Uma queimada a cada nove minutos: sede da COP30, Pará é líder nacional em focos de calor
Aumento do fênomeno no estado governado por Helder Barbalho, porém, foi inferior à média de crescimento no país, de 46,5%
Sede da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas — a COP30 — em novembro de 2025, o Pará registrou um crescimento de 34% no número de focos de fogo em 2024 na comparação com o ano anterior. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o estado governado por Helder Barbalho (MDB) foi líder nacional em queimadas, com 56.070 casos no período (o equivalente, em média, a um a cada nove minutos), respondendo por 20,1% das ocorrências no país. Em 2023, este número era de 41.715, ou 22% dos registros no Brasil naquele ano.
O Inpe aponta que o país teve 278,3 mil focos de incêndio no ano passado, quando a temporada de fogo chegou mais cedo no Brasil. O número nacional — que representa um aumento de 46,5% em relação a 2023 — é o patamar mais alto alcançado desde 2010, quando foram contabilizados 319.383 casos.
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O Pará é conhecido como o estado mais vulnerável à extração ilegal de madeira, grilagem e conversão de terras em pastagens. A decisão da cúpula climática coloca Belém como palco de encontro de líderes mundiais para discussões sobre meio ambiente e estratégias globais para combater os efeitos do aquecimento global.
Procurada, a Secretaria estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) afirmou que o Pará tem "intensificado os esforços para combater o aumento de incêndios florestais e queimadas, fenômenos agravados pelas mudanças climáticas globais".
A pasta também ressaltou que "apenas 30% do território paraense está sob jurisdição estadual, enquanto 70% pertencem à esfera federal, o que exige uma ação coordenada com a União" (leia a nota completa ao fim da reportagem).
Desmatamento em queda
Em 2024, a taxa anual de desmatamento no Pará alcançou seu menor valor em dez anos, segundo levantamento do sistema Prodes, do Inpe. Mas o estado permanece na liderança dos índices na Amazônia Legal pelo menos desde 2008, quando a série histórica foi iniciada, com 40,69% da área desmatada no período.
Em entrevista ao Globo, Barbalho afirmou que sediar a COP30 é uma oportunidade de transformação para a história do estado na área ambiental — que nas últimas décadas representou o maior obstáculo para a imagem sustentável do Brasil.
O governador defendeu na ocasião uma política econômica de valorização da floresta e de uso do solo que possa permitir a “conciliação entre a preservação ambiental e o cuidado com a população”.
Leia a nota completa da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará
"A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informa que o Pará tem intensificado os esforços para combater o aumento de incêndios florestais e queimadas, fenômenos agravados pelas mudanças climáticas globais. Os anos de 2023 e 2024 estão entre os mais quentes desde o período pré-revolução industrial, com temperaturas elevadas e chuvas reduzidas, condições que ampliam a vulnerabilidade ambiental e favorecem a ocorrência de queimadas.
É importante destacar que apenas 30% do território paraense está sob jurisdição estadual, enquanto 70% pertence à esfera federal, o que exige uma ação coordenada com a União. Em setembro deste ano, o estado solicitou apoio ao governo federal para reforçar os recursos destinados ao combate às queimadas. Além disso, o Pará integra o Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (CIMAN), coordenado pelo governo federal, que reúne órgãos como Ministério do Meio Ambiente, IBAMA, ICMBio, FUNAI, CENSIPAM e INCRA, além de representantes estaduais, para alinhar estratégias e ações conjuntas para o combate às queimadas.
No âmbito estadual, a Operação Fênix ganhou reforço de 40 novos bombeiros, somando 120 profissionais distribuídos em cinco frentes de trabalho. Foram também incorporadas oito novas viaturas e abafadores de incêndio às três já em operação, além do suporte de dois helicópteros para o combate aéreo às queimadas.
Neste período, a floresta está mais inflamável, o que explica o aumento de focos de calor, mesmo com a redução histórica do desmatamento no Pará, que em 2024 reduziu em 28,4% a taxa de desmatamento, superando os 21% de queda registrados nos dois anos anteriores (2023 e 2022), conforme dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)."