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Uma esperança contra o Parkinson

Cirurgia chamada DBS tem reduzido os sintomas do Parkinson. Procedimento, no entanto, só recomendado para os casos clássicos

Gilberto de Oliveira  comemora uma  mudança significativa  na sua vida desde que  descobriu a doençaGilberto de Oliveira comemora uma mudança significativa na sua vida desde que descobriu a doença - Foto: Arthur de Souza

No Dia Mundial da Doença de Parkinson, o recifense Gilberto de Oliveira Santos, 56 anos, comemora uma mudança significativa na sua vida desde que descobriu a doença, há 20 anos. Em 2015, já em um grau elevado de Parkinson, o gerente administrativo aposentado perdeu o medo de “furar a cabeça” e decidiu fazer a cirurgia DBS, do inglês Deep Brain Stimulation ou Estimulação Cerebral Profunda, e deu adeus aos tremores e à rigidez que impedem muitos acometidos pela doença de caminhar e até de se alimentar.

Embora represente esperança, o procedimento não é recomendado para todos os casos. Depois da cirurgia, coberta pelo plano de saúde e realizada pelo neurocirurgião Nêuton Magalhães, do Hospital da Restauração e da Clínica Neurodor, Gilberto voltou a ter independência nos cuidados pessoais e até passou a ajudar a esposa Maria José Melo dos Santos no trabalho como presidente da Associação de Parkinson de Pernambuco (ASP-PE), com sede no Centro do Recife.

“Os tremores me deixavam acanhado, angustiado. Eu falava e ninguém entendia, parecia a voz do Pato Donald, a língua ficava fora da boca, sem controle”, recorda, enquanto a esposa diz que ele era totalmente dependente dela, até para fazer a barba ou abotoar uma camisa.

Para manter o controle conquistado, Gilberto continua a tomar a principal medicação para o Parkinson, o Prolopa, uma associação da levodopa e cloridrato de benserazida, faz tratamentos de fonoaudiologia e hidroterapia e mantém o blog turmadotremetreme.blogspot.com.br onde escreve crônicas e informações sobre a doença. A voz, ainda é baixa, mas compreensível, e o bom humor que aumenta no Carnaval com o bloco Treme-Treme, vão crescendo à medida que a Associação oferece mais oportunidades para os 300 portadores de Parkinson cadastrados.

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Profissionais e estudantes voluntários fazem atendimento em terapia ocupacional, fonoaudiologia, massagem, acupuntura, pilates e oficinas de memória e de emoções, estimulando os associados a falar de suas experiências. “Ainda precisamos de uma sede própria e de mais voluntários”, diz Maria José. Solução Iniciada nos anos 50, a cirurgia para controle do Parkinson fazia uma ablação, retirando partes atingidas do cérebro, mas foi esquecida a partir de 1967 com a descoberta da levodopa.

A partir da década de 90, segundo Nêuton Magalhães, ela ressurgiu com a tecnologia da DBS. “A cirurgia é feita com o paciente acordado, só anestesia local. Vamos no mesmo ponto das cirurgias antigas e apenas colocamos um marca-passo para estimular o circuito cerebral alterado pela doença”, explica. No entanto, a solução é só para casos clássicos de parkinson, os atípicos não respondem à intervenção.

De acordo com o médico, é preciso ter o diagnóstico há pelo menos cinco anos; ter uma resposta positiva à levedopa e só partir para a cirurgia quando o remédio deixa de fazer efeito antes do tempo esperado. Com a cirurgia, o parkinson continua avançando e o paciente precisa manter a levedopa, mas em uma dose menor.

O acesso à DBS é possível por meio de planos de saúde, mas quem depende do SUS precisa esperar muito ou até entrar na Justiça para ter a cirurgia acelerada. A opção particular é ainda menos acessível à maioria dos pacientes. Só o marca-passo, fabricado nos Estados Unidos, custa cerca de R$ 130 mil e, segundo Magalhães, com os honorários médicos e a internação, o gasto total pode variar entre R$ 150 mil e R$ 200 mil.

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