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SAÚDE

Vacina da dengue: Takeda faz parceria com empresa indiana para aumentar produção do imunizante; ente

Objetivo é atender programas nacionais de vacinação que adotem a proteção, como o brasileiro, e chegar à capacidade de 100 milhões de doses ao ano

Vacina contra DengueVacina contra Dengue - Foto: Takeda / Divulgação

A farmacêutica japonesa Takeda anunciou nesta semana que firmou uma parceria com a indiana Biological E. Limited (BE) para ampliar a produção da sua vacina contra a dengue, a Qdenga – aprovada no Brasil e utilizada no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

De acordo com o laboratório, as doses fabricadas na Índia serão focadas em atender os governos de países endêmicos para apoiar estratégias nacionais de vacinação. As vacinas serão produzidas em frascos multidoses o que, segundo a Takeda, oferece vantagens econômicas e logísticas para o uso em larga escala.

A BE Limited vai aumentar a capacidade de fabricação da Qdenga para até 50 milhões de doses por ano, parte de esforços lançados pelo laboratório japonês para alcançar a meta de produzir 100 milhões de imunizantes por ano até 2030.

"O objetivo de longo prazo da Takeda para o nosso programa de dengue tem sido tornar a Qdenga amplamente disponível para aqueles em risco que podem se beneficiar da imunização. No último ano, lançamos com sucesso (a vacina) em mercados privados, agora estamos lançando em alguns programas públicos e trabalhando com parceiros para apoiar um impacto mais amplo na saúde pública", diz Gary Dubin, presidente da Unidade Global de Negócios de Vacinas da Takeda, em comunicado.

A farmacêutica cita estudos publicados recentemente que mostraram que a incidência de dengue aumentou em 30 vezes nos últimos 50 anos no mundo, em parte devido a fatores como urbanização, maior deslocamento de pessoas e mudanças climáticas.

Segundo alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) no ano passado, o Brasil é o país que concentra o maior número de infecções e que, sozinho, responde por mais da metade de todos os diagnósticos globais.

O crescimento é especialmente importante neste ano, em que o Brasil vive uma alta histórica da arbovirose. Segundo o último informe semanal do Ministério da Saúde, que contabiliza dados de até 24 de fevereiro, o Brasil já registrou 973.347 de casos em 2024.

O número representa uma alta de 369% em relação aos 207.475 identificados no mesmo período de 2023. Além disso, já é mais da metade do registrado durante todo o ano passado, quando o país alcançou 1.658.816 diagnósticos e teve o segundo pior ano da série histórica de dengue.

Ainda de acordo com o informe, 7 unidades federativas (AC, DF, GO, MG, ES, RJ e SC) e 154 municípios decretaram estado de emergência em saúde pelo avanço da infecção. Em alguns locais, o total de casos neste ano já é superior até mesmo do registrado em todo o ano de 2023.

 

No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, foram 79.525 diagnósticos até a última terça-feira, de acordo com o sistema Monitora RJ, do governo estadual, o que representa um aumento de 54,6% em relação aos 51.438 contabilizados ao longo de todo o ano passado.

Em meio ao avanço da doença pelo país, a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, disse, no início do mês, que a estimativa da pasta é que o Brasil chegue a inéditas 4,2 milhões de infecções até o fim do ano.

O total representará uma alta de 149% em comparação com o atual pior ano da série histórica, 2015, quando foram 1.688.688 de casos.

Vacinação no Brasil
Segundo a Takeda, a Qdenga está disponível para crianças e adultos no mercado privado em países da Europa, Indonésia e Tailândia, e em programas públicos de vacinação na Argentina e no Brasil.

A ampliação da capacidade produtiva é especialmente importante para o Brasil, que incorporou a Qdenga no PNI e começou a primeira grande campanha de proteção contra a dengue do mundo com o imunizante neste mês.

Ao longo de 2024, o Ministério tem acordado a entrega de 6,5 milhões de doses, quantidade suficiente para proteger 3,2 milhões de brasileiros.

O limite de doses que a farmacêutica consegue fornecer ao país levou o público-alvo da vacinação a ser restrito neste primeiro ano: apenas jovens de 10 a 14 anos de 521 municípios selecionados pelo Ministério da Saúde.

A faixa etária foi escolhida por ser a que concentra o maior número de hospitalizações por dengue depois dos idosos, que não podem ser incluídos pelo imunizante ter recebido o aval da Anvisa apenas até 60 anos.

Já a delimitação dos municípios foi baseada em três critérios: ter população superior a 100 mil habitantes; ter uma alta transmissão de dengue neste ano e em 2023 e ter maior predominância do sorotipo 2 do vírus, responsável pela maior parte dos casos hoje no Brasil.

Para o ano que vem, está acordado com a farmacêutica o envio de mais 9 milhões de unidades, suficientes para proteger outras 4,5 milhões de pessoas. Além disso, o Ministério já disse que "coordena um esforço nacional para ampliar o acesso a vacinas para dengue", atuando com Fiocruz e Butantan para viabilizar a produção de imunizantes no país.

No instituto paulista, por exemplo, já há uma vacina, em dose única, na fase final dos testes clínicos e que poderá ser produzida nacionalmente. Segundo dados publicados recentemente, a eficácia da aplicação foi de 79,6% para proteger contra a infecção ao longo de um período de dois anos, semelhante à da Qdenga.

A Qdenga foi aprovada pela Anvisa em março de 2023 para pessoas entre 4 e 60 anos. Nos estudos clínicos, o esquema de duas doses, aplicadas num intervalo de três meses entre elas, demonstrou uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações, e de 90,4% para prevenir casos graves.

A expectativa do Butantan é submeter o pedido de aprovação para uso à Anvisa no segundo semestre para, se receber o sinal verde, a dose ser disponibilizada a partir de 2025.

Vacina na rede privada
Enquanto a vacinação caminha devagar na rede pública, a Qdenga também pode ser encontrada na rede privada, em laboratórios, clínicas e farmácias, por valores que vão de R$ 350 a R$ 490 a dose, segundo levantamento do GLOBO. Como o esquema envolve duas aplicações, com um intervalo de três meses entre elas, o preço final fica de R$ 700 a R$ 980.

No entanto, a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVA) destaca que algumas unidades já relatam não ter mais a vacina em estoque. “Algumas clínicas privadas já relataram a falta do imunizante em algumas regiões devido à alta procura”, afirma a entidade em comunicado.

O motivo é a prioorização por parte da farmacêutica da campanha no Sistema Único de Saúde (SUS), já que há uma limitação produtiva. O laboratório emitiu um comunicado em que afirma que o fornecimento na rede privada será restringido a apenas o necessário para completar o esquema vacinal daqueles que já receberam a primeira dose.

 

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