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Pesquisa

UFRPE lidera estudo para identificação da Covid-19 por cães

Os animais seriam valorosos em ambientes com grande circulação de pessoas, distinguindo casos ativos da doença

Cão Sinatra está sendo treinado para identificar casos da Covid-19Cão Sinatra está sendo treinado para identificar casos da Covid-19 - Foto: Divulgação

Que os amáveis melhores amigos do homem possuem um faro poderoso não é novidade, mas imagina identificar o novo coronavírus? Um estudo liderado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) em parceria com a Escola Nacional Veterinária de Alfort, na França, busca viabilizar a utilização de cães no reconhecimento de pessoas infectadas pela Covid-19. O objetivo é detectar precocemente casos ativos para proteger ambientes com grande circulação de pessoas. A iniciativa integra o Projeto Internacional Nosaïs e já está em fase avançada de testes com animais na instituição Amarante do Brasil, em São Paulo. 

Cães treinados conseguem identificar pólvora, entorpecentes, malária, diabetes, além dos cânceres de mama, pulmão e até próstata. Para cada detecção, há um treinamento e forma de reconhecimento do que deve ser farejado pelo animal. Com a Covid-19, o estudo prevê que os animais consigam detectar a doença graças aos biomarcadores presentes na reação do novo coronavírus com a sudorese humana. 

A partir de amostras de pacientes com resultados positivos ou negativos, os cães recebem o treinamento para a identificação da Covid-19. A pesquisa acontece em parceria com a Secretaria de Saúde de Paudalho, que disponibilizou membros de sua equipe para realizar coletas nos usuários do sistema de saúde que apresentam síndrome respiratória. É realizado um colhimento de suor através de chumaço de algodão em cada axila da pessoa que se disponibiliza a participar do estudo. Uma amostra desse material fica na UFRPE para identificação de biomarcadores (moléculas que estão presentes na reação do vírus com a sudorese humana) nos laboratórios. O outro segue para São Paulo, onde ocorrerá treinamento dos cães que fazem parte do estudo. 

Pesquisadores da UFRPE lideram estudo para utilização de cães na identificação precoce de portadores de COVID-19

Iniciada em abril deste ano, a pesquisa já está em finalização da fase inicial. De acordo com o coordenador do projeto em Pernambuco, professor Anísio Francisco Soares, os animais que estão sendo treinados já conseguem identificar qual amostra é positiva ou negativa para a Covid-19. "A fase dois é trazer esses cães para o nosso município parceiro. Nos centros de testagem, o cão vai passar a sentir e a cheirar os possíveis infectados, fazer exatamente o que é feito no aeroporto quando detectam entorpecentes e pólvora, por exemplo", explicou o biólogo. 

O professor explicou que cães farejadores são treinados especificamente para uma tarefa. Não é o mesmo cachorro que fareja pólvora, drogas ou identifica câncer. Cada animal é treinado para uma "especialidade". Felizmente, ao iniciar a pesquisa, o Centro de Treinamento dos Cães de Detecção da Amarante tinha dois animais adultos aptos para iniciar o treinamento de identificação. Estes animais serão trazidos de São Paulo para dar início à próxima fase da pesquisa em Paudalho. Caso seja confirmada a hipótese de que os animais conseguem reconhecer o vírus em pessoas, até o final do ano os cães treinados poderão ser usados para detectar casos da Covid-19. A princípio, a ação deve ser realizada nos estados de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro, podendo avançar para outros estados brasileiros. 

Com a flexibilização do isolamento social, necessidade de convivência com o vírus e risco de uma nova onda de Covid-19, a identificação de casos com rapidez é crucial para evitar uma maior disseminação da doença. “Se você analisar um cão farejador, em média, em uma fila para entrar em algum lugar, em uma hora ele consegue fazer o trabalho em 500 pessoas. Imagina a capacidade que teria o uso do animal em uma fila para identificar a Covid-19?”, falou o coordenador da pesquisa. “A importância é que em filas nos aeroportos, teatros, jogos de futebol, o cão vai passando e identificando casos. A pessoa que o cão identificar vai ser convidada a entrar em isolamento”, informou o professor Anísio Soares. Pessoas identificadas pelos animais ainda seriam testadas laboratorialmente para a doença.

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