Uso de crack a céu aberto dispara em áreas turísticas de Lisboa e preocupa moradores
População relata tráfico e consumo de drogas em ruas movimentadas, além do aumento da violência e a degradação da saúde pública
O aumento de uso de drogas - sobretudo crack - em áreas movimentadas da capital de Portugal tem sido alvo de preocupação para moradores, comerciantes e visitantes que frequentam Lisboa. Segundo a imprensa local, a situação aumenta a insegurança, a violência e a insalubridade da região.
O consumo e o tráfico é feito a céu aberto, em meio a ruas movimentadas e em frente a residências particulares.
Leia também
• Israel ainda não tomou decisão sobre ataque contra o Irã, afirma Biden
• Biden diz não saber se eleições americanas serão pacíficas
• Ministro libanês teme que seu país se torne "nova Faixa de Gaza"
No início deste ano, entidades comerciais, moradores e grupos civis assinaram uma carta aberta às autoridades portuguesas, em que denunciam a situação como um problema de polícia e de saúde pública.
"No espaço público acumulam-se seringas e outros materiais descartáveis associados ao consumo de substâncias psicoativas, colocando em risco a saúde pública, seja dos próprios consumidores, como de todas as pessoas que desenvolvem o seu quotidiano nestes espaço. Ao demais, assiste-se, sobretudo, ao aumento de pessoas em grande sofrimento humano e vulnerabilidade.”
Uma reportagem da CNN Portugal, em abril, mostrou o aumento de pessoas em situação de rua na região, que se abrigam em tendas e barracas. Muitos deles se encontram nesta realidade como consequência do vício.
Os moradores da região queixam-se de assaltos frequentes, tentativas de invasão e violência nas ruas. Também há relatos de usuários de drogas que ficam em portas de casas, atrapalhando a passagem de moradores.
A reportagem afirma que o consumo aumentou, principalmente, entre imigrantes. Expostos a situações degradantes e falta de trabalho, este grupo representa uma parcela significativa das pessoas em situação de rua em Lisboa.
Mesmo com denúncias públicas, o governo e outras entidades públicas são acusadas de descaso. Ao Diário de Notícias, o presidente do ICAD (Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências), João Goulão, afirmou que partilha das preocupações expressas na carta aberta.
Goulão destacou a situação do bairro Casal Ventoso, que, segundo ele, era "o maior supermercado de droga da Europa" nos anos 90, e que "movimentavam-se, por ali, cerca de cinco mil pessoas por dia".
"Há ali, novamente, uma concentração importante ao nível do tráfico de droga. Os consumidores estão a céu aberto. É preciso que voltemos a ter possibilidade de oferecer a todos aqueles que se querem tratar, a possibilidade de o fazerem", denunciou.
Desde 2001, Portugal é considerado uma referência no assunto, ao descriminalizar não apenas a maconha, como todas as drogas, incluindo cocaína e heroína, em meio a uma política de redução de danos que envolveu programas para o tratamento de dependentes químicos.