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Covid-19

Um ano após 1ª morte por Covid-19, OMS é finalmente esperada na China

Visita dos especialistas da Organização Mundial da Saúde é sensível para o regime chinês

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, deixou transparecer sua irritação com Pequim, dizendo estar "muito decepcionado" com o adiamento da visitaTedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, deixou transparecer sua irritação com Pequim, dizendo estar "muito decepcionado" com o adiamento da visita - Foto: Fabrice Coffrini/AFP

Os muito aguardados especialistas da OMS encarregados de investigar a origem do novo coronavírus finalmente chegarão à China esta semana - anunciou Pequim nesta segunda-feira (11), um ano após o relato da primeira morte pela doença no país.

A visita desses dez especialistas da Organização Mundial da Saúde é sensível para o regime chinês, ansioso por evitar qualquer responsabilidade pela pandemia que já matou mais de 1,9 milhão de pessoas em todo mundo. Hoje, a doença está praticamente erradicada na China.

Em nota, o Ministério chinês da Saúde anunciou que a visita dos especialistas começará na quinta-feira (14), uma semana após o adiamento da viagem prevista para quarta-feira passada.

Na ocasião, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, deixou transparecer sua irritação com Pequim, dizendo estar "muito decepcionado" com o adiamento.

Desta vez, ele saudou o anúncio de Pequim no Twitter. "Estamos ansiosos por trabalhar com nossos colegas (chineses) nesta missão crucial para identificar a origem do vírus e sua rota de transmissão para a população humana", escreveu.

Nos últimos meses, o governo chinês reagiu muito mal aos pedidos de uma investigação independente, em particular aplicando sanções comerciais à Austrália, que insistia nesse sentido.

Pequim não deu detalhes sobre como será a visita, mas os investigadores deverão ficar em quarentena assim que desembarcarem em solo chinês. A missão deverá durar entre cinco e seis semanas.

O objetivo é determinar como o vírus foi capaz de sofrer mutação para passar de morcegos para humanos. O prazo imposto pela China para aceitar uma investigação independente significa, no entanto, que os primeiros traços da doença serão difíceis de encontrar.

A missão é formada por dez cientistas (Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Austrália, Rússia, Vietnã, Alemanha, Estados Unidos, Catar e Japão) reconhecidos em suas diferentes áreas de atuação.

Eles devem ir para Wuhan, a primeira cidade do mundo a ser colocada em quarentena em 23 de janeiro de 2020.

Vítima sem nome
Foi nesta mesma cidade que a morte da primeira vítima por Covid-19 foi anunciada há um ano, em 11 de janeiro de 2020.

Em Wuhan, como em outras partes da China, a pandemia está amplamente sob controle, e o número nacional de mortos permanece oficialmente em 4.634 desde meados de maio.

Nesta segunda-feira, os habitantes da metrópole do centro do país conduziam normalmente suas atividades, enquanto os meios de comunicação do regime comunista se calaram a respeito deste primeiro aniversário.

"Wuhan é a cidade mais segura da China e até do mundo agora", gabou-se Xiong Liansheng, de 60 anos, em um parque onde aposentados dançavam, ou faziam seus exercícios matinais, alguns com máscaras faciais. 

A China foi criticada por sua resposta inicial à epidemia. Médicos em Wuhan que mencionaram a existência do vírus foram acusados pela polícia de espalhar boatos.

Uma "jornalista cidadã" que cobria a quarentena em Wuhan foi condenada no final de dezembro a quatro anos de prisão.

Até mesmo o nome da primeira vítima conhecida da Covid-19 nunca foi divulgado. Sabe-se apenas que era um homem de 61 anos que costumava ir ao mercado Huanan para fazer suas compras.

Considerado o primeiro grande foco da epidemia, esse mercado foi fechado em 1º de janeiro de 2020. Ali eram comercializados animais silvestres vivos, considerados possíveis transmissores do vírus ao homem. 

Nesta segunda, o mercado permaneceu fechado atrás de uma longa cerca. O governo chinês não permitiu que especialistas independentes investigassem o local.

Mais ao norte, o país tem enfrentado um ressurgimento limitado da epidemia em Hebei, a província que circunda Pequim. Cerca de 100 casos de contágio foram anunciados na região nas últimas 24 horas, o maior número nacional desde julho.

Dezoito milhões de habitantes de duas grandes aglomerações estão proibidos de sair dos limites de sua municipalidade. E, nesta segunda-feira, meio milhão de habitantes de um distrito rural de Pequim foram submetidos a uma medida semelhante: estão confinados em suas aldeias.

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