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Covid-19

Uso de dexametasona em caso leve de coronavírus é muito arriscado, diz OMS

Entre os efeitos colaterais estão o aumento da glicose e da fraqueza muscular

RemédioRemédio - Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

O medicamento dexametasona é uma opção apenas para pacientes com casos severos de Covid-19 internados em UTI, sob supervisão médica, e seu uso pode trazer risco a outros pacientes, afirmou nesta quarta (17) o diretor-executivo da OMS (Organização Mundial da Saúde), Michael Ryan.

Ele ressaltou que o corticosteroide não combate o vírus, mas reduz a inflamação provocada pela doença, o que deve estar permitindo que os pacientes continuem absorvendo o oxigênio na UTI. Cientistas da Universidade de Oxford anunciaram na terça (16) que o medicamento reduz a mortalidade nos casos mais graves de Covid-19, a partir de ensaio clínico com 6.000 pacientes ainda não publicado em revista científica.

"Isto não é para casos leves nem para prevenir a doença. Na verdade, esteroides, principalmente esteroides poderosos, podem estar associados com a replicação de vírus, ou seja, eles podem facilitar a divisão e a replicação dos vírus no corpo. Por isso é excepcionalmente importante que esse medicamento seja reservado para casos severos."

Entre os efeitos colaterais estão o aumento da glicose e da fraqueza muscular. Aumento na pressão arterial também pode ser observado, segundo especialistas. Ryan afirmou que os dados -ainda preliminares, segundo a OMS- serão analisados pela organização, com resultados de outros trabalhos semelhantes, para atualizar as recomendações de tratamento da doença. A OMS afirmou em comunicado que aguarda a divulgação das informações nos próximos dias.

"Este é um resultado muito bem-vindo, mas é uma de muitas descobertas que ainda serão necessárias até conseguirmos vencer o coronavírus", afirmou Ryan. "Esse é o primeiro tratamento que mostra reduzir mortalidade em pacientes com Covid-19 que precisam de oxigênio ou ventilação mecânica", disse o diretor-geral da organização, Tedros Adhanon Ghebreyesus, em um comunicado publicado na terça-feira (16).

Ghebreyesus disse também que os resultados são uma boa notícia e parabenizou o governo do Reino Unido e a Universidade de Oxford pela condução do estudo. Segundo o comunicado dos cientistas da Universidade de Oxford, o corticoide reduziu cerca de 35% das mortes em pacientes que estavam em ventilação mecânica. Para os infectados que dependiam de suporte de oxigênio suplementar, sem a intubação, a redução de mortes foi de aproximadamente 20%.

O estudo não encontrou benefícios do uso do medicamento em pacientes que tiveram a forma mais leve da doença. Os resultados completos da pesquisa ainda não foram publicados, e os coordenadores do estudo dizem que trabalham para que esses dados estejam disponíveis em breve.

No Brasil, um grupo de médicos de alguns dos principais hospitais do país, que participam da Coalizão Covid Brasil e testam potenciais terapias contra a Covid-19, conduz um teste sobre o uso do corticoide nesses pacientes. Os resultados preliminares da pesquisa devem estar disponíveis até o início de agosto.

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