Uma dose de vacina para HPV protege contra o câncer por anos, sugere estudo
Vacinação contra o vírus, porém, tem baixa adesão no mundo; OMS já recomendou imunização com única aplicação
Uma pesquisa que levou em conta mais de 800 mulheres mostrou que a vacina para HPV já mostra alta eficiência contra cepas prevalentes (e ligadas ao desenvolvimento de câncer de colo de útero) desde a primeira dose — originalmente, o esquema completo de proteção leva em conta duas ou três etapas de imunização, a depender do paciente.
A análise apontou que a eficácia da vacina contra as cepas mais dominantes da infecção chegou a 81% com somente uma única aplicação, o que pode facilitar cadeias de distribuição do antígeno globalmente. A taxa é comparável aos níveis de proteção conquistados com duas doses de vacinação.
A análise foi realizada em Fiji e publicada no periódico The Lancet Regional Western Pacific. A pesquisa está de acordo com novas definições globais para o controle do avanço do vírus do HPV. A Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo, determinou no final do ano passado que a vacinação com única dose passasse a ser uma alternativa ao esquema tradicional. Isso porque a cobertura vacinal para o vírus tem despencado nos últimos anos, que chegou a somente 20%.
No Brasil, a vacina está disponível no Programa Nacional de Imunizações (PNI) para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, com duas doses separadas por seis meses. O Ministério da Saúde também oferece a vacina para pessoas de 9 a 45 anos que vivem com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos. Para este público, o esquema é composto de três doses, com a segunda de um a dois meses após a primeira; e a terceira, seis meses após a primeira dose.
Proteção contra diversos tipos de câncer
O principal risco de não estar protegido é porque 95% dos casos de câncer de colo de útero são relacionados ao HPV. Esse tipo de tumor é o terceiro maligno mais frequente na população feminina brasileira, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Nos homens, o vírus já foi associado ao câncer de pênis e de ânus, além do câncer de cabeça e pescoço em ambos os sexos. Ainda assim, embora seja comprovadamente eficaz para reduzir todos esses diversos tipos de tumores, a cobertura vacinal no Brasil está abaixo de 50% do público-alvo.