OPINIÃO

Um polo de cinema para Olinda

Não é de hoje que vejo e idealizo para Olinda um grande polo cultural. Marco inicial da nossa história, a cidade,  a segunda no País a ser declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1982, há exatos 40 anos, merece essa deferência. Uma das iniciativas para dar vida a esse renascer cultural é a criação de um polo de cinema, com sala de exibição e curso de formação. 

Um polo extensivo sob a inspiração do ideário de cineastas de hoje e do passado, que deram a Pernambuco o potencial para a Sétima Arte. Uma vocação iniciada há exatos 100 anos, em 1922, com o Ciclo do Recife, na era do cinema mudo, quando Ugo Falangola e J. Cambiere trouxeram a primeira câmera da Itália para o Recife. História que está devidamente documentada e disponível para o público no site e presencial, na Cinemateca da Fundação Joaquim Nabuco, no campus Gilberto Freyre, em Casa Forte. Na Cinemateca, ressalto, já objetos fílmicos, figurinos, fotografias, roteiros, cartazes e documentos. 

Compreendo que um polo cultural não se improvisa. Requer planejamento. O que penso para Olinda é um espaço público que, além da sala de cinema, possa ofertar também cursos de curta e longa duração, seminários e eventos que celebrem e incentivem essa arte. Montar uma grade que ensine desde a história do cinema, roteiro, montagem, efeitos especiais, entre outros requisitos necessários. A ideia é democratizar o acesso ao cinema, bem como à formação nesta área.

A Fundaj tem propriedade para implantar tal polo. Operamos, além da Cinemateca, três salas de cinema. As do Derby e do Museu do Homem do Nordeste, já consolidadas, somamos, em dezembro passado, uma terceira: o Cinema do Porto/Fundação, no Bairro do Recife. A abertura desta sala no coração do Recife é bastante representativa das ações de décadas da Fundaj em prol do audiovisual local e nacional, atuando  nos eixos da circulação, produção e preservação cinematográfica com ações e projetos que vêm se intensificando a cada ano.

Ao abrir esse espaço, juntamente com a Cinemateca, que reúne um rico  acervo audiovisual, de cursos na área que serão ofertados ainda neste primeiro semestre pela Diretoria de Formação e Inovação Profissional e de festivais que promovem essa arte, como o FestCurtas, a Fundaj consolidou seu polo audiovisual. Com uma curadoria de qualidade, o Cinema da Fundação, em suas três salas, oferece conhecimento e diversão com preço acessível.

Temos sessões especiais aos sábados e domingos, onde são exibidos clássicos do cinema, e festivais, como o Varilux e o Animage. Temos, também, sessões de acessibilidade, como o Alumiar e o Índigo, e a Sessão Cinemateca. Nesta última, realizadores de filmes debatem suas obras com o público. Todas essas três sessões especiais citadas são abertas e gratuitas ao público.
 
Com o Projeto Alumiar de Cinema Acessível, a Fundaj oferece um espaço de inclusão social e cultural para as pessoas com deficiências sensoriais. É importante ressaltar que o Cinema da Fundação foi o primeiro do Brasil a tornar acessíveis e exibir na sua programação regular filmes nacionais com três modalidades de acessibilidade comunicacional: Audiodescrição; Língua Brasileira de Sinais e Legenda para Surdos e Ensurdecidos. 

Por sua vez, a Sessão Índigo é destinada ao público formado por crianças, jovens e adultos com necessidades específicas, tais como síndrome de Down, transtorno do espectro autista, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, entre outros, e seus familiares. Para atender esse público, a sala é preparada de maneira especial, com menos iluminação e o volume do som reduzido. Esse notório saber da Fundaj no audiovisual, faz desta instituição uma potencial gestora do polo olindense de Cinema.
 

* Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

 

- Os artigos publicados nesta seção não refletem necessariamente a opinião do jornal. Os textos para este espaço devem ser enviados para o e-mail [email protected] e passam por uma curadoria para possível publicação.

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