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Coronavírus

Vacina de estatal chinesa contra Covid-19 tem bons resultados iniciais em humanos, diz estudo

Imunizante induziu anticorpos neutralizantes do Sars-Cov-2 mesmo em pessoas com mais de 60 anos

Vacinas contra a Covid-19 do laboratório NovavaxVacinas contra a Covid-19 do laboratório Novavax - Foto: Andrew Caballero-Reynolds / AFP

Uma vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto de Produtos Biológicos de Pequim, ligado à farmacêutica estatal chinesa Sinopharm, teve resultados promissores de testes clínicos iniciais (fase 1 e 2) divulgados nesta quinta-feira (15) na revista científica The Lancet Infectious Diseases.

De acordo com o estudo, assinado por pesquisadores chineses de diversas instituições de pesquisa daquele país, a vacina chamada BBIBP-CorV, ainda em desenvolvimento, foi capaz de gerar anticorpos neutralizantes do coronavírus Sars-CoV-2 mesmo em pessoas com mais de 60 anos, as que têm maior risco de morte causada pela Covid-19.

Nos participantes mais velhos, porém, a resposta imunológica levou mais tempo para ser detectada do que naqueles de idades entre 18 e 59 anos –segundo os resultados, houve um atraso médio de cerca de 14 dias até que a reação fosse registrada. Os níveis de anticorpos encontrados nessas pessoas também foi mais baixo do que nos mais jovens.


Ainda não é possível dizer se a vacina protege contra a infecção pelo novo coronavírus - somente um teste clínico de fase 3, realizado com milhares de participantes acompanhados por vários meses, pode atestar a eficácia da substância e demonstrar o nível de proteção que ela concede.

Um estudo clínico de fase 3 (a última fase de testes antes da liberação de um medicamento ou vacina) deve ser feito na Argentina com cerca de 3.000 participantes saudáveis com idades entre 18 e 85 anos. Um registro do teste foi depositado no fim de setembro na página ClinicalTrials.gov, mantida pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH). Pesquisa semelhante, com cerca de 15 mil pessoas, está em andamento nos Emirados Árabes Unidos.

De acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), não há pedido de registro ou de pesquisa com a vacina da Sinopharm no Brasil até o momento.

Mais de 600 pessoas saudáveis com idades acima de 18 anos participaram das duas fases iniciais, projetadas para verificar a segurança da vacina e as doses necessárias para gerar resposta imunológica. O estudo foi randomizado e contou com um grupo de controle, que recebeu uma dose de placebo (substância sem efeito) no lugar da vacina.

Os pesquisadores concluíram que o melhor resultado foi alcançado com a aplicação de duas doses com um intervalo de 21 ou 28 dias entre elas. Após 42 dias da primeira vacinação, todos os participantes tiveram resposta imunológica contra o vírus detectada. Em média, os participantes levaram 28 dias para desenvolver anticorpos neutralizantes do novo coronavírus.

A vacina também se mostrou segura, afirmam os cientistas. As reações mais comuns foram dor no local da aplicação e febre. Todos os efeitos tiveram intensidade leve ou moderada.

A vacina da Sinopharm é baseada no vírus inativado, incapaz de iniciar a infecção, mas suficiente para gerar resposta imunológica. Outra vacina chinesa, a CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac e testada no estado de São Paulo pelo Instituto Butantan, usa o mesmo método para gerar reação imune no corpo humano.

Vacinas de vírus inativados estão entre as mais fáceis de manusear e transportar por terem temperaturas de conservação mais próximas da temperatura ambiente. A CoronaVac, por exemplo, pode ser guardada em geladeira (2ºC a 8ºC) e suporta até 27 dias a 37ºC, de acordo com o Instituto Butantan. Essa característica as torna as mais adequadas para um país como o Brasil, de clima mais quente e distâncias longas.

O desenvolvimento do imunizante da Sinopharm e os primeiros testes em macacos foram descritos em um artigo publicado em agosto no periódico científico Cell. Os resultados mostram que o imunizante foi seguro e eficiente para evitar a infecção pelo Sars-Cov-2 em macacos.

Até está quinta (15), mais de 40 das vacinas em desenvolvimento passam por uma das fases de testes clínicos, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Outras 156 substâncias estão nas fases pré-clínicas. Segundo especialistas, serão necessários vários tipos de imunizantes diferentes para conter a atual pandemia. As vacinas usam métodos diversos para gerar proteção e devem ter eficácia variada quando usadas em grupos de pessoas diferentes.

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