Ucrânia usou foguetes americanos de longo alcance GLSDB, diz Rússia
Projéteis, fabricados pela americana Boeing e pela sueca Saab, tem alcance de até 150 km
A Rússia afirmou, nesta terça-feira (28), que abateu um foguete americano de longo alcance GLSDB, confirmando pela primeira vez que essas munições foram entregues à Ucrânia, que considera esse tipo de armamento crucial para lançar uma contraofensiva.
O governo de Kiev não forneceu informações sobre o emprego desse tipo de foguete, projétil de pequeno diâmetro e alta precisão.
Leia também
• Rússia pede dois anos de prisão para homem por desenho contra a invasão na Ucrânia
• Biden faz 2ª Cúpula pela Democracia em meio a preocupações com Rússia e China
• Alemanha forneceu 18 tanques Leopard 2 para a Ucrânia, afirma imprensa
O Ministério da Defesa russo informou que "a defesa antiaérea (...) derrubou 18 foguetes do sistema Himars e um foguete guiado GLSDB" (sigla para "Ground Launched Small Diameter Bomb").
Esses projéteis, fabricados pela americana Boeing e pela sueca Saab, com alcance de até 150 km, podem atingir posições russas, especialmente depósitos de armas, longe das linhas de frente.
"A precisão dos GLSDB é tão elevada que podem atingir a roda de um pneu", afirma a empresa Saab em seu site.
Relutância inicial
A Ucrânia tem insistido em que precisa deste tipo de munições para destruir as linhas de suprimento russas e contrabalançar sua falta de tropas e equipamentos, visando uma contraofensiva no sul e leste do país.
Em junho de 2022, a entrega ao exército ucraniano de sistemas de lançadores de foguetes móveis de alta precisão Himars, com munições com alcance de 80 km, permitiu a Kiev atacar as reservas do exército russo e infligir duros golpes a Moscou.
Com essa vantagem, Kiev conseguiu tomar amplos territórios do sul e nordeste da Ucrânia entre setembro e novembro.
Em resposta à ameaça dos Himars, as forças russas estenderam suas linhas de suprimento, movendo suas reservas de munição para mais longe do front.
Os países ocidentais inicialmente hesitaram em fornecer sistemas de alcance mais longo à Ucrânia, devido aos temores de que fossem utilizados para atacar o território russo, provocando uma escalada do conflito.
A Ucrânia, por sua vez, prometeu repetidamente que essas armas serão usadas apenas para atacar alvos em territórios ocupados.
Após a Ucrânia sofrer uma onda de ataques contra suas cidades e infraestruturas, os Estados Unidos anunciaram em 3 de fevereiro que forneceriam a Kiev sistemas GLSDB.
No entanto, não foi divulgado um cronograma para as entregas e algumas fontes estimaram que levaria vários meses.
Além das munições, desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, a Ucrânia tem insistido em que precisa de centenas de tanques pesados para fazer frente à invasão.
Os países ocidentais prometeram enviar tanques de guerra, mas o número de envios parece estar aquém das expectativas de Kiev.
Na segunda-feira, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, anunciou ter recebido um arsenal de tanques britânicos Challenger, veículos blindados americanos Stryker e Cougar e veículos alemães Marder.
Para a Rússia, o envio de armas ocidentais é uma prova de que os Estados Unidos e a Europa estão travando uma guerra indireta contra a Rússia.
Em resposta a essa ajuda, a Rússia anunciou que implantará armas nucleares táticas em Belarus, país vizinho da Ucrânia que emprestou seu território para a invasão russa, embora não participe do combate.
Belarus confirmou, nesta terça-feira, que abrigará armas nucleares táticas, ainda que tenha dito que seu exército não terá controle sobre o arsenal.
Além disso, o Ministério das Relações Exteriores bielorrusso afirmou que isso "não contradiz de forma alguma os artigos I e II do Tratado de Não Proliferação Nuclear".