Conheça Ellen Albertins, PM da Brigada Maria da Penha e filha de uma vítima de feminicídio
Testemunha do feminicídio da própria mãe, policial usou episódio como propósito para encorajar vítimas a denunciarem casos de violência
Nesta sexta-feira, enquanto o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher, é importante ser lembrada a luta contra a violência de gênero. Segundo o relatório divulgado ontem pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o número de feminicídios no país cresceu 1,6% entre 2022 e 2023 e atingiu a marca de 1.463 vítimas no ano passado, e ao menos 10.655 mulheres foram alvo dessa estatística entre os anos de 2015 e 2023.
Nas entrelinhas dos dados alarmantes, histórias de coragem e superação são encontradas. A cabo da Polícia Militar Ellen Albertins, de 35 anos, é uma das que transformaram as cicatrizes em armas para combater a violência contra a mulher.
Trajetória
A vida de Ellen foi marcada por momentos de terror e angústia quando tinha apenas quatro anos de idade. Em 30 de novembro de 1992, a policial testemunhou o assassinato da mãe. A professora Maria de Albertins Belém Silva foi morta, durante uma discussão, com três disparos pelo companheiro; o policial militar Edvaldo Fernando da Silva, com 40 anos na época, pai de Ellen.
“Minha mãe foi vítima de violência doméstica por muito tempo. Ela chegou a se separar, por alguns meses, do meu pai. Porém, em uma das vezes que ele visitou o meu irmão eles reataram e ela engravidou de mim. Por muitos anos ela sofreu calada. Não pediu ajuda, e não notificou o que ela vivia… Eu tinha quatro anos quando tudo aconteceu”, contou a policial.
Após matar a companheira, Edvaldo fugiu com a filha e passou sete dias escondido. Depois desse período, ele se entregou à Polícia Militar e passou dez anos preso. Ellen nunca mais viu ou falou com o pai. “Depois que saiu, ele tentou me procurar mas eu não quis contato. Era algo que ainda me magoava muito. Meses depois ele teve um Acidente Vascular Cerebral e morreu”.
Força e determinação
Sobreviver ao ambiente de violência doméstica exigiu dela muita força e determinação. Em 2011, aos 22 anos, ingressou na Polícia Militar com o objetivo de se tornar a voz daquelas que ainda sofrem em silêncio. Ao ingressar na Brigada Maria da Penha, Ellen encontrou um propósito renovado e transformou a dor em combustível para combater a violência.
“Em 2013, o projeto da patrulha foi criado e eu recebi o convite para fazer parte dessa história. Encarei isso como uma missão de vida. Me senti impulsionada a levar a minha história, encorajamento e a reflexão de que não se releva a violência. Deve-se notificar para que a rede de apoio possa ajudar. Se essa mulher se cala, ela silencia a rede de apoio e nada se pode fazer”.
Muitas mulheres acreditam que a Lei Maria da Penha atende somente à violência física, mas a lei atende a todos os tipos de violência; patrimonial, verbal, psicológica, financeira, moral, etc. “O nosso papel também é levar esse tipo de conhecimento até elas. Foi uma libertação para mim poder trocar com elas, falar da minha história com mais abertura, tranquilidade, e com menos mágoa. A maioria dessas mulheres tem uma carência muito grande em falar e serem ouvidas, do conhecimento da situação, e acreditam que o acompanhamento acaba na delegacia, no registro da ocorrência”.
Hoje, Ellen não integra mais o efetivo da patrulha. Com a sensação de missão cumprida, ela deixou o efetivo em 2021, para descobrir novos propósitos dentro da corporação e atuar na Patrulha Escolar. Em 2022, passou a atuar no setor de logística da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE).
De acordo com a Cabo Angélica Ribeiro, Auxiliar da Coordenação da Patrulha Maria da Penha, pessoas como Ellen fazem falta no efetivo da patrulha. “Esse tipo de abordagem, de alguém que já viveu isso, gera uma grande identificação e relação de confiança com a vítima”.
Parceria com cake designer
Foi por esse motivo que a Patrulha Maria da Penha procurou pela cake designer Silvia Freire. Apesar de não ser policial militar, a confeiteira tem uma parceria com o projeto, que tem como objetivo ajudar as mulheres vítimas de violência a recuperarem a dignidade e conquistarem a independência financeira. São cursos profissionalizantes gratuitos na área da confeitaria.
Silvia sofreu por 15 anos com as agressões psicológicas do marido. Com inúmeras traições, o companheiro fazia críticas à aparência da esposa, e sempre a comparava com as amantes. As agressões causaram baixa auto estima, que levou à depressão. Silvia tentou suicídio duas vezes. Na época, ela era professora em uma escola infantil.
