Guerra

Unesco condena ataques a patrimônio mundial em Odessa, bombardeada pela Rússia

Cidade portuária é alvo há dias, após o fim do acordo que permitia a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro, na segunda-feira

Equipes de resgate retiram escombros de prédio administrativo bombardeado, no centro de Odessa Equipes de resgate retiram escombros de prédio administrativo bombardeado, no centro de Odessa  - Foto: Oleksandr Gimanov/AFP

A Organização das Nações Unidas Para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), condenou, nesta sexta-feira, os ataques de forças russas contra instalações culturais da cidade portuária de Odessa, na Ucrânia. O local entrou para a lista do Patrimônio Mundial e do Patrimônio Mundial em Perigo, ao mesmo tempo, em meio ao início da invasão da Rússia no território ucraniano, em fevereiro do ano passado. A medida permite o acesso à ajuda internacional financeira e técnica.

Os exames preliminares da Unesco revelaram que houve dano a diversos museus dentro da área considerada patrimônio cultural, incluindo o Museu Arqueológico, o Museu Marítimo e o de Literatura, todos classificados pela agência da ONU com o Escudo Azul, mecanismo de proteção do patrimônio em regiões de conflito criado pela Convenção de Haia, em 1954. A organização já apoiou as mesmas instituições, ao longo do conflito, para reparos e medidas de proteção.

Em nota, a Unesco pediu o fim dos ataques contra o patrimônio protegido por normas internacionalmente reconhecidas e afirmou que “essa guerra representa uma ameaça crescente à cultura ucraniana”. Desde o início do conflito, a Unesco contabilizou danos a 270 locais ligados ao patrimônio cultural do país.

Ameaça de guerra no mar
A região de Odessa, às margens do Mar Negro, abriga os principais terminais de embarque para o acordo de exportação de grãos ucranianos entre Kiev e Moscou, que expirou às 21h (hora local) de segunda-feira. A invasão russa levou ao bloqueio de portos na costa do Mar Negro da Ucrânia, um dos maiores produtores mundiais de grãos, causando tensões significativas no mercado mundial de alimentos.O acordo assinado em julho de 2022 com a Rússia voltou a permitir o trânsito de grãos, mas Moscou se recusou a renová-lo, alegando que a parte que garantia as exportações de seus alimentos e fertilizantes não estava sendo cumprida.

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A onda de ataques começou na terça-feira, quando autoridades de Odessa informaram que drones e mísseis russos atingiram a costa sul da Ucrânia danificando a infraestrutura portuária e industrial. Na quarta-feira, Moscou anunciou que iria passar a considerar como "parte do conflito" todos os navios — incluindo os de bandeira estrangeira — que se aproximarem da Ucrânia. Na noite de quarta, Odessa voltou a ser bombardeada, o que se repetiu no dia seguinte.

"A partir das 00h00, horário de Moscou, em 20 de julho de 2023 (18h de quarta em Brasília), todos os navios no Mar Negro que navegam para portos ucranianos serão considerados potenciais transportadores de carga militar", disse o Ministério da Defesa russo em comunicado. Ainda de acordo com o mesmo texto, "os Estados de bandeira desses navios serão considerados parte do conflito ucraniano ao lado do regime de Kiev".

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, Adam Hodge, alertou, na quarta, em Washington, que o governo americano tem informações de que Moscou considera ampliar seus alvos e atacar embarcações civis no Mar Negro, para depois responsabilizar Kiev.

Tanto Rússia quando Ucrânia figuram entre os maiores exportadores de cereais do planeta. Nos cinco anos antes de a guerra estourar, foram responsáveis, respectivamente, por 10% e 3% da produção de trigo do planeta, de acordo com dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O início da guerra fez com que o preço das commodities disparasse no ano passado, cenário acentuado pelo impacto do conflito nos combustíveis, que em conjunto causaram uma disparada da inflação mundial e aumentaram a insegurança alimentar para milhões, particularmente nas nações mais pobres. A crise foi mitigada pelo pacto recém-suspenso, firmado em julho de 2022 com o intermédio da Turquia e da ONU. Agora, há o temor de uma nova instabilidade global nos preços, com impacto maior, novamente, para os países onde a fome e a miséria são mais agudas.

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