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Universidade de Columbia cancela cerimônia de graduação devido a protestos contra guerra em Gaza

As manifestações em protesto à guerra de Israel contra o Hamas em Gaza abalaram os campi universitários nos Estados Unidos

Uma vista dentro do campus da Universidade Columbia na cidade de Nova York.Uma vista dentro do campus da Universidade Columbia na cidade de Nova York. - Foto: Charly Triballeau / AFP

A Universidade de Columbia, epicentro dos protestos contra a guerra em Gaza, anunciou, nesta segunda-feira (6), que cancelou a principal cerimônia de formatura, que aconteceria na próxima semana.

A instituição afirmou que "desistirá" da cerimônia universitária prevista para 15 de maio, na qual eram esperados cerca de 15 mil alunos e seus familiares. Em vez disso, organizará uma série de eventos com presença reduzida.

"Estamos decididos a oferecer a nossos alunos a celebração que eles merecem e desejam", anunciou a universidade americana, sustentando que "eventos escolares menores são melhores para eles e suas famílias".
 

"Vamos concentrar nossos recursos nessas cerimônias escolares e mantê-las seguras, respeitosas e em bom funcionamento", afirma o comunicado, acrescentando que a universidade já está "fazendo um grande esforço para alcançar este objetivo".

As manifestações em protesto à guerra de Israel contra o Hamas em Gaza abalaram os campi universitários nos Estados Unidos durante semanas, provocando medidas contundentes, prisões em massa e uma medida da Casa Branca para restabelecer a ordem.

Na semana passada, a polícia entrou no campus na Universidade de Columbia para expulsar um grupo de estudantes que tinha ocupado um edifício e desmantelar o acampamento montado nos jardins da unidade educacional.

As autoridades da universidade, que faz parte das oito melhores do país, a famosa Ivy League, organizarão cerimônias para cada uma de suas 19 faculdades, a maioria delas em um remoto complexo esportivo no extremo norte de Manhattan.

Embora muitos já esperassem essa decisão, as repercussões do cancelamento são "enormes", diz a estudante Nikolina Lee, que se forma no próximo semestre.

"Os pais já compraram as passagens de avião" para assistir a esta cerimônia normalmente pomposa, afirma. "É realmente muito triste", acrescentou.

 Geração covid

O cancelamento representa sobretudo um golpe para os alunos da chamada "geração covid', que começaram seus cursos de forma remota e que finalmente sentiam uma volta à normalidade com as aulas presenciais.

"Cada pessoa com quem falei esta incrivelmente irritada" com a decisão que transfere as cerimônias para um lugar de difícil acesso, disse à AFP Ally Woordad, estudante de 24 anos.

Na Universidade de Michigan, uma cerimônia de formatura foi interrompida brevemente no sábado por manifestantes pró-Palestina que usavam o lenço branco e preto, o kufiya, que se transformou no símbolo dos protestos.

Os manifestantes se dirigiram ao palco gritando: "Diretores, vocês não podem se esconder. Vocês estão financiando o genocídio", segundo o The New York Times.

No centro dos protestos está a exigência de que as universidades "desinvistam" em ativos relacionados a Israel e em empresas que se beneficiam da guerra.

A luz verde das autoridades universitárias para a entrada da polícia para expulsar os manifestantes, muitos dos quais foram presos e suspensos, suscitou duras críticas entre os professores.

Para a Associação Americana de Professores Universitários, a resposta a "manifestações pacíficas" nos campi tem sido "inaceitável".

"A livre manifestação e a liberdade de expressão são essenciais" para os objetivos das instituições acadêmicas como "o conhecimento, a conquista da verdade, o desenvolvimento dos estudantes e, em geral, o bem-estar da sociedade", afirmou a associação na rede social X.

A Associação Histórica Americana (AHA) instou "os administradores a reconhecerem o valor fundamental dos protestos pacíficos nos campi universitários", em uma declaração emitida nesta segunda e assinada por 17 organizações estudantis.

A guerra na Faixa de Gaza eclodiu em 7 de outubro, quando o movimento islamista palestino Hamas lançou um ataque sem precedentes em solo israelense, no qual morreram 1.170 pessoas, a maioria civis.

A ofensiva lançada por Israel em resposta ao ataque já deixou 34.735 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas.

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