Conservadorismo

União Europeia elege Parlamento sob a sombra da extrema direita

Em eleições que terminam neste domingo, milhões de eleitores votam para eleger os 720 deputados do órgão

União EuropeiaUnião Europeia - Foto: Frederik Florin / AFP

As eleições para renovar o Parlamento da União Europeia, o braço Legislativo da União Europeia (UE) e único órgão eleito no bloco, terminam neste domingo e devem marcar o início de uma guinada conservadora. Milhões de eleitores na maioria dos 27 países do bloco votam para eleger os 720 deputados do órgão — e a expectativa é que os resultados indiquem o fortalecimento da extrema direita.

A maratona de votação deste domingo encerra um ciclo eleitoral de quatro dias que começou na última quinta-feira. A rodada de eleições testará a confiança dos eleitores em um bloco de cerca de 450 milhões de pessoas. Nos últimos cinco anos, a UE foi abalada pela pandemia, recessão econômica e pela crise energética alimentada pelo maior conflito terrestre na Europa desde a Segunda Guerra. As campanhas políticas, porém, muitas vezes deixam de lado as questões mais amplas e se concentram em interesses dos países individuais.

Entenda a votação

A eleição dos parlamentares é o primeiro passo da renovação dos dirigentes da UE: os presidentes da Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, e do Conselho, que representa os países do bloco. Pesquisas apontam que a centro-direita deve se consolidar como a maior força no Parlamento, embora também conte com a presença cada vez mais forte da extrema direita, que promete conquistar o terreno outrora ocupado pela centro-esquerda e pelos ambientalistas.

Os legisladores da UE têm voz em questões que vão desde regras financeiras até políticas climáticas e agrícolas. Eles aprovam o orçamento do bloco, que financia prioridades como projetos de infraestrutura, subsídios agrícolas e ajuda entregue a Kiev. O resultado deste domingo, portanto, deverá redefinir o mapa político da UE nos próximos cinco anos num momento em que o bloco enfrenta questões como a guerra na Ucrânia e negociações comerciais.

Segundo as projeções, o Partido Popular Europeu (EPP, de centro-direita), deve manter o posto de principal agrupamento no Parlamento, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D, de centro-esquerda), e pelo Renovar a Europa (Centro), que deve perder espaço para a direita tradicional dos Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), e para o Identidade e Democracia (ID), de extrema direita. As sondagens apontam que os partidos de extrema direita podem obter até um quarto das cadeiras, a ponto de ameaçar a bancada dos Verdes.

— Nós temos um objetivo claro: queremos fazer em Bruxelas o que fizemos em Roma há um ano e meio, construir um governo de centro-direita na Europa, e finalmente mandar os esquerdistas, vermelhos, amarelos e verdes, que causaram tantos danos ao nosso continente ao longo dos anos, para a oposição — disse, em discurso de encerramento de campanha, a premier italiana, Giorgia Meloni, um dos ícones modernos da extrema direita europeia e da antipolítica.

Perspectivas 2024: Com eleições ao Parlamento Europeu à vista, avanço da extrema direita põe em risco memória histórica da Alemanha

Com os resultados anunciados, a distribuição das cadeiras ocorre de forma proporcional: se um partido obtiver 25% dos votos, terá 25% dos assentos destinados àquele país, um número definido de acordo com a população. A Alemanha, maior país do bloco, terá 96 cadeiras, enquanto a França, segundo maior, terá 81. Chipre, Luxemburgo e Malta terão seis representantes cada. O número de eurodeputados muda a cada ano, com limite de 750. Em 2019, última eleição, eram 705 vagas em disputa.

Promessas de campanha

Durante o período de campanha, houve promessas para restringir a imigração (em especial de não europeus), reverter políticas energéticas e atacar legislações ambientais. Discursos que já ecoam positivamente entre uma parcela crescente do eleitorado no continente, aliados à ideia de “insatisfação” com as lideranças políticas ditas “tradicionais”. Muitos eleitores europeus, atingidos pelo alto custo de vida – e em alguns casos temendo que os imigrantes sejam a fonte dos males sociais – estão cada vez mais persuadidos pelas mensagens populistas.

Desde a última eleição da União Europeia, em 2019, partidos populistas ou de extrema direita lideram governos em três nações (Hungria, Eslováquia e Itália) e fazem parte de coalizões governamentais em outros países, incluindo Suécia, Finlândia e, em breve, os Países Baixos. As pesquisas dão vantagem aos populistas também na França, Bélgica, Áustria e Itália.

Veja também

Cientista premiada alerta sobre má utilização de tratamentos contra a obesidade
obesidade

Cientista premiada alerta sobre má utilização de tratamentos contra a obesidade

Projeto de inclusão do IFPE conquista 1º lugar estadual do Prêmio IEL de Talentos
Inclusão

Projeto de inclusão do IFPE conquista 1º lugar estadual do Prêmio IEL de Talentos

Newsletter