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Guerra na Ucrânia

Ucrânia reconhece morte de 9 mil soldados nos seis meses de guerra

A declaração do chefe do Exército é a primeira sobre as perdas militares de Kiev desde abril

Um sapador ucraniano examina uma cratera após um ataque de mísseis na vila de Rohan, perto de Kharkiv, em 21 de agosto de 2022, em meio à invasão russa da UcrâniaUm sapador ucraniano examina uma cratera após um ataque de mísseis na vila de Rohan, perto de Kharkiv, em 21 de agosto de 2022, em meio à invasão russa da Ucrânia - Foto: SERGEY BOBOK / AFP

A Ucrânia reconheceu nesta segunda-feira (22) que cerca de 9 mil soldados ucranianos morreram desde o início da invasão russa há seis meses, em um conflito sem sinais de acabar, que já causou danos humanos e materiais significativos. 

"Cerca de 9 mil heróis morreram", disse o comandante-chefe do exército ucraniano, general Zaluzhny, durante uma manifestação pública. 

Zaluzhny acrescentou que há crianças ucranianas que precisam de atenção especial, porque seus pais foram para o front e "provavelmente estavam entre os 9 mil heróis que morreram". 

A declaração do chefe do Exército é a primeira sobre as perdas militares de Kiev desde abril. 

Na quarta-feira, a Ucrânia celebrará seu dia da independência, que este ano coincide com seis meses desde a invasão russa. 

"Acho que estamos enfrentando uma guerra em grande escala", disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, durante uma coletiva de imprensa no norte da Espanha, na qual anunciou que a União Europeia discutirá a criação de uma grande "organização de treinamento e ajuda" do exército ucraniano. 

Depois de fracassar em sua tentativa de tomar Kiev devido à resistência das tropas ucranianas, Moscou concentrou sua ofensiva no sul e leste do país, onde tenta controlar todo o Donbass, parcialmente ocupado por separatistas pró-russos desde 2014.

Putin denuncia "crime vil"

Dois dias antes do aniversário de seis meses da invasão, os serviços de segurança russos (FSB) acusaram a Ucrânia de ter matado Daria Dugina, filha de um ideólogo próximo ao Kremlin, que morreu no sábado na explosão de seu veículo perto de Moscou . 

O "assassinato" de Daria Dugina, filha de Alexander Dugin, "foi preparado e cometido pelos serviços especiais ucranianos", disse o FSB em comunicado citado por agências russas. 

O presidente russo, Vladimir Putin, chamou a morte de Dugina de "crime vil" em uma mensagem de condolências divulgada pelo Kremlin nesta segunda-feira. 

Ela era "uma pessoa brilhante e talentosa com um coração verdadeiramente russo", acrescentou. 

De acordo com o FSB, a pessoa que colocou o explosivo no veículo é uma mulher ucraniana nascida em 1979 que alugou um apartamento no mesmo prédio onde Dugina morava. Após o ataque, ela fugiu para a Estônia, acrescentou. 

"A Ucrânia não tem absolutamente nada a ver com a explosão, porque não somos um Estado criminoso", disse o assessor presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, no domingo. 

Alexander Dugin, de 60 anos, é um intelectual e escritor ultranacionalista, que apoia fortemente a invasão russa da Ucrânia, assim como sua filha.

A acusação ameaça aumentar ainda mais a tensão entre os dois países, no momento em que o presidente ucraniano Volodimir Zelensky alertou que a Rússia pode estar preparando algo particularmente "cruel" esta semana. 

No domingo, Zelensky afirmou que a Rússia poderia tomar a medida provocativa de julgar os soldados ucranianos detidos durante o ataque de Mariupol, no sul do país.

Aniversário da independência

"Se esse julgamento desprezível acontecer, se nosso povo for levado a esse cenário em violação de todos os acordos, todas as regras internacionais, haverá abusos", destacou Zelensky em um discurso durante a noite. 

"Essa será a linha a partir da qual não haverá negociação possível", acrescentou. 

O conselheiro presidencial Mikhailo Podoliak também havia alertado que a Rússia poderia intensificar seus bombardeios nos dias 23 e 24 de agosto. 

Diante desses temores, as autoridades de Kiev anunciaram a proibição de qualquer manifestação pública de 22 a 25 de agosto e em Kharkiv, a segunda cidade ucraniana, o governador anunciou um longo toque de recolher. 

A invasão da Ucrânia virou o mercado global de energia de cabeça para baixo e o conflito já está tendo consequências no aumento dos preços da energia e na escassez de alimentos. 

Dada a perspectiva de queda dos termômetros, os europeus se preparam para um inverno difícil devido à escassez de gás da Rússia.

Nesta segunda-feira, a Bulgária afirmou que tenta negociar com a gigante russa Gazprom. O país é quase totalmente dependente da Rússia para seu consumo anual de 3 bilhões de metros cúbicos de gás natural. 

"Obviamente temos que recorrer a eles", disse o ministro da Energia, Rosen Hristov.

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