“Eu acreditava, como muitas mulheres, que não conseguiria educar e sustentar meus filhos sem a ajuda de um companheiro. Com a ajuda de amigas e acompanhamento psicológico, despertei o desejo de me desvencilhar do relacionamento. Pedi para que ele saísse de casa. No dia seguinte, fui demitida e fiquei desesperada, pois já não teria uma renda fixa para ajudar a sustentar meus filhos. Duas mães de ex-alunos me ajudaram com a confeitaria, uma delas me ajudou a financiar parte do curso”.
Neste período de transição ela ainda tinha contato com o ex-marido, por conta das crianças. As discussões eram constantes e foi nesse momento que houve a agressão física. “Foi a primeira e última. Reagi e imediatamente me dirigi à delegacia da mulher para denunciá-lo”.
Histórias como as de Ellen e Silvia abrem as portas para outras mulheres e evidenciam que é possível se libertar, e transformar o sofrimento em força e solidariedade. Para isso, o primeiro passo é denunciar. Por isso, a reportagem preparou uma lista de locais para denúncia e apoio às vítimas de violência.
Patrulha Maria da Penha
A Patrulha Maria da Penha trabalha fazendo visitas de fiscalização das medidas protetivas. Quando uma mulher solicita uma medida protetiva, o judiciário repassa as informações para a Polícia Militar para que a patrulha faça visitas de monitoramento à vítima enquanto durar a medida protetiva. O objetivo é proporcionar à vítima proteção e segurança, para que ela não volte a sofrer agressões.
Durante as visitas o efetivo, que é composto somente por mulheres, conversa e orienta às vítimas acerca de qualquer situação de vulnerabilidade. Encaminhando para os locais de apoio e referência, caso elas precisem de apoio jurídico, psicológico. São visitas de caráter social e podem durar o tempo que a vítima precisar. Em casos de flagrante, a patrulha encaminha o agressor e a vítima para a delegacia.
De acordo com a Coronel Cristiane, a patrulha divide as visitas por localidade e entra em contato diretamente com a vítima para saber se ela aceita a visita. “Quando a mulher aceita, ela passa pela primeira visita, na qual preenche um questionário, passa por um acolhimento com a equipe, e inicia o processo de acompanhamento”.
Caso a vítima não aceite a visita do efetivo, ela assina um termo informando que recusa e visita, e por qual motivo. Esse termo é encaminhado ao judiciário. “É muito difícil elas recusarem a visita, a grande maioria fica ansiosa para receber a patrulha”.
Sinais de alerta
Tome cuidado:
- Piadas ofensivas
- Chantagear
- Mentir / Enganar
- Ignorar / Dar um gelo
- Excesso de ciúmes
- Culpar
- Desqualificar
- Ridicularizar / Ofender
- Humilhar em público
- Intimidar / Ameaçar
- Controlar / Proibir
Reaja:
- Xingar
- Destruir bens pessoais
- Machucar
- Tapinhas / Beliscar
Busque ajuda:
- Empurrar / Chutar
- Confinar / Prender
- Ameaçar com armas
- Forçar relação sexual
- Abuso sexual
- Causar lesão grave
- Mutilar
- Ameaçar de morte
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher:
1º Deam
Endereço: Praça do Campo Santo, s/n, Santo Amaro)
Telefone: (81) 3184-3352
Olinda
15º Deam
Endereço: Avenida Governador Carlos de Lima Cavalcanti, 2405, Casa Caiada
Jaboatão dos Guararapes
2º Deam
Endereço: Estrada da Batalha, s/n, Prazeres
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Petrolina
3º Deam
Endereço: Rua Castro Alves, 57, Centro
Telefone: (87) 3866-6625
Caruaru
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Endereço: Avenida Portugal, 155, Universitário
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Cabo de Santo Agostinho
14º Deam
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Telefones: (81) 3184-3414 / (81) 3184-3415 / (81) 3184-3413
Serviços de atendimento às mulheres no Estado:
OUVIDORIA DA MULHER 0800-281-8187 ATENDENDO 24H
Olinda
Centro Especializado de Atendimento à Mulher Márcia Dangremon
Plantão 24h
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Recife
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Centro Especializado de Atendimento à Mulher Isabel Oliveira Cravo
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Centro Especializado de Atendimento à Mulher dos Palmares
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Granito
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Gravatá
Centro Especializado de Atendimento à Mulher
Atendimento está sendo realizado pelos números (81) 3563-9023 das 07h às 13h (prefeitura)
Garanhuns
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Nazaré da Mata
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SERTÃO DO SÃO FRANCISCO
Dormentes
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Petrolina
Telefones: 153 – Patrulha da Mulher
(87) 3866.6625 – Delegacia da Mulher
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