UFRPE realiza estudo para melhorias no Parque Estadual Dois Irmãos; confira sugestões
Estudantes apresentaram à equipe do Parque protocolos para manutenção do parque e instruções para um melhor manejo dos animais
Confecção de prótese para um gavião, mudança nas placas de identificação dos animais e informações mais claras sobre cada espécie foram algumas das melhorias sugeridas por alunos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) para o Parque Estadual Dois Irmãos (Pedi), localizado no bairro de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife.
As sugestões foram apresentadas semana passada e integram o projeto que visa a melhorar a qualidade de vida dos animais e a experiência do usuário em zoológicos, momento em que o Parque, assim como outras instituições estão passando pela transição na sua administração, se tornando uma Parceria Público Privada.
O estudo busca avaliar o comportamento de animais selecionados pelo Parque, através de avaliações feitas pelos estudantes da disciplina eletiva de Psicobiologia, fornecida pela UFRPE e ministrada pelas professoras Maria Adélia e Cristiane de Castro, para os alunos dos cursos de biologia, zootecnia, medicina veterinária e engenharia de pesca.
Com início em março e terminando em abril, grupos com três estudantes observaram os 10 animais selecionados para o estudo. Cada trio ficou responsável pela avaliação de um animal.
Estudantes da UFRPE realizam estudo para melhoria no Parque Estadual Dois Irmãos - Foto: divulgação/Semas
Foram desenvolvidos alguns métodos de observação, durante o período de dois meses, sendo nas primeiras cinco semanas o momento para coleta de dados e nas duas semanas seguintes o período da análise dos dados recolhidos.
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Durante o estudo, os animais eram colocados em diferentes situações como mudanças de recinto, compartilhamento de espaço e nascimento de novos indivíduos. Os métodos eram usados com o intuito de verificar se as mudanças causariam alterações no bem-estar dos indivíduos, sejam elas positivas ou negativas.
Um exemplo foi o do grupo responsável pela iguana, apelidada de "Alfredo". O animal adquiriu uma queratose por bater seu nariz no vidro do recinto e precisou ser transferida para outro.
Segundo Maria Adélia, uma das professoras responsáveis, algumas mudanças já estão sendo feitas no zoológico, como é o caso de um gavião carijó fêmea que é cega de um olho e não possui uma das pernas. O grupo responsável pelo animal identificou a deficiência, que foi apresentada à equipe do zoológico, que entrou em contato com o laboratório da universidade para ser feita uma prótese para o gavião.
Outras mudanças, como reformas nos recintos, precisam ficar em espera por necessitar de recursos que devem ser liberados pela gestão do parque, que no momento está sem um líder.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha de Pernambuco (Semas-PE), a previsão para chegada de um novo gestor ainda não está definida, de acordo com uma nota fornecida pela Semas para a Folha de Pernambuco, um comitê especial para a escolha do novo gestor do Parque Estadual Dois Irmãos está em andamento. Após a escolha, o nome vai para o processo de nomeação, que pode ser imediato ou demorar alguns dias.
Para além de identificar pontos para melhoria do bem estar do animal, o estudo também avaliou questões na experiência do usuário. Essa parte do projeto, nomeada de “Estudo de Audiência”, identificou através da observação e escuta de comentários e expressões, sem qualquer tipo de intervenção, pontos que deveriam ser melhorados para que o público despertasse um maior interesse na visitação, buscando entender a percepção dos visitantes em relação ao zoológico e aos animais.
Um dos pontos identificados pelo grupo responsável pelo casal de porco-cateto foi o tempo de duração em que um vistante passava observando o animal, que variava de 3 a 45 segundos. Segundo os alunos, nem todos liam as placas de identificação dos animais; na avaliação, de 98 visitantes observados apenas 12 pararam para ler.
As sugestões dadas pelos estudantes foram a de mudar a placa de lugar e colocar informações mais claras sobre o animal.
Em entrevista à Folha de Pernambuco, a professora Maria Adélia contou que o resultado final do estudo foi muito proveitoso. "Tanto ele contribui como questão científica como com a questão do próprio bem estar do animal”, disse.
O estudo forneceu também protocolos para manutenção e instruções para um melhor manejo dos animais do zoológico. “Os alunos ficaram muito entusiasmados e os técnicos, muito agradecidos por essa discussão” relata Adélia, “muita coisa foi esclarecida”, completa.
Os resultados detalhados do projeto, uma parceria entre a UFRPE e o parque que já dura 23 anos entre as duas instituições, serão reunidos em um e-book que será publicado pela editora da UFRPE, com previsão de confecção para início de julho, quando será enviado para editora. O livro digital, idealizado pela professora Cristiane e que será disponibilizado de forma gratuita, contará com todas as análises feitas pelos estudantes e um artigo elaborado pela equipe do Parque.
Os animais do plantel do zooPEDI observados pelos discentes da Psicobiologia foram:
- Harpia
- Iguana
- Gavião-carijó
- Ema, jaguatirica
- Onça-preta
- Mutum-de-penacho
- Gavião-de-cauda-curta
- Três macacos-aranha
- Casal de porco-cateto.