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Violência Contra a Mulher

UPR: entenda como Unidade Portátil de Rastreamento funciona no combate à violência doméstica

Pernambuco conta atualmente com 640 tornozeleiras eletrônicas ativas em casos de violência doméstica, mas apenas 270 mulheres utilizam as Unidades Portáteis de Rastreamento

Unidade Portátil de Rastreamento (UPR): entenda como ela funciona no combate à violência domésticaUnidade Portátil de Rastreamento (UPR): entenda como ela funciona no combate à violência doméstica - Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

As polícias Militar e Penal, junto à Secretaria da Mulher do Recife, detalharam como a Unidade Portátil de Rastreamento (UPR) funciona na prevenção e no combate aos casos de violência contra a mulher e feminicídios.

A importância e a eficácia das UPRs foram ressaltadas a partir da prisão em flagrante de um homem de 35 anos, realizada pelo 18º BPM, nessa quinta-feira (9), em Charneca, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana.

As informações foram repassadas à imprensa durante coletiva no Quartel do Derby, no Centro da Cidade, no início da tarde desta sexta-feira (10).

De acordo com o gerente do Centro de Monitoramento Eletrônico de Pessoas (Cemep), Alony Santos, o dispositivo funciona por meio de um sistema de rastreamento vinculado à tornozeleira eletrônica utilizada pelo agressor e a uma unidade portátil carregada pela vítima.

"Quando o agressor ultrapassa o perímetro de segurança determinado pela Justiça, ambos os dispositivos vibram e emitem sinais sonoros. Além disso, a vítima pode acionar um botão de pânico na UPR, que alerta imediatamente a central de monitoramento. No caso ocorrido ontem (9), a vítima utilizou o botão de pânico, permitindo que agissemos rapidamente, em parceria com a equipe do 18º BPM da Polícia Militar, para prender o agressor, que tentava forçar a entrada na casa dela”, detalhou Alony.

Prisão em flagrante
O tenente Gustavo Cruz, coordenador da GT Maria da Penha do 18º BPM, explicou como a ação foi conduzida. O homem, que é ex-companheiro da vítima, começou a utilizar a tornozeleira de rastreamento em abril de 2024.

Desde então, essa foi a primeira ocorrência de aproximação.

“A vítima acionou o botão de pânico quando o homem começou a forçar a entrada na residência. A equipe conseguiu contato imediato com a vítima e, ao chegar ao local, ainda escutamos o agressor gritando e tentando pular o muro. Graças à rápida articulação com a central e ao trabalho integrado da GT Maria da Penha, conseguimos efetuar a prisão em flagrante”, explicou o tenente. 

Unidade Portátil de Rastreamento
Segundo os dados apresentados pela Secretaria da Mulher de Pernambuco, o estado conta atualmente com 640 tornozeleiras eletrônicas ativas em casos de violência doméstica, mas apenas 270 mulheres utilizam as Unidades Portáteis de Rastreamento (UPRs) como dispositivo de proteção.

Alony Santos explicou que muitas mulheres desconhecem as vantagens do equipamento e ficam com receio por achar que devem usar o dispositivo como a tornozeleira eletrônica, que é atribuida aos agressores.

“Elas acham que o dispositivo é semelhante à tornozeleira, mas a unidade é discreta, portátil e pode ser carregada na bolsa ou no bolso, sem que uma terceira pessoa o perceba. Nosso objetivo é que essas mulheres compreendam que o uso do dispositivo aumenta significativamente a segurança delas e pode salvar vidas”, afirmou o gerente do Cemep.

Unidade Portátil de Rastreamento (UPR): entenda como ela funciona no combate à violência domésticaDa esquerda para a direita: o gerente do Centro de Monitoramento Eletrônico de Pessoas (Cemep), Alony Santos, a Cel. Cristiane Vieira, diretora de Articulação Social e Direitos Humanos, Walkíria Alves, diretora de Enfrentamento à Violência de Gênero da Secretaria da Mulher de Pernambuco, e o tenente Gustavo Cruz, coordenador da GT Maria da Penha do 18º BPM

A cel. Cristiane Vieira, diretora de Articulação Social e Direitos Humanos, destacou o papel essencial da Patrulha Maria da Penha no acompanhamento das mulheres protegidas.

“Todas as unidades operacionais diárias da Polícia Militar possuem uma viatura da Patrulha Maria da Penha. Essas patrulhas acompanham as mulheres que possuem medidas protetivas, seja por visitas, seja patrulhando o bairro. Nosso objetivo é que essas mulheres se sintam seguras. Caso a mulher prefira, podemos fazer contato em outros locais, como em casas de familiares ou no trabalho, sempre respeitando as particularidades de cada caso para que elas se sintam apoiadas e acolhidas”, explicou a coronel Cristiane. 

UPRs no combate à violência
A eficácia do sistema também foi reforçada por Walkíria Alves, diretora de Enfrentamento à Violência de Gênero da Secretaria da Mulher de Pernambuco.

“Nunca tivemos um caso de feminicídio em situações onde o agressor estava monitorado eletronicamente e a vítima fazia uso da UPR. Isso demonstra o quanto o sistema funciona e protege essas mulheres. Nossa missão é ampliar o acesso e garantir que elas tenham todo o suporte necessário.”

Walkíria também reforçou a importância da conscientização para o uso dos serviços disponíveis, como o cadastro do 190 Mulher, e também através do telefone 0800 281 8187, disponível para tirar dúvidas e orientar vítimas.

“Quando a mulher que está em risco faz o cadastro do 190 ela recebe um código, que é como se fosse uma senha. Quando ela liga para o 190, para a Polícia Militar, ela se identifica através desse código e ela vai ter uma prioridade no atendimento. Então isso é muito importante para garantir que ela seja socorrida com mais agilidade.”, concluiu Walkíria Alves.

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