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Chuvas no Grande Recife

Um dia após morte de jovem, moradores voltam à área de risco em Olinda: "Para onde vamos?"

Mesmo com a recomendação de evacuação da área, moradores retornaram às casas

Severina Cecília da Silva, 65, mora ao lado das casas derrubadas pelo deslizamentoSeverina Cecília da Silva, 65, mora ao lado das casas derrubadas pelo deslizamento - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Um dia após o deslizamento de terra que vitimou um jovem de 19 anos no bairro de Águas Compridas, em Olinda, moradores das casas vizinhas à barreira retornaram ao local da tragédia. Sem alternativas de moradia, os vizinhos do motoboy Israel dos Santos, primeira vítima das chuvas na Região Metropolitana do Recife em 2023, culparam o poder público pela falta de opção.

Mesmo com a recomendação de evacuação da área, emitida pela Defesa Civil de Olinda, moradores da Rua Seis de Janeiro retornaram às casas localizadas ao lado dos escombros. A dona de casa Severina Cecilia da Silva, 65, contou que saiu de casa ainda na segunda-feira (6), horas após o deslizamento, mas voltou por não ter escolha. "A Defesa Civil mandou sair, mas para onde vamos? Qual a solução que tenho? Que tipo de ajuda é oferecida?", questionou Severina.

"Se eu tivesse dinheiro, eu não morava em um lugar desses. Mas a minha situação é difícil, tenho que morar nesses precipícios porque não tenho condições", disse a dona de casa, que vive no local há mais de 40 anos e relatou que não houve mudanças significativas nas condições de moradia no bairro. 

Os escombros das duas casas derrubadas pelo deslizamento chegaram a atingir a casa onde mora o vendedor Gilmar da Silva, 32. "Na hora da tragédia, eu estava no trabalho e fui pego de surpresa. Um cliente me ligou para avisar sobre o deslizamento e me mandou um vídeo que mostrava a minha casa".

"Não tem mais condições de morar aqui. Vou procurar outro lugar. Eles [as autoridades] dizem que estão monitorando a área desde o ano passado, mas ninguém passava aqui para revisar e ver de perto a situação dos moradores", denunciou Gilmar, que se prepara para deixar o local.
 

Gilmar da Silva, 32, pretende deixar o localGilmar da Silva, 32, diz que pretende deixar o local

Pouco mais de 24 horas após a tragédia, equipes da Defesa Civil de Olinda seguiam atuando na  na limpeza dos escombros. Foram derrubadas árvores e muros que, de acordo com agentes do órgão, potencializariam os riscos em casos de novos deslizamentos. As autoridades anunciaram que novas lonas plásticas serão instaladas nas proximidades do morro. 

De acordo com Irapoan Muniz, secretário da Defesa Civil de Olinda, a área é classificada como "de alto risco" e vem sendo monitorada desde o inverno de 2022. O secretário disse ainda que as casas derrubadas durante as chuvas dessa segunda (6) já haviam sido interditadas, mas voltaram a ser alugadas pelos proprietários. 

"Estamos levantando essas questões e assistindo as pessoas que necessitam", disse o secretário. Questionado sobre a situação dos outros moradores expostos à área de risco, Irapoan afirmou que representantes da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos recolheriam os dados necessários para a realização de cadastros em programas de auxílio moradia. 

Velório de Israel
O velório de Israel Campelo dos Santos, 19, acontece na tarde desta terça-feira (7), no Cemitério Público de Águas Compridas, em Olinda, a partir das 15h. 
 

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