UE espera que saída de Johnson permita um diálogo renovado sobre a Irlanda do Norte
Para o ex-negociador da UE para o Brexit, Michel Barnier, a saída de Boris Johnson "abre uma nova página nas relações com o Reino Unido"
A União Europeia (UE) espera que a saída do primeiro-ministro britânico Boris Johnson seja uma oportunidade para renovar o diálogo com Londres sobre a Irlanda do Norte, marcada por tensões desde o Brexit.
"As relações entre a UE e o Reino Unido sofreram muito com a escolha de Johnson sobre o Brexit. As coisas só podem melhorar", tuitou o deputado belga Guy Verhofstadt, um federalista convicto e ex-coordenador do Brexit no Parlamento Europeu.
Boris Johnson's reign ends in disgrace, just like his friend Donald Trump. The end of an era of transatlantic populism? Let's hope so.
— Guy Verhofstadt (@guyverhofstadt) July 7, 2022
EU - UK relations suffered hugely with Johnson's choice of Brexit. Things can only get better!
Para o ex-negociador da UE para o Brexit, Michel Barnier, a saída de Boris Johnson "abre uma nova página nas relações com o Reino Unido".
Uma relação "mais construtiva, mais respeitosa dos compromissos assumidos, entre outros em matéria de paz e estabilidade na Irlanda do Norte, e mais amigável com os parceiros da União Europeia, porque ainda há muito a fazer em conjunto", disse .
Leia também
• Irlanda pede ao Reino Unido que cumpra palavra sobre a Irlanda do Norte
• Ucrânia quer lugar "reservado" na União Europeia
• União Europeia fecha acordo para lei que restringe ação de big techs
A Comissão Europeia não comentou o anúncio de Johnson, que renunciou à liderança do Partido Conservador nesta quinta-feira (7), o que resultará em sua saída do cargo de primeiro-ministro quando seu partido indicar seu sucessor.
O Executivo da UE prefere ser cauteloso, esperando que seu sucessor seja anunciado.
Os "eventos políticos" não mudam a vontade de "buscar soluções" para a disputa sobre os acordos alfandegários pós-Brexit na Irlanda do Norte, destacou.
Johnson chegou ao poder em meados de 2019 após uma vitória esmagadora e liderou a saída do Reino Unido da União Europeia.
Sob sua liderança, Londres quebrou unilateralmente o Protocolo da Irlanda do Norte, o que a União Europeia considera ilegal.
O texto foi assinado e ratificado por ambas as partes para responder à delicada questão da fronteira entre a Irlanda do Norte, região do Reino Unido, e a República da Irlanda, país membro da UE.
O objetivo é proteger a integridade do mercado único europeu e evitar o ressurgimento de uma fronteira terrestre que ameace a frágil paz imposta pelo acordo da Sexta-feira Santa de 1998.
Um dos candidatos a sucedê-lo é a ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, "muito ofensiva com o protocolo", disse Elvire Fabry, do Instituto Jacques Delors.
"O estilo será diferente, mais previsível", mas "o mesmo partido continua no poder. Não há divergência na linha a seguir na relação com a UE", alertou um diplomata europeu.