Único leão sobrevivente da tragédia de Vostok está com dois tumores na face
O leão, apelidado de Léo, reside no Parque Dois Irmãos há 20 anos e foi atendido, no último domingo (18), para realização de exames de rotina
Contrariando a média de expectativa de vida dos reis da selva, o leão Léo, de 20 anos, único sobrevivente da tragédia de Vostok, nos anos 2000, está com dois tumores na região da face, mas segue ativo e bem de saúde. No último domingo (18), o felino passou por uma bateria de exames de rotina para checar como anda o estado de saúde e verificar a origem de um pequeno sangramento na boca.
O leão, que vive há 20 anos no Parque Estadual Dois Irmãos, localizado no bairro de mesmo nome, mesmo com o sangramento, estava aparentemente normal. “Léo estava bem. Notificamos, há algumas semanas, que ele estava com um sangramento na boca, mas pensávamos que era um corte provido de algum osso. Medicamos e o sangramento não parou. Ele não apresentou dor ou desconforto, mas mesmo assim, pela idade avançada, resolvemos checar com profissionais”, afirmou o responsável técnico e veterinário do Parque, Márcio Silva.
Com a ajuda de cerca de 38 profissionais, entre veterinários, zootécnicos, técnicos e biólogos, Léo passou por uma bateria de exames. Para realização do procedimento, que durou cerca de três horas, o animal precisou passar por uma anestesia. Durante o atendimento, o leão fez exames de radiografia, ultrassonografia, eletrocardiograma e ecocardiograma.
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Através do atendimento, também foi constatada a presença de dois tumores no animal. Um na boca, na base do dente canino inferior esquerdo, que é o motivador do sangramento; e um na testa, que já estava sendo observado pelos profissionais do Parque Dois Irmãos.
Ainda não se sabe se o tumor é cancerígeno ou não. “Identificamos uma neoplasia e vamos analisar. Não sabemos a origem, estamos esperando o resultado. A esperança é a de que mais detalhes sejam revelados com o resultado da radiografia da face que foi realizada. Mas o importante é que Léo está bem, com bom peso e ativo”, declarou a veterinária dentista Mariana Ramos, uma das médicas presentes no atendimento de Léo.
Todo o material coletado foi encaminhado para análises no laboratório da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Ainda não há previsão para o resultado das amostras, mas o leão acordou bem após a anestesia, e, segundo funcionários, se alimentou normalmente e apresentou comportamento normal durante esta segunda-feira (19). Léo é o único leão do parque.
De acordo com Márcio, a expectativa de vida de um leão é de 7 a 12 anos no seu habitat natural, e de 15 a 20 anos em cativeiro: “Léo é um leão muito bem cuidado. Ele tem alimentação na hora correta, todos os medicamentos necessários, e isso contribui bastante para a saúde e bem estar do animal”.
Ainda segundo os profissionais, após o resultado dos exames, será realizada uma reunião para decidir sobre os próximos passos em relação ao leão. Caso seja um tumor cancerígeno, o caso será estudado detalhadamente, pois devido à idade avançada, o animal pode não responder bem ao tratamento.
Relembre a tragédia do Circo Vostok
No dia 9 de abril de 2000, em mais um domingo de apresentações do Circo Vostok, localizado no estacionamento do Shopping Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, o menino de seis anos José Miguel foi arrastado e morto por um dos cinco leões que estavam na mesma jaula enquanto passava pelo corredor próximo à instalação.
No momento do ataque, o menino estava acompanhado do pai e da irmã. De acordo com o pai da criança, os três estavam caminhando de volta para a plateia, e haviam se ausentado após o locutor convidar todo o público presente para tirar foto com os animas enquanto o espetáculo estivesse no intervalo.
Dos cinco animais, quatro precisaram ser executados pela polícia para que pudessem conseguir acesso ao corpo do menino. O único sobrevivente foi um filhote de sete meses de idade que foi encaminhado para o Parque Estadual Dois Irmãos. A empresa circense foi condenada a pagar indenização de 275 mil reais aos pais da criança.