na Ucrânia, seu equipamento já se esgotou ou foi destruído no campo de batalha
A Ucrânia não tem mais seu armamento de fabricação russa e soviética e agora depende totalmente de seus aliados para obter armas para contra-atacar a invasão russa, segundo fontes militares americanas.
Como um país que já fez parte da União Soviética, a Ucrânia construiu seu exército e indústria militar com equipamentos soviéticos e russos, armas pequenas, tanques, obuses e outros não comparáveis aos de seus vizinhos ocidentais.
Mais de três meses após o início do conflito com a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro, esse equipamento já se esgotou ou foi destruído no campo de batalha, afirmam fontes dos Estados Unidos.
Agora, as forças de Kiev usam ou aprendem a manusear armas utilizadas pelos Estados Unidos ou aliados europeus da Otan.
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Fluxo constante
No início da guerra, o Ocidente estava cauteloso em fornecer muito armamento a Kiev, temendo que isso levasse a um conflito entre Rússia e Otan. Também temia que sua tecnologia avançada caísse nas mãos dos russos.
Por outro lado, os aliados da Ucrânia ofereceram seu próprio arsenal de equipamento de fabricação russa, incluindo tanques e helicópteros, para reforçar as tropas de Kiev.
Os Estados Unidos também lideraram um esforço para fornecer munição, peças e suprimentos adicionais através de outros países da ex-União Soviética que pudessem atender às necessidades ucranianas.
No entanto, tudo isso já foi consumido ou destruído.
"Não existem mais no mundo", disse uma autoridade dos EUA sobre as armas russas e soviéticas.
Isso significa que as forças ucranianas foram forçadas a mudar para armas de especificação ocidental com as quais não estão familiarizadas.
Sem os velhos temores de escalar o conflito ou de a Rússia obter tecnologia sensível, os Estados Unidos e os parceiros da Otan agora enviam armamento pesado para a Ucrânia, como obuses e artilharia de foguetes Himars, cujo alcance de precisão é superior aos russos.
Sob a égide do Grupo de Contato para a Ucrânia, ministros da Defesa dos países aliados coordenam a assistência para que as forças de Kiev recebam um fluxo constante de munição, peças de reposição e armas, disse outro oficial militar dos EUA.
No entanto, as autoridades enfatizam que, se a chegada das armas é aparentemente lenta, é principalmente porque os aliados querem garantir que os militares da Ucrânia possam assimilá-las de forma constante e segura.
O ritmo controlado também reduz o risco de que os estoques de armas sejam destruídos por bombardeios dentro da Ucrânia. Por isso, os Estados Unidos estão enviando equipamentos por etapas.
O mais recente pacote de 700 milhões de dólares, anunciado em 1º de junho, inclui quatro sistemas de artilharia Himars, 1 mil mísseis antitanques Javelin e quatro helicópteros Mi-17 de fabricação soviética. Além disso, inclui 15 mil projéteis de obus, 15 veículos blindados leves e outras munições.
"Tentamos manter um fluxo constante", destacou um segundo funcionário americano.
Pressão por armas de longo alcance
Kiev pediu várias vezes sistemas de mísseis de precisão Himars de longo alcance, mas Washington os forneceu apenas quando sentiu que a Ucrânia estava pronta.
O presidente do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, manifestou na quarta-feira que enquanto quatro dos sistemas Himars estavam sendo preparados para a Ucrânia, o treinamento estava voltado ao mesmo tempo para capacitar um pelotão que pudesse operá-lo, um processo de várias semanas que poderia atrasar o envio.
O Himars é um "sistema de longo alcance altamente sofisticado", disse Milley à imprensa. "Temos que certificar esses homens para garantir que eles saibam como usar o sistema corretamente".
"Se eles o usarem de maneira adequada e eficaz, terão um efeito muito, muito bom no campo de batalha", afirmou.
No entanto, de acordo com uma autoridade de Washington, os Estados Unidos não consideram enviar seus drones táticos Grey Eagle para a Ucrânia por medo de que possam atacar áreas profundas da Rússia, uma medida que arriscaria levar Washington a um conflito direto com Moscou.