Logo Folha de Pernambuco

Guerra

Ucrânia insiste que míssil que caiu na Polônia era russo, contradizendo EUA e Otan

Míssil provocou a morte de dois homens no pequeno povoado polonês de Przewodow, nessa terça-feira (15)

 Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky - Foto: Genya Savilov / POOL / AFP

A Ucrânia persistiu em afirmar, nesta quarta-feira (16), que o míssil que caiu nessa terça-feira (15) na Polônia, matando duas pessoas, era russo, contrariando as versões de Estados Unidos e Otan, que o atribuem a um disparo da defesa antiaérea ucraniana.

"Não tenho nenhuma dúvida de que não foi um míssil nosso", disse o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky. "Penso que é um míssil russo, com base em nossos relatórios militares", acrescentou.

O míssil provocou a morte de dois homens no pequeno povoado polonês de Przewodow, situado a seis quilômetros da fronteira com a Ucrânia.

Inicialmente, o incidente gerou temores de uma escalada bélica, já que a Polônia é um país-membro da Otan e está amparada pelo compromisso de defesa coletiva da aliança.

Mas, com as primeiras investigações sobre o ocorrido, a tensão diminuiu parcialmente.

"O incidente foi provavelmente causado por um míssil do sistema ucraniano de defesa antiaérea para defender o país dos mísseis russos", disse o secretário-geral de Otan, Jens Stoltenberg.

O presidente polonês, Andrzej Duda, também afirmou que "não há indícios de que se trate de um ataque intencional contra a Polônia" e reiterou que é "bastante provável" que o míssil fosse ucraniano.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também disse em Bali, na Indonésia, onde participa da cúpula do G20, que era "pouco provável" que o míssil procedesse da Rússia.

E a Casa Branca indicou depois que não havia "visto nada que contradissesse" a versão polonesa, embora isso não eximisse a Rússia de "responsabilidade" pelos bombardeios maciços que realiza na Ucrânia. 

Mas esses relatórios não convenceram Zelensky, que pediu acesso a "todas as informações" das quais dispõem seus aliados ocidentais na guerra que a Ucrânia trava contra a Rússia desde o fim de fevereiro, quando as tropas de Moscou invadiram seu país.

O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa ucraniano, Oleksiy Danilov, disse que possuía "provas" do envolvimento russo e que estava disposto a entregá-las.

Por sua vez, as autoridades da Hungria, outro país da Otan, consideraram a atitude de Zelensky pouco "responsável".

A Rússia, em contrapartida, louvou a "reação comedida" de Washington.

Contudo, na localidade de Przewodow, os moradores estavam preocupados.

"Tenho medo. Não dormi durante a noite toda", disse Anna Magus, uma professora de 60 anos da escola primária do povoado.

'Evitar a escalada'
Depois do incidente, os líderes mundiais pediram que não houvesse conclusões precipitadas.

A China pediu "calma e moderação" e o chefe de governo alemão, Olaf Scholz, advertiu sobre o perigo que supõe chegar a conclusões "apressadas".

É "absolutamente essencial evitar a escalada da guerra na Ucrânia", assinalou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e continua ocupando partes de seu território apesar de uma série de derrotas nos últimos meses, como a retirada na semana passada da cidade de Kherson (sul). 

O general americano Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, reconheceu nesta quarta-feira que é pouco provável que Kiev recupere o controle de todos os territórios ocupados pelo exército russo, muitos deles desde 2014, como a península anexada da Crimeia.

Moscou também enfrenta uma onda de sanções do Ocidente, que fizeram com que o país entrasse em recessão econômica, com duas quedas sucessivas de seu PIB, de 4,1% no segundo trimestre e de 4% no terceiro.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter