Último lixão da RMR, em Camaragibe, deixa de funcionar nesta quinta-feira (1º)
Em uma decisão da atual gestão municipal de Camaragibe, o último lixão em atividade na Região Metropolitana do Recife (RMR), localizado no bairro de Céu Azul, encerrará suas atividades, nesta quinta-feira (1º). O fechamento é fruto de diversas tratativas junto à Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e ao Governo do Estado e atende, assim, às questões ambientais, sociais e jurídicas.
“O fechamento do lixão é extremamente importante para Camaragibe. Nós somos o único município da Região Metropolitana do Recife com lixão ainda não desativado, descumprindo a Lei do Resíduo Sólido e desobedecendo ao prazo estabelecido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos para fechamento [encerrado em 2014]. São 12,47 hectares de área ocupados por resíduos que prejudicam o solo, o meio ambiente como um todo e a saúde dos catadores e pessoas que moram nas casas do entorno. A dificuldade financeira foi grande, mas, enfim, conseguimos dar este importante passo para a regularização da cidade”, disse a secretária de Infraestrutura e Serviços Públicos de Camaragibe, Eryka Luna.
A secretária pontua que o município chegou a acumular multas ambientais, expedidas pela CPRH, por ter o lixão ainda em funcionamento, acarretando ainda mais despesa para o município. “Existia multa até de R$ 100 mil. Precisávamos realmente dar um basta nesta situação”, completou Eryka.
De acordo com a secretária, o encerramento segue um plano elaborado em quatro passos. O primeiro foi a licitação e contratação da Central de Tratamento de Resíduos (CTR) que atuará no recebimento do lixo de Camaragibe; o segundo, resolver se resume na resolução das questões logísticas até o CTR; o terceiro se baseia em trabalhar na situação dos catadores que atuam no lixão e o quarto passo foca na remediação do espaço.
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A partir desta quinta-feira, data de fechamento, as 190 toneladas de lixo produzidas por dia pela população do município de Camaragibe serão destinadas à CTR de Igarassu, que venceu a licitação aberta neste ano. Para viabilização da utilização da Central, foi necessário o município realizar um projeto técnico para uma estação de transbordo, na qual os caminhões pequenos da cidade passam seus volumes às carretas e as mesmas levam os resíduos ao CTR - já que a Central encontra-se a certa distância de Camaragibe - em torno de 30 quilômetros.
Em relação às ações que serão tomadas após encerramento das atividades no local, Eryka Luna explicou que mesmo os resíduos não sendo mais depositados no local, o lixão passará por um tratamento adequado. “A gente precisa tratar desta questão. Já está no escopo de trabalho, quando a gente fechar as portas do lixão agora em 1º de outubro, nós continuaremos trabalhando dentro do lixão pra cumprir o primeiro passo da remediação, que é cobrir todo aquele lixo”.
Catadores
Além da irregularidade funcional do lixão, no local há, hoje, cerca de 90 catadores e junto a eles, crianças, que se submetem a insalubridade do local para trabalhar. Por isso, a gestão da cidade vem realizando ações para capacitação, orientação e cadastramento dos catadores, a fim de conduzi-los a uma nova realidade.
“Uma boa parte desses catadores, que entendem a necessidade do fechamento do lixão e querem novas oportunidades de trabalho, nós iremos trazer para que trabalhem na limpeza urbana do município; outros, dependendo da escolaridade, estamos buscando oportunidades de estágio, emprego. Os que ainda estão resistentes, o comitê gestor da prefeitura, criado para conduzir a parte social do fechamento do lixão, já está trabalhando junto com eles na conscientização, capacitação e orientação”, explicou o secretário de desenvolvimento econômico de Camaragibe, Maurivan Tenório.
Linha do tempo
O Lixão de Céu Azul recebe desde 1991 todo lixo produzido por Camaragibe, seja domiciliar, volumosos (entulhos) ou resíduos de podação. Em 2006, chegou a ser transformado em aterro controlado e os catadores que ali trabalhavam foram retirados do local.
Entretanto, em 2007, a operação foi interrompida e o, até então aterro, voltou a ser operado como lixão. No ano de 2013, os catadores retornaram ao local e, mesmo após retomado a cobertura do lixão com material inerte em 2017, o espaço seguiu funcionando indevidamente até os dias de hoje.