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Saúde

Vacina contra a Covid-19: veja os mitos e verdades sobre o imunizante

Para derrotar a pandemia, é preciso que imunização atinja o maior número possível de pessoasPara derrotar a pandemia, é preciso que imunização atinja o maior número possível de pessoas - Foto: Chaideer Mahyuddin/AFP

Produzidas pela primeira vez na Inglaterra do século 18, as vacinas representam hoje a porta de saída da maior crise sanitária desde a Gripe Espanhola (1918-1920). Para derrotar a pandemia da Covid-19, responsável pela perda de mais de dois milhões de vidas humanas no mundo em pouco mais de um ano, é preciso que a vacinação contra a doença atinja o maior número possível de pessoas, o que vem sendo ameaçado pela desinformação.

Mais de cem anos depois da Revolta da Vacina, quando parte da população do Rio de Janeiro se rebelou para não se vacinar contra a varíola, o Brasil, que se tornou, nas últimas décadas, referência mundial em programas de imunização por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), volta a ver iniciativas que visam desacreditar os benefícios do produto. Fake news que contrariam as orientações científicas (veja infográfico) antes mesmo da pandemia agora retornam com força nas redes sociais, impulsionadas pela guerra de narrativas políticas.

Uma delas é a polêmica em torno da eficácia da CoronaVac, imunizante produzido pelo laboratório chinês Sinovac com o Instituto Butantan e que está no centro da atual quebra de braço entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Com uma taxa de eficácia de 50,38%, um pouco acima do percentual mínimo estipulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), circula a ideia de que a “vacina chinesa” não seria tão segura quanto as outras.



Pesquisadora do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE) e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE), a cientista Ana Brito explica que eficácia e segurança são dois conceitos distintos. “A segurança de uma vacina é medida pela capacidade que ela tem de não colocar em risco a saúde da população e é calibrada nos ensaios clínicos 1 e 2. Todas as vacinas em uso estão no ensaio clínico 3 ou já passaram [dessa fase]. A eficácia é a capacidade de induzir uma proteção”, diz. “A CoronaVac foi testada em um ensaio com mais de 13 mil pessoas. Uma taxa de 50% significa que ela é capaz de proteger 50% das pessoas que a tomaram para qualquer forma da doença, desde a assintomática até a grave. E 78% não desenvolveram nenhuma forma grave ou moderada. Nenhuma evoluiu para o óbito ou precisou do atendimento especializado”.

Outros mitos que circulam por grupos de aplicativos de mensagens dizem respeito aos efeitos adversos dos imunizantes. Entre eles, os de que a vacina vem com chips manipuladores e pode causar câncer e AIDS, além de alterar o DNA humano, afirmações sem qualquer fundamento científico. Também há alertas sobre consequências que até podem ocorrer, mas são raros e não deveriam ser citados como argumento para descredibilizar a imunização. “Qualquer produto farmacêutico ou alimentar pode gerar reações indesejáveis ao organismo. Para tudo isso, há protocolos para lidar com esses casos”, lembra a pesquisadora Ana Brito.

Se, por um lado, não há motivos para medo, por outro, não se deve esperar que a vacina traga de volta a vida normal de uma hora para outra. “A vacinação é uma medida de proteção coletiva. Então, nós precisamos ter o máximo de pessoas vacinadas para que o vírus não tenha mais ninguém para atingir. Pessoas que não tiverem condições de ser vacinadas, casos especiais como gestantes e alérgicos crônicos, serão protegidas porque o vírus não circulará entre os vacinados. E a vacina leva um tempo para fazer efeito”, reforça a especialista.

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