Um palestino morto em explosão de violência na Cisjordânia após ataque que matou quatro israelenses
Netanyahu anuncia 1.000 novas casas em assentamento na região, em aceno a aliados de ultradireita que pode prejudicar novos laços diplomáticos com países árabes
Um palestino morreu, nesta quarta-feira, quando dezenas de israelenses atacaram localidades palestinas na Cisjordânia, em uma nova explosão de violência na região. Na terça-feira, quatro israelenses foram mortos — entre eles, dois adolescentes — e outros quatro ficaram feridos, em um ataque a tiros ao assentamento de Eli, no centro da Cisjordânia.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou, nesta quarta-feira, que vai levar adiante “imediatamente” o plano de construir novas 1.000 casas neste mesmo assentamento — em um aceno para aliados de extrema direita que ambicionam ampliar ainda mais a ocupação israelense no território e que serve como combustível para os confrontos.
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“Nossa resposta ao terrorismo é atacar com força e construir em nosso país”, declarou Netanyahu em um comunicado.
A decisão foi anunciada depois que dezenas de israelenses invadiram a cidade palestina de Turmus Ayya , na Cisjordania, incendiando carros, prédios e áreas rurais. Segundo o jornal Times of Israel, a polícia disse que respondeu a tiros quando o homem disparou contra os policiais. Além do palestino morto, outras 12 pessoas ficaram feridas.
O prefeito de Turmus Ayya, Lafi Adib, disse que entre 200 e 300 israelenses entraram na localidade e que 35 propriedades e 50 veículos foram danificados.
— Em Turmus Ayya, somos atacados dia após dia pelo agressivo avanço dos colonos — declarou o prefeito.
Jornalistas da AFP viram feridos sendo retirados, além das moradias queimadas. Um morador disse que, ao chegar, as forças israelenses usaram balas de borracha e gás lacrimogêneo. O Exército de Israel informou que entrou no local para ”apagar as chamas, evitar enfrentamentos e recolher provas” e confirmou que civis israelenses atacaram o local.
A explosão de violência foi provocada pelo atentado do dia anterior no entorno do assentamento de Eli. Na terça-feira à noite, dois atiradores ligados ao Hamas — o grupo que controla a Faixa de Gaza — dispararam contra os quatro civis israelenses, no restaurante de um posto de gasolina. Os dois agressores foram mortos no local.
Premier na corda-bamba
Por trás da resposta de Netanyahu à nova escalada de violência, está a tentativa do premier de se equilibrar entre os aliados de ultradireita que sustentam seu governo e o impulso para fortalecer laços diplomáticos com governos árabes que querem uma redução da tensão nos territórios palestinos.
O anúncio do plano de construção no assentamento de Eli foi comemorado pela base de extrema direita do governo, que espera ainda uma nova autorização de ação militar na Cisjordânia — o que seria um agravante para as relações com novos aliados diplomáticos no mundo árabe que já demonstraram insatisfação essa semana com uma decisão anterior a respeito de novas construções de assentamentos na região.
Marrocos recentemente adiou uma aguardada cúpula diplomática com Israel em protesto contra as propostas de expansão de assentamentos, de acordo com diplomatas israelenses e de outros países ouvidos pelo New York Times.
Assim como o Bahrein e os Emirados Árabes Unidos, Marrocos assinou um acordo diplomático histórico com Israel, em 2020, encerrando anos de isolamento da diplomacia israelense. Apesar da aproximação, os três países expressam reservas com relação às políticas israelenses para os palestinos. O mesmo se dá com os esforços de Netanyahu de se aproximar diplomaticamente da Arábia Saudita, que envolvem grande mobilização do presidente americano, Joe Biden. (Com AFP e New York Times)