UE e países do Golfo pedem fim da "escalada perigosa" no Oriente Médio
"Precisamos de um cessar-fogo imediato em Gaza e no Líbano", disse Ursula von der Leyen
Os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e da União Europeia apelaram pelo fim da escalada bélica e para que se evite uma conflagração regional no Oriente Médio, ao iniciarem, nesta quarta-feira (16), uma reunião de cúpula em Bruxelas.
A lista de participantes inclui o príncipe herdeiro saudita Mohamed bin Salman, líder de fato da potência petrolífera e presença confirmada de última hora.
"Necessitamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance e mobilizar todas as nossas habilidades diplomáticas para deter a escalada extremamente perigosa", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
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"Precisamos de um cessar-fogo imediato em Gaza e no Líbano", insistiu a mandatária.
Von der Leyen alertou que a situação já é grave, devido ao "maciço ataque balístico" do Irã contra Israel e "aos ataques dos huthis (do Iêmen) contra nossos barcos", que "perturbam a liberdade de navegação".
Já o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, disse que "a guerra que Israel tem travado até hoje contra a Palestina e o Líbano, que transformou os crimes de guerra em algo normal, é algo que não podemos aceitar".
"Precisamos de uma solução para esses conflitos. Precisamos encontrar uma solução para a causa palestina", acrescentou.
Os líderes dos seis Estados do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG: Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã e Catar) e da UE também falarão sobre comércio, energia e mudança climática.
No entanto, os diplomatas admitem que as operações militares de Israel em Gaza e no Líbano e a crescente tensão entre Israel e o Irã, com o consequente risco de uma guerra regional mais ampla, estarão "no topo da agenda".
Por sua vez, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ressaltou que as diversas crises geopolíticas "causaram imenso sofrimento humano. Devemos agir com determinação para mudar o curso da história".
"Somos parceiros, com interesses alinhados", disse o primeiro-ministro belga, Alexandre de Croo, ao chegar à reunião, que também expressou a sua confiança de que as discussões promoverão uma desescalada na região.
Preocupações compartilhadas
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, também participa da reunião.
"Compartilhamos as mesmas preocupações sobre a paz e a segurança em toda a região", disse Borrell na tarde de terça-feira, antes de um jantar de trabalho com os ministros das Relações Exteriores do CCG.
Os países da UE buscam reforçar os seus vínculos econômicos com os seis Estados do CCG, uma vez que o bloco europeu é o segundo maior parceiro comercial do grupo do Golfo.
No entanto, as negociações sobre um acordo de livre comércio, iniciadas na década de 1990, continuam estagnadas.
Atualmente, os dois blocos apresentam diferenças óbvias, principalmente em relação à guerra na Ucrânia, onde os países do Golfo não apoiaram a política europeia de sanções contra a Rússia pela invasão iniciada em 2022.
"Estamos muito mais de acordo sobre o Oriente Médio", disse outro responsável europeu na terça-feira. "Tanto para a UE como para o CCG, queremos estabilidade na região e a redução" das tensões, acrescentou.
Os países da UE pedem reiteradamente um cessar-fogo no Líbano e em Gaza.
Por sua vez, o influente bin Salman, de 39 anos, descartou no mês passado a normalização das relações com Israel sem o reconhecimento prévio de um Estado palestino.
Bahrein e os Emirados Árabes Unidos estabeleceram laços formais com Israel em 2020.