UFRPE pode parar a partir de novembro por falta de recursos para pagar água, luz e terceirizados
Reitor vai ao MEC, em Brasília, apresentar a situação orçamentária da instituição e buscar novos recursos
O funcionamento da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) pode ser prejudicado a partir de novembro deste ano devido à falta de recursos para custos com água, luz e pagamento dos funcionários terceirizados. A informação foi confirmada pelo reitor da instituição de ensino, Marcelo Carneiro Leão, em entrevista à Folha de Pernambuco, nesta terça-feira (6).
De acordo com o gestor, os consecutivos cortes do governo federal no orçamento do Ministério da Educação (MEC) impactaram drasticamente na receita da UFRPE e de todas as universidades federais do Brasil.
"Todas as universidades estão nessa situação. Nós não temos recursos para custeio de água, energia, terceirização, toda a parte que faz a manutenção e operação da universidade. Eu só consigo pagar os custos até outubro. Novembro e dezembro, nós não temos mais recursos, depois dos cortes que sofremos de 32,5% no início do ano e mais 14% que foi retirado pela PEC da Bondade", afirmou o reitor.
Marcelo Carneiro informou, ainda, que, no dia 15 deste mês, ele vai à sede do MEC, em Brasília, apresentar a situação orçamentária da instituição e buscar novos recursos.
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"Vou ao MEC mostrar toda a situação e solicitar, mais uma vez, alguma recomposição orçamentária para que eu tenha, minimamente, recursos para funcionar em novembro e dezembro".
Ainda de acordo com o reitor, caso não ocorra a recomposição, uma reunião deverá ser feita com os conselhos da universidade, que vão debater e decidir quais medidas serão adotadas.
"Decidiremos se vamos funcionar com alguns ajustes mais fortes no presencial ou vamos suspender as atividades e aguardar a recomposição no ano de 2023. Essas discussões serão feitas com os conselhos. Eu espero não precisar. Espero recompor o orçamento e finalizar o ano como estava previsto, com o funcionamento presencial".
De acordo com o pró-reitor de administração da UFRPE, Mozart Oliveira, o orçamento da instituição tem sofrido cortes desde 2019.
“A situação atual é dramática. A gente tinha um orçamento, em 2019, de R$ 73 milhões. Neste ano, o orçamento caiu para R$ 60 milhões. O governo cortou R$ 4,4 milhões ao longo deste ano e ficamos com R$ 55,6 milhões. Só que esse orçamento deveria ser atualizado pela inflação para R$ 93 milhões, para mantermos o mesmo padrão”, informou.
Ainda de acordo com Mozart Oliveira, as despesas somente com contratos chegam a R$ 60 milhões, o que obrigou a instituição a cortar gastos e reduzir o quadro de funcionários.
“Para essas despesas com água, luz e terceirizados, só temos R$ 45 milhões. A despesa mensal é de R$ 5 milhões. Fizemos uma economia para chegar até aqui. Não temos como manter os contratos, vamos ter que renegociar com os fornecedores, mas eles podem não manter os serviços em novembro e dezembro. Só em 2021, nós cortamos 120 postos de terceirizados. Não temos mais de onde cortar”.
Mais de 20 mil pessoas, entre estudantes, professores, técnicos e terceirizados, compõem a UFRPE.
Atualmente, os estudantes finalizam o semestre letivo 2021.2, que será encerrado em outubro. No início de novembro, será iniciado o semestre 2022.1, devido ao atraso provocado pela pandemia de Covid-19.
A reportagem aguarda retorno do Ministério da Educação (MEC).