Guerra na Ucrânia

Ucrânia também defende a Europa, afirma Zelensky e aliados em Bruxelas

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, afirmou que a "Ucrânia é Europa e o futuro do país está na União Europeia"

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky durante uma conferência de imprensa conjunta com o presidente da Comissão EuropeiaO presidente ucraniano Volodymyr Zelensky durante uma conferência de imprensa conjunta com o presidente da Comissão Europeia - Foto: Sergei Supinsky / AFP)

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou nesta quinta-feira (9) em Bruxelas que, ao resistir à ofensiva russa, o país também está defendendo a Europa, em um discurso no Parlamento Europeu que foi recebido com muitos aplausos.

"Estamos nos defendendo da força mais antieuropeia do mundo moderno. Estamos nos defendendo e estamos defendendo vocês", disse o chefe de Estado ucraniano, de acordo com a tradução de seu discurso, em uma sessão plenária extraordinária.

Depois de visitar Londres e Paris na quarta-feira, Zelensky desembarcou nesta quinta-feira na capital belga para participar em uma reunião de cúpula de líderes da União Europeia (UE) e teve uma recepção digna de herói.

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, afirmou que a "Ucrânia é Europa e o futuro do país está na União Europeia".

Metsola disse que os países da UE "devem considerar a entrega de sistemas de longo alcance e os caças que vocês precisam para proteger esta liberdade que muitos consideram algo garantido".

A frase de Metsola é uma referência ao principal tema da visita de Zelensky: convencer os aliados europeus a acelerar o envio de armas e também a ceder aviões de combate à Ucrânia.

"Nossa resposta deve ser proporcional à ameaça. E a ameaça é existencial", afirmou a presidente do Parlamento Europeu.

Na quarta-feira à noite, Zelensky se reuniu em Paris com o presidente francês Emmanuel Macron e com o chefe de Governo alemão, Olaf Scholz.

Antes da rápida viagem pela Europa, Zelensky fez em dezembro uma visita relâmpago a Washington, onde se reuniu com o presidente americano, Joe Biden, na Casa Branca. Esta foi sua primeira viagem ao exterior desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.

No rascunho da declaração final da reunião de cúpula, os líderes destacam que "o apoio da UE à independência, soberania e à integridade do território da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas (...) continua sendo inabalável".

A versão do documento, consultada pela AFP, reitera a "enérgica condenação da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, que constitui uma violação manifesta da Carta da ONU".

"Sinal de solidariedade"
Diante da ofensiva russa, a Ucrânia solicitou a adesão à UE de forma expressa, mas vários líderes do bloco recordaram que o processo é extraordinariamente complexo e normalmente demora vários anos, em alguns casos mais de uma década.

No rascunho da declaração, a UE "reconhece" os esforços da Ucrânia para a adesão e estimula o país "a continuar neste caminho e a cumprir as condições" estabelecidas pela Comissão Europeia (o braço Executivo da UE).

Antes do encontro de cúpula, Scholz afirmou que esta é uma oportunidade para "enviar mais uma vez um sinal de unidade e de solidariedade".

"Vamos manter o apoio à Ucrânia pelo tempo que for necessário", disse.

A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, declarou que "é muito importante acelerar a ajuda militar para a Ucrânia".

Em Londres e Paris, a mensagem de Zelensky foi a mesma: a Ucrânia precisa de mais armas, em particular de caças e mísseis de longo alcance, assim como de envios mais rápidos de equipamentos.

"O quanto antes a Ucrânia tiver armas pesadas de longo alcance, o quanto antes nossos pilotos tiverem aviões, mais rápido esta agressão russa terminará e seremos capazes de retornar à paz na Europa", declarou Zelensky no Palácio do Eliseu.

Em Londres, ele se reuniu com o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, visitou o Parlamento e foi recebido pelo rei Charles III.

Ao lado de Sunak, Zelensky destacou a "importância de a Ucrânia receber as armas necessárias dos aliados para deter a ofensiva russa". Depois, diante dos parlamentares britânicos, insistiu em que a medida deve incluir caças.

"Peço, a vocês e ao mundo, palavras simples, mas muito importantes: aviões de combate para a Ucrânia, asas para a liberdade", afirmou.

Alemanha concordou recentemente com o envio de veículos de combate e na terça-feira anunciou, em conjunto com a Holanda e a Dinamarca, o envio de "pelo menos 100 tanques Leopard 1 A5" nos "próximos meses". Mas outros países que haviam anunciado um compromisso parecem hesitar atualmente.

Analistas acreditam que a Rússia prepara uma grande ofensiva para o final do inverno, ou início da primavera (hemisfério norte), com o objetivo de conquistar toda região do Donbass, ocupada parcialmente no momento pelas tropas de Moscou.

O Reino Unido, até agora relutante em fornecer caças Typhoon e F-35, afirmou que analisará a possibilidade, embora não a considere imediata.

A Rússia prometeu "uma resposta a qualquer medida hostil que a parte britânica tomar", de acordo com um comunicado divulgado pelas agências de notícias do país.

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