Logo Folha de Pernambuco

Conflito

Ucrânia pede ao Ocidente vigilância e firmeza diante da Rússia

Vladimir Putin anunciou que enviará um pequeno número de tropas ao leste da Europa

Presidente da Ucrânia, Volodymyr ZelenskyPresidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky - Foto: HANDOUT / UKRAINE PRESIDENCY / AFP

A Ucrânia pediu neste sábado (29) aos países ocidentais "firmeza e vigilância" diante da Rússia, poucas horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, persistir com a pressão sobre seu colega russo, Vladimir Putin, ao anunciar que enviará um pequeno número de tropas ao leste da Europa.

A Rússia concentrou desde o fim de 2021 dezenas de milhares de soldados na fronteira com a Ucrânia, o que aumentou os temores de invasão. Moscou neta que planeje um ataque, mas exige garantias para sua segurança, incluindo o compromisso de que a Ucrânia, uma ex-república soviética, nunca será admitida como membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Estados Unidos e Otan se negam a aceitar as exigências, mas tanto os países ocidentais como a Rússia deixaram até o momento a via aberta para as negociações.

O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, destacou em uma conversa por telefone com o colega francês Jean-Yves Le Drian "a importância de continuar vigilantes e firmes nos contatos com a Rússia", segundo um comunicado divulgado por sua pasta.

Ele defendeu uma "solução política e diplomática" para a crise.

Horas antes, Biden anunciou que mobilizará "tropas para o leste da Europa e países da Otan a curto prazo, não muitas". O governo dos Estados Unidos já colocou 8.500 soldados em alerta para reforçar a Otan.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, afirmou na sexta-feira que, com mais de 100 mil soldados concentrados na fronteira com a Ucrânia, a Rússia tem forças suficientes para uma invasão, mas destacou que um conflito entre Kiev e Moscou "não é inevitável".

"Ainda há tempo e espaço para a diplomacia", declarou.

Aposta diplomática

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que deve conversar com Putin nos próximos dias, afirmou que está "decidido a acelerar os esforços diplomáticos e fortalecer a dissuasão para evitar um derramamento de sangue na Europa".

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, desembarcará em Kiev na terça-feira. "A Polônia apoia a Ucrânia para evitar a agressão russa", declarou o porta-voz do governo de Varsóvia, Piotr Muller.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, enfatizou que "a probabilidade de ataque existe, não desapareceu e não foi menos grave em 2021, mas não vemos nenhuma escalada maior do que já existia" no ano passado.

"Não precisamos desse pânico", reforçou. 

Durante uma conversa com o presidente francês Emmanuel Macron na sexta-feira, Zelensky pediu o aumento das "reuniões e negociações (...) enquanto existir um clima propício para o diálogo".

A Rússia nega ter planos de invasão, mas se considera ameaçada pela expansão da Otan para o leste nos últimos 20 anos e pelo apoio ocidental à Ucrânia. 

Por esse motivo, o Kremlin condicionou a desescalada à interrupção da política expansionista da Aliança e ao retorno às posições de 1997. 

Estados Unidos e Otan rejeitaram na quarta-feira as principais demandas russas.

"Necessidade de desescalada"

Em uma conversa telefônica, Macron e Putin destacaram na sexta-feira a "necessidade de desescalada" e a continuidade do "diálogo".

"O presidente Putin não expressou nenhuma intenção ofensiva", destacou a presidência francesa

Tanto a Europa como os Estados Unidos ameaçaram aplicar duras sanções contra a Rússia se esta decidir invadir a Ucrânia.

Sobre a mesa estariam o estratégico gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha, e o bloqueio do acesso russo às transações em dólares. 

Na sexta-feira, Washington e a União Europeia afirmaram em um comunicado conjunto que estão trabalhando para o fornecimento de "volumes adicionais de gás natural" à Europa, com o objetivo de enfrentar eventuais consequências de uma "nova invasão russa da Ucrânia". 

O governo dos Estados Unidos exigiu que o Conselho de Segurança da ONU organize uma reunião na segunda-feira devido à "clara ameaça" que, segundo Washington, Moscou representa à "paz e segurança internacionais".

Moscou alertou que, caso seus pedidos não fossem atendidos, responderia com força, mas não especificou como. 

Na sexta-feira à noite, a diplomacia russa anunciou a proibição de entrada no país de funcionários das forças de segurança e órgãos legislativos e executivos de alguns países da UE que são "pessoalmente responsáveis pela propagação da política antirrussa".

Parlamentares russos sugeriram que o país deveria reconhecer e distribuir armas aos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia. Moscou é apontado como o incitador do conflito iniciado em 2014 - e que se tornou ainda mais intenso após a anexação russa da península da Crimeia.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